Javier Di Maio e a Saveiro da Equipe Viturro no Velopark: "Somos aficionados (amadores). Aquí en Brasil ustédes son profesionales!"
As primeiras normas sobre vicios ocultos ou vicios redibitórios estão ligadas às atividades nos mercados romanos. Quando um mercador comercializava um escravo ou uma cabeça de gado com algum problema que não era aparente, como por exemplo uma doença - o chamado vicio oculto, ele deveria comunicar ao comprador sobre esse problema, sob pena de ter o negócio desfeito pelo comprador, que agiria então amparado na lei. Posteriormente esse conceito foi estendido a todos os tipos de negociações. Apesar de não negociarmos mais escravos, essa norma ainda é aplicada hoje em dia em casos como a venda de carros usados, por exemplo.
As pessoas tem me perguntado sobre o motivo de eu "falar mal" da arrancada aqui no 1320. Me questionam sobre as minhas razões para não deixar nunca de lembrar que temos falta de público, que nossa arrancada não atinge o nível profissional e assim por diante.
Bem, existe uma grande diferença entre falar mal e falar a verdade. Qualquer tipo de declaração dada por alguém do meio da arrancada é invariavelmente positiva, mesmo nas vezes em que conheço as histórias e sei que aquela declaração é grosseiramente incongruente com a verdadeira opinião do cara, o papo é sempre em um tom artificial de respeito.
Se um piloto leva para a pista um carro que não faz nada além de papelão, passa o dia falhando na reta e passando vergonha, o que se diz publicamente do coitado, é que "o carro está em acertos". Outro caso comum são aqueles carros com "900 cv comprovados em dinamômetro" mas que chegam na pista e marcam tempo condizente com 350 cv. Desses, costuma-se dizer que "falta chão". Se é citado o nome de um piloto ou preparador em público, os substantivos vem sempre acompanhados de adjetivos superlativos: "Fulano-de-tal, é um excelente preparador".
E a mídia especializada segue a mesma cartilha. Jamais apontam os defeitos de nada. Certa vez o Evandro Lima, antigo editor da Auto Power colocou na capa de sua revista um piloto de capacete e nariz de palhaço, num protesto contra a CBA. Aquilo foi uma rara demonstração de espinha dorsal nesse meio (ainda que o Evandro não tivesse grandes coisas a perder ao fazer a crítica). Mas essas iniciativas não vingam, pois não há suporte dos próprios prejudicados. Na edição posterior da Auto Power muitas dessas conhecidas "figurinhas carimbadas" estavam lá fazendo sua publicidade populista e dando os parabéns ao Evandro pela coragem, mas quando chegou o momento de agirem de acordo com o discurso, aqueles fervorosos idealistas se transformaram em pelegos da pior espécie, sendo capazes de tirar o casaco e jogar na lama para que os cartolas não sujassem os pés ao passar.
Mas fora esse rompante de ódio do Evandro contra a CBA, as revistas e sites jamais publicam qualquer verdade que possa "ofender" algum piloto, preparador ou organizador. Aliás, ainda está em moda aquele sistema onde aparecem dezenas de fotos em tamanho minúsculo do maior número possível de carros que participaram na prova, ao invés de darem o verdadeiro destaque à quem merece: Os vencedores!
Essa total falta de atenção à realidade me deixou particularmente perplexo no dia em que os argentinos da equipe Viturro vieram ao Velopark com sua Saveiro FLTD e em sua segunda participação com o carro bateram o recorde e ganharam a prova, vencendo todos os outros brasileiros em uma categoria brasileira, em solo brasileiro.
Não pode haver um erro maior do que achar que se pode esconder do mundo as fraquezas de um esporte como a arrancada. Do que dizer que todo mundo é bom, que ninguém erra e que os eventos são sempre perfeitos. A dissimulação e a adulação são as sementes do fracasso.
Mais uma vez repito: Um esporte se torna profissional não com o dinheiro saindo do bolso do piloto, mas exatamente o oposto. E não é fazendo vistas grossas para as deficiências que vamos iludir os possíveis patrocinadores! A nossa arrancada tem vícios, que devem ser consertados e não ocultados.
As primeiras normas sobre vicios ocultos ou vicios redibitórios estão ligadas às atividades nos mercados romanos. Quando um mercador comercializava um escravo ou uma cabeça de gado com algum problema que não era aparente, como por exemplo uma doença - o chamado vicio oculto, ele deveria comunicar ao comprador sobre esse problema, sob pena de ter o negócio desfeito pelo comprador, que agiria então amparado na lei. Posteriormente esse conceito foi estendido a todos os tipos de negociações. Apesar de não negociarmos mais escravos, essa norma ainda é aplicada hoje em dia em casos como a venda de carros usados, por exemplo.
As pessoas tem me perguntado sobre o motivo de eu "falar mal" da arrancada aqui no 1320. Me questionam sobre as minhas razões para não deixar nunca de lembrar que temos falta de público, que nossa arrancada não atinge o nível profissional e assim por diante.
Bem, existe uma grande diferença entre falar mal e falar a verdade. Qualquer tipo de declaração dada por alguém do meio da arrancada é invariavelmente positiva, mesmo nas vezes em que conheço as histórias e sei que aquela declaração é grosseiramente incongruente com a verdadeira opinião do cara, o papo é sempre em um tom artificial de respeito.
