sábado, 31 de janeiro de 2009

Animais em extinção!


Há tempos eu venho escrevendo que a AD é a representante legítima de uma cultura inovadora nas arrancadas do RS. Mas como é possível ser tão diferente, fazendo simplesmente a mesma coisa, praticando o mesmo esporte? Bem, nossos carros de arrancada tem 4 rodas, nossa pista também tem 402 metros e... E basicamente é só, as semelhanças acabam por aí.

Além do formato diferente de competição, nossas metas são diferentes, nossos carros são diferentes e nossa forma de ver a arrancada é diferente. Tudo isso faz com que tenhamos uma cultura própria que caracteriza mais que um simples grupo, chegando ao ponto de poder ser considerado um movimento. E isso fica claro quando alguém vai assistir um prova e vê todos aqueles carros adesivados, como disse um colega ao apresentar-se no fórum AD recentemente: "...tenho o carro e velocidade como hobby e por isso estou aqui disposto a fazer parte desta turma para quem sabe um dia sustentar o peso do adesivo "EU SOU DESAFIO" no para-brisa do meu carro!"

Outra característica marcante de muitos daqueles que participam da AD é a forma e importância que atribuem à comunicação. Começando pelo fórum AD, que é o ponto de encontro dos membros e aberto a qualquer pessoa que queira saber mais sobre os carros, pessoas e eventos da AD, com leitura livre e postagem liberada mediante a apresentação do usuário.


Outro veículo muito utilizado pelos pilotos é o video. Através do youtube, do streetfire ou outros sites especializados, eles divulgam pequenas produções que contam um pouco da história de seus carros e de suas aventuras e desventuras na busca de conquistar vitórias nas provas e no campeonato, ou simplesmente fazer seus carros funcionarem!









Além desses dois veículos, formou-se também uma interessantíssima rede de blogs dos membros da AD. Eles utilizam o recurso do blog como um espaço privado através do qual podem divulgar tudo aquilo que pensam sobre as coisas que acontecem nesse mundo.

fiat147turbo.blogspot.com, é o blog do Custódio e do Gustavo, a dupla de advogados que prepara um 147 em casa com a ajuda dos amigos.

402m.blogspot.com é o blog do Marco, que está sempre trazendo matérias e pontos de vista sobre a AD.

rafastra888.blogspot.com é o blog no qual o RaFASTra mostra todas as modificações que ele fez em seu astra ano 1995 e também suas alegrias e frustrações com seu projeto.

rosaporquinhonaarrancada.blogspot.com é o blog da Rita, que está sempre trazendo as novidades sobre o que acontece com cada piloto, em um nível mais pessoal.

Esses são alguns dos mais atualizados, mas existem vários outros que podem ser encontrados na barra lateral direita aqui do 1320ft.
E o mais novo exemplo disso é o recém criado "corujadobox.blogspot.com", que é um blog dedicado a fazer algumas crônicas sobre todos os acontecimentos cômicos (ou tragicômicos) que ocorrem nos bastidores das corridas. Em sua postagem intitulada "Seleção Natural" , o autor fala um pouco dos "animais em extinção" que fazem das arrancadas seu habitat natural.


Aproveitem!

sábado, 24 de janeiro de 2009

I Open Night no Velopark


Quinta feira, 22 de janeiro de 2009 foi a data do primeiro Open Night no Velopark. O evento contou com a participação da AD e também com o encontro mensal Krazy Kranz de carros antigos, que aconteceu dentro da pista, na área da arquibancada dos boxes.

Como tratava-se de um evento experimental de pré-temporada, não valeu pontuação para o campeonato da AD e nem houve a realização do TOP16. No entanto, o pessoal da AD aproveitou a oportunidade para treinar e fazer os ajustes em seus carros, já com o campeonato de 2009 em vista. Os antigos compareceram em peso, em sua grande maioria com motores V8 e para combinar havia uma banda tocando um repertório dedicado à essa turma, de Elvis Presley a Johnny Cash. Mas o grande destaque foi o público, que atendeu aos chamados do Velopark na mídia e compareceu para curtir o clima mais ameno da noite. Muitas caras novas juntaram-se aos frequentadores habituais do Open Day, para criar uma atmosfera muito agradável de carros, corridas e rock'n roll.


