sábado, 8 de novembro de 2008

From street to strip.


Carta Aberta

Esta é uma carta aberta ao Paulo Machado da EPTC e à Marcela Donini da Zero Hora, bem como à todos aqueles da nossa comunidade que tem interesse nesse assunto tão polêmico.

O motivo é a reportagem de hoje em Zero Hora, escrita pela Marcela e com comentários do Paulo, na qualidade de responsável pela coordenação de operações especiais da EPTC, no seguinte link:

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2286534.xml&template=3898.dwt&edition=11053&section=1042

Bem, em primeiro lugar, gostaria de deixar muito claro que sou totalmente contra rachas de rua e aglomerações em lojas de conveniência. E faço parte de um grupo cuja base é exatamente esse pensamento em comum. Esse grupo foi criado em 2006 e teve por objetivo convencer os motoristas que aceleravam seus carros nas ruas da cidade a pararem com isso e participarem de competições de verdade, em locais adequados e que não pusessem a segurança dos outros em risco.

Na época, enfrentamos muita resistência desse pessoal, mas acabamos conseguindo que muitos dos que hoje estão perturbando na Nilo Peçanha e adjacências, se engajassem nas competições fora das ruas, o que reduziu drasticamente os rachas em Porto Alegre. Infelizmente esses jovens nunca abandonaram a idéia de fazer baderna nas ruas, um comportamento que naturalmente não foi aceito pelos outros membros. Por esse motivo, em julho desse ano os baderneiros acabaram saindo do grupo e imediatamente começaram a se organizar mais uma vez para fazer as arruaças que hoje atormentam os moradores daquela região.

Somos muito cientes da influência positiva que nosso grupo é capaz de exercer no trânsito de Porto Alegre, mas essas pessoas que possuem a disposição para afrontar a polícia e a EPTC e continuar cometendo crimes de trânsito, não nos interessam. O que nos interessa é oferecer a chance aos outros jovens que tem paixão por carros e por corridas a não cairem nesse submundo que é prejudicial a todos que dele participam, mesmo que involuntariamente como os vizinhos desses locais, por exemplo.

Nosso grupo incentiva a canalização dessa paixão através dos meios corretos e legais, ou seja: Dentro de uma pista de corridas. Para isso, contamos com o apoio de empresas que patrocinam nossas iniciativas através prêmios entregues aos vitoriosos em nossas competições e uma rede de descontos para os associados, com o trabalho voluntário dos participantes do grupo e também com o apoio dos pais dos jovens, que vêem nessa iniciativa uma solução para tirarem os filhos dos rachas, pois as corridas na pista oferecem as mesmas emoções sem infringir a lei e com a segurança de um local adequado para as provas, com equipe de resgate, paramédicos, bombeiros, ambulância , enfim: Toda uma infra-estrutura voltada ao piloto. E mesmo aqueles pais que não simpatizam com a velocidade das corridas, aderem ao sistema quando percebem que seus filhos ao invés de andarem sem paradeiro pelas madrugadas da cidade, passam a se reunir em casa com os amigos, para trabalharem no carro para a próxima corrida.

Então vem o motivo da minha preocupação: Há que se saber separar o joio do trigo e nesses momentos a generalização certamente não será a melhor resposta.

Foi com apreensão que li quando o Paulo falou à Marcela que os jovens se organizam para cometer crimes pela internet e também que alguns desses jovens podem ser encontrados em pistas de corridas. O grupo de que faço parte, a Associação Desafio faz exatamente isso: Organiza-se pela internet para participar de corridas, porém somente em pistas próprias para esse fim. E também repudiamos toda e qualquer manifestação de apologia aos rachas em nosso fórum, cujo acesso é totalmente liberado para qualquer pessoa, bastando entrar no seguinte endereço: www.categoriadesafio.com.br/forum. Contudo, para poder postar, ou seja, escrever suas idéias para que os outros membros leiam, é preciso estar não só cadastrado, mas também apresentar-se publicamente para os outros membros do fórum. E se a pessoa for considerada um "fake", ou seja: Um perfil fictício, uma pessoa que não existe, alguém que fornece dados falsos para não ser identificado, ela não é liberada para postagem. Tudo isso para garantir que não exista nenhum tipo de incentivo à praticas ilegais por parte de usuários que escondem sua identidade verdadeira.

A arrancada é um esporte e o racha é um crime. Na cidade de Nova Santa Rita, existe um complexo de R$ 20 milhões chamado Velopark. Esse empreendimento reúne as melhores pistas de Kart da américa latina, o projeto em execução para um autódromo internacional de alto nível e também a melhor pista de arrancada do continente, tudo isso dentro de um belo parque com churrasqueiras e muita área verde. Após seis visitas ao empreendimento, ainda em fase de construção, nosso grupo conseguiu no final do ano passado que o Velopark criasse um evento especialmente para que os carros de passeio pudessem participar de uma prova de arrancada. Lutamos muito para conseguir que não fosse necessário aos pilotos de final de semana que adquirissem uma carteira de piloto profissional, cujo custo faria com que a maioria deles seguissem acelerando somente na rua, inviabilizando o próprio evento. Foi difícil e as negociações foram muito desgastantes, mas no final das contas após muito nos negar esse direito no ano de 2007, através do Velopark a FGA (Federação Gaúcha de Automobilismo) cedeu e permitiu as provas. O interesse dos pilotos amadores foi tanto que superou em relação de três para um o número de pilotos profissionais nas provas.

Além do fim social de tirar os rachas da rua, de oferecer um ambiente saudável para que os participantes das arrancadas amadoras respeitem sempre a lei quando estão fora das pistas, além do trabalho que fazemos para fortalecer um esporte amador que sofre tanto preconceito por parte da opinião pública que frequentemente (com auxílio da mídia) o confunde com racha, nosso grupo também aproveita a força de sua união para organizar campanhas de doações de alimentos para asilos, creches e outras instituições carentes, que estão documentadas em nosso site no seguinte link:

http://www.categoriadesafio.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49:projeto-participacao-solidaria-ad

Tivemos uma longa estrada desde 2006 até aqui e não gostaríamos que nossa imagem acabasse manchada por pessoas cujas atitudes somos os primeiros a combater. Para isso, contamos com a compreensão e colaboração do poder público e também da imprensa. E do mesmo modo, nos oferecemos para ajudar em qualquer campanha de educação para o trânsito que vise a canalização da energia dos jovens dispostos a correrem, para que o façam da forma adequada: Como esportistas amadores dentro de uma pista e não como criminosos acelerando nas ruas.

6 comentários:

  1. As ruas são um instrumento de vida,comunicação e trabalho para as pessoas, não pistas de corrida.

    E estamos ai para provar que é sim possivel buscar uma nova maneira de fazer as coisas.

    Vamos continuar trabalhando em busca dos nossos objetivos e seria muito bom se o poder publico pudesse conhecer mais o que já fizemos até aqui.

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  2. texto muito bom, nunca se deve generalizar a coisa, para não acabar falando besteira em publico.
    abraço vicente

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  3. Excelente texto.. e é a mais pura realidade... acho que tudo tem q evoluir.... parabens

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  4. Ótimo texto! Temos que esperar que a Zero Hora, RBS, Globo, quem quer que seja, tomem esses depoimentos e façam algo positivo, não recortando e utilizando no outro sentido, como se fossem apologia aos rachas de rua.

    Lembro que isso já foi feito uma vez e tenho muito receio que utilizem nossas palavras com o sentido totalmente invertido, de forma que nossa imagem vá pelo mesmo caminho das pessoas que nós queremos distância.

    Abraços!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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