Se um piloto leva para a pista um carro que não faz nada além de papelão, passa o dia falhando na reta e passando vergonha, o que se diz publicamente do coitado, é que "o carro está em acertos". Outro caso comum são aqueles carros com "900 cv comprovados em dinamômetro" mas que chegam na pista e marcam tempo condizente com 350 cv. Desses, costuma-se dizer que "falta chão". Se é citado o nome de um piloto ou preparador em público, os substantivos vem sempre acompanhados de adjetivos superlativos: "Fulano-de-tal, é um excelente preparador".
E a mídia especializada segue a mesma cartilha. Jamais apontam os defeitos de nada. Certa vez o Evandro Lima, antigo editor da Auto Power colocou na capa de sua revista um piloto de capacete e nariz de palhaço, num protesto contra a CBA. Aquilo foi uma rara demonstração de espinha dorsal nesse meio (ainda que o Evandro não tivesse grandes coisas a perder ao fazer a crítica). Mas essas iniciativas não vingam, pois não há suporte dos próprios prejudicados. Na edição posterior da Auto Power muitas dessas conhecidas "figurinhas carimbadas" estavam lá fazendo sua publicidade populista e dando os parabéns ao Evandro pela coragem, mas quando chegou o momento de agirem de acordo com o discurso, aqueles fervorosos idealistas se transformaram em pelegos da pior espécie, sendo capazes de tirar o casaco e jogar na lama para que os cartolas não sujassem os pés ao passar.
Mas fora esse rompante de ódio do Evandro contra a CBA, as revistas e sites jamais publicam qualquer verdade que possa "ofender" algum piloto, preparador ou organizador. Aliás, ainda está em moda aquele sistema onde aparecem dezenas de fotos em tamanho minúsculo do maior número possível de carros que participaram na prova, ao invés de darem o verdadeiro destaque à quem merece: Os vencedores!
Essa total falta de atenção à realidade me deixou particularmente perplexo no dia em que os argentinos da equipe Viturro vieram ao Velopark com sua Saveiro FLTD e em sua segunda participação com o carro bateram o recorde e ganharam a prova, vencendo todos os outros brasileiros em uma categoria brasileira, em solo brasileiro.
No momento da largada da final da FLTD, onde competiam João Roberto Tasso, com o Gol amarelo e a Saveiro dos hermanos, o locutor Pepe estava mais ocupado socializando e "mandando um alô" para Fulana de Tal, esposa de Não-Sei-Quem, ao invés de anunciar o pega mais eletrizante e mais importante do dia, na categoria que muitos consideram a "fórmula 1" da arrancada brasileira.
Na cobertura da Super Speed, a revista número 1 do meio no momento, a cobertura sobre esse dia trazia em destaque (mais uma vez) a foto do dragster do Alejandro Sanches, ao invés de fazer menção ao incrível duelo que... Teria (!!!) acontecido se o carro do Sapinho não tivesse ficado no pinheirinho enquanto Javier Di Maio sentava a bota e dava mais uma passada de 9 segundos baixos, levando a vitória daqui para sua terra. Mas isso não tem a menor relevância, afinal Brasil e Argentina nem são países de forte rivalidade no esporte...
Na cobertura da Super Speed, a revista número 1 do meio no momento, a cobertura sobre esse dia trazia em destaque (mais uma vez) a foto do dragster do Alejandro Sanches, ao invés de fazer menção ao incrível duelo que... Teria (!!!) acontecido se o carro do Sapinho não tivesse ficado no pinheirinho enquanto Javier Di Maio sentava a bota e dava mais uma passada de 9 segundos baixos, levando a vitória daqui para sua terra. Mas isso não tem a menor relevância, afinal Brasil e Argentina nem são países de forte rivalidade no esporte...
Não pode haver um erro maior do que achar que se pode esconder do mundo as fraquezas de um esporte como a arrancada. Do que dizer que todo mundo é bom, que ninguém erra e que os eventos são sempre perfeitos. A dissimulação e a adulação são as sementes do fracasso.
Mais uma vez repito: Um esporte se torna profissional não com o dinheiro saindo do bolso do piloto, mas exatamente o oposto. E não é fazendo vistas grossas para as deficiências que vamos iludir os possíveis patrocinadores! A nossa arrancada tem vícios, que devem ser consertados e não ocultados.
Quando conseguimos um patrocinador para nossa equipe, o pior que podemos fazer pelo esporte é justamente ocultar esses vícios, pois mentira tem perna curta. Uma vez que o patrocinador perceber que o retorno não é o que ele imaginava, ele pode até não pegar o dinheiro de volta, mas com certeza abandonará o esporte para sempre, fechando atrás de si uma porta para muitos outros pilotos e equipes.
Se para falarmos a verdade tivermos que sair de cima do muro, então, para o bem do esporte é isso mesmo que temos de fazer! Ter a coragem de apontar os problemas através de uma crítica construtiva. Reconhecer fracassos assim como reconhecemos os sucessos. Aprender com eles ao invés de negá-los...
Esse é o verdadeiro caminho para a evolução.
Se para falarmos a verdade tivermos que sair de cima do muro, então, para o bem do esporte é isso mesmo que temos de fazer! Ter a coragem de apontar os problemas através de uma crítica construtiva. Reconhecer fracassos assim como reconhecemos os sucessos. Aprender com eles ao invés de negá-los...
Esse é o verdadeiro caminho para a evolução.
pocha..... fazem muitos dias que não tem materia nova.
ResponderExcluirabçs.
show de bola seu comentario. Assino embaixo. conhecí seu blog agora qdo fiz uma busca no google pelo novo vectra do cacá. já está nos meu favoritos. mto bom..vlw marcelo pacheco/floripa-sc
ResponderExcluirComo eu disse no outro post, Vc é sempre bem vindo por aqui!
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