Na pista, aconteceram puxadas livres e também o bracket racing, modalidade de regularidade, na qual o piloto busca atingir sempre o mesmo tempo predeterminado por ele próprio. Destaque para o Maverick de Alexandre Kroeff da Associação Desafio, que venceu a competição. Kroeff já havia se destacado na primeira edição do TOP16AD ficando em segundo lugar, com o tempo de 12,5. No bracket, ele determinou para si mesmo o tempo de 13 segundos e rodou a prova toda nessa casa. Nesse tipo de competição não se pode baixar o tempo estipulado e por isso o carro acabou decepcionando alguns presentes por estar andando aquém de sua capacidade. Mas ainda assim o Maverick aspirado fazia belos burnouts e assustava os competidores com o forte ruído de seu escapamento completamente liberado. Alexandre venceu com 13,257.




Tiago Dias com sua Marea Weekend Turbo 248 também se destacou na competição, chegando às quartas de final. Tiago determinou para si o tempo de 15,300 e vinha rodando bem nessa faixa.





Outros destaques da AD

Carlo Isaia Neto emprestou seu Brava nitro para que seu pai pudesse tomar o gosto das arrancadas. O carro corria com o escape livre, mas sem nitro. A diversão durou a noite toda e o Brava foi um dos carros que mais cruzou a pista. Carlo disse que ficou contente com o resultado do pai, pois segundo ele, o pai ficou apenas 3 décimos de segundo atrás de seu melhor tempo sem nitro.




Rafael Grillo, o Rafastra, do Astra 888 levou também seu carro para treinar a saída e experimentar alguns novos ajustes. O Astra se comportou bem na pista, mostrando muita disposição nas parciais finais, cruzando os 402 sempre acima dos 200 km/h. Ainda há o que melhorar nas parciais mais baixas e os tempos ficaram constantes na casa dos 12,7.



Leandro Fraga, o "Toco", também aproveitou o evento de pré temporada e levou o Gol 212 para pista, em busca de um melhor acerto. Toco montou um carro muito bom em 2008, mas ainda não conseguiu o acerto ideal.



Os irmãos Andreis também estiveram presentes com um de seus Eclipses. O carro de Rafael andou na casa dos 12 altos, conseguindo melhor tempo de 12,7, mas apesar dos "gringos" terem trabalhado bastante no carro durante a semana, ele sofreu novamente com problemas mecânicos.



Tiago "Tatin" e Otavio Bresolin vieram de Caxias do Sul, especialmente para trazer o Vectra GSI de Otávio para tomar o primeiro contato com as arrancadas pela AD. O Vectra andou na casa dos 16 baixos e chegou a conseguir uma puxada na casa dos 15 altos.


A boa iniciativa do Velopark de realizar uma prova noturna foi notada e esperamos que sejam realizadas mais dessas no decorrer do ano, o que à exemplo dessa primeira edição, deve trazer uma crescente participação do público.


Fotos: Igor Terres - Associação Desafio

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Com a palavra, o campeão.


Felipe Hil possui e mantém em condições de corrida, a bela Puma GTB S2 turbo, com a qual correu os campeonatos de 2007 e 2008 da AD, conseguindo esse ano sagrar-se campeão.

Esse texto, Felipe escreveu antes do final da temporada de 2008, em um momento que o campeonato estava ainda em aberto e seu principal concorrente ao título era Sérgio Henrique Lucas Fontes, o então campeão, o que demonstra o respeito e a amizade entre os dois competidores.

"Os sonhos que não viram realidade

Desde que eu comecei a freqüentar o mundo dos carros preparados (deve fazer mais de 15 anos) eu sempre escutei sobre projetos de amigos de um amigo, que iriam usar um catálogo de peças importadas, renderiam mais cavalos que um haras de xeque saudita e iriam “cagar todo mundo a pau“. Esses projetos se tornavam tão populares que era impossível contar a quantidade de amigos que esse cara fazia do dia para a noite e também o fascínio que as peças multimilionárias criavam nas pessoas.

Infelizmente a maioria desses projetos eu nunca vi sair das rodas de amigos. Alguns eu tive a oportunidade de conhecer a execução, porém antes de concluir o dono abandonou o projeto vendendo as peças para pagar as contas em casa. Outros sonharam tão alto que quando saíram para a rua ficaram decepcionados ao ponto de que a única alternativa foi vender o carro para não passar vergonha depois de tanta história criada em cima do projeto.

Ainda bem que isso não se tornou uma sina para todos aqueles que sonhavam um dia ter um carro de passeio com desempenho de superesportivo. E um desses belos exemplos é o meu amigo Sergio Henrique que desde que eu o conheci dizia que faria um motor aspiradão para dar pau em todo mundo. E ele realmente o fez, porém viu que o investimento foi grande e o resultado nem tanto, então decidiu partir para o turbo.

O motor turbo do Serginho foi uma lenda urbana de vários anos. Ele deve ter começado aquele motor por volta de 2001 comprando um jogo de bielas forjadas usadas de um amigo nosso. Desde então ele foi adquirindo peças e os amigos ao redor se encarregavam de fantasiar histórias sobre a usina que ele estaria montando. Um belo dia ouço do preparador dele na época que o motor tinha ido para o dinamômetro e deu só 385hp (algo absurdo para a época) com pouca pressão para não forçar demais, o resto seria estimado.

Pois essa história tem um final feliz, ou melhor dizendo, uma continuação feliz. O motor finalmente ganhou um carro que foi devidamente encaminhado para as pistas e deu títulos ao piloto. Espero que não termine por aí mas esse é um dos poucos projetos que foram muito comentados e que realmente saíram do papel.

Quando eu relembro essas histórias fico me perguntando: porque as pessoas fazem isso? Seria uma forma de fugir da realidade? Uma forma de atrair a atenção dos outros e quem sabe conquistar novas amizades? Ou é o simples despreparo e as coisas são planejadas usando mais emoção do que razão?

Sei que muitas pessoas que leram esse texto devem estar me odiando ou então pensando consigo mesmos “eu já fiz isso”. Para esses eu digo: Não se deve esconder os seus erros. Eu já fiz coisas que não me orgulho, já tentei inventar moda e gastei dinheiro com besteiras que nunca serviram para nada. Acredito que todos no mundo da performance já passaram por situações semelhantes mas infelizmente poucos se dão conta de que a felicidade vem com um carro que anda e vira tempo e não com uma conta gigante para pagar de notas de peças importadas de grife.

Portanto eu concluo o meu pensamento dizendo que carro bom é aquele que te faz feliz. No mundo da performance o mais importante é andar, mesmo que não seja o esperado. Pior do que errar é nunca tentar."

As palavras de Felipe são o testemunho de um apaixonado que possuía um carro para acelerar, mas durante muito tempo não teve a oportunidade, pois para ele não existiam categorias em que seu carro, do jeito que foi construído, pudesse ter competitividade. Com o advento da AD e de seus ideais, os sonhos se tornaram possíveis dentro do esporte, pois o sistema AD de classes de tempos reduz em muito o investimento para o piloto amador participar em uma prova.

O Puma de Felipe, com o melhor tempo de 12,7 é rápido, mas não é mais rápido por exemplo do que o próprio Gol de Serigo Fontes, seu principal competidor, cujo melhor tempo é na casa de 12,2 e muito menos do que o carro mais rápido da AD, o Eclipse dos irmãos Andreis, com o tempo de 10,8. Mas assim mesmo Felipe teve condições de ir para a pista, vencer corridas, se destacar, somar pontos e vencer o campeonato.

Quando um sistema de corridas é organizado de modo que a performance do mais rápido seja sempre o padrão mínimo a ser alcançado, a competição se torna cara e inacessível aos amadores. O sistema AD permite que cada piloto corra com o carro que possui, com a preparação que possui, pois as regras do campeonato privilegiam mais fatores do que somente a capacidade de fazer uma puxada rápida, como por exemplo a constância e a estratégia. E também permite que o piloto vá evoluindo seu carro conforme sua disponibilidade, seja pessoal ou financeira.

Esses fatores somados demonstram que no final de um ano, o vencedor não é necessariamente o mais rápido mas sim o mais dedicado, o mais constante, o que teve a capacidade para traçar e a determinação para cumprir a estratégia mais inteligente. Mas o próprio Felipe e sua Puma demonstram algo ainda mais importante: Que sem a perspectiva concreta de realização, um sonho não passa apenas disso: Um simples sonho.

É isso aí Felipe! Assim como o Sérgio Fontes, você teve a coragem de montar seu carro, preparando-o ao seu modo e colocando-o na pista. E agora, assim como ele, você também é um campeão! Parabéns por ter tido a coragem de viver seu sonho e boa sorte na temporada de 2009!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Novo Vectra Cacá Daud

Monobloco do Vectra já com a estrutura tubular interna, com a frente única em fibra de vidro, na fase de preparação para pintura.

Já falei um pouco em uma postagem anterior, sobre os carros da categoria FLTD e sobre o novo e promissor Vectra de Cacá Daud. Após essa pequena matéria, constatei que o interesse é muito grande sobre esse carro. Entrei então em contato com Cacá, para conseguir algumas informações para os leitores do 1320ft.

Segundo Cacá, o Vectra FLTD é a realização de um sonho. Ele disse que tem tentado fazer com que todos os detalhes do carro desde a construção, passando pelas peças utilizadas e até os acabamentos, fiquem exatamente como ele sempre imaginou.

Algumas especificações do carro:

Carroceria: Chapa de aço carbono, original do Vectra Sedan modelo 2008, com acabamentos internos e fechamentos em fibra de carbono.
Chassi: Semi-tubular com gaiola de proteção reforçada, construído com tubos de cromo-molibidênio na oficina De Pauli, segundo os desenhos de Cacá.
Pneus: Goodyear
Rodas: Weld Aluma Star Billet
Instrumentos: Cronomac Carbon
Banco: Kirkey
Eletrônica: FuelTech
Cambio: Sapinho (o mesmo do Astra STTD-A)
Homocinéticas e eixos: Feitos sob encomenda nos EUA
Freios: Willwood

Ficha técnica do motor:

Modelo:C20XE turbo
Combustível: Metanol
Bomba de óleo: Externa
Bomba de combustível: Mecânica
Coletor de admissão: Em confecção na Satti Soldas (RS)
Coletor de escape: Em confecção na Elite (SP)
Turbo: Bullseye

As diferenças do motor do Vectra para o motor de seu antigo e multi-vitorioso Astra, resumem-se a um par de comandos mais forte e um turbo um pouco maior.

Segundo Cacá, o carro está um pouco atrasado. O motor e o câmbio estão prontos e o carro está na pintura. Cacá diz também que a parte mais complicada do projeto deve ficar por parte da montagem de todas as peças no carro. Como o carro ainda está em fase de montagem, Cacá não quer divulgar fotos. Mas ele prometeu que assim que tiver fotos novas, o 1320ft será o primeiro a recebê-las! Portanto, fiquem ligados que em breve teremos mais novidades sobre esse carro.

Ele também não falou em metas, mas não é segredo para ninguém que este é um carro construído para andar na casa dos 8 segundos e mais de 270 km/h. Tem tudo para disputar a ponta com o Golf de Felipe Johannpeter, o Gol da equipe Sapinho e a Saveiro argentina da equipe Viturro.

Disse ainda que é um admirador do trabalho da AD, com o qual tomou contato nas provas de Santa Cruz do Sul e Velopark. Esperamos que possamos convidar Cacá para competir com seu Vectra pela PRO da AD num futuro não tão distante!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Outros Fatores

Charge de Phil Frank e Joe Troise, publlicada na revista Car & Driver:
"Ah... Nós não trabalhamos de verdade com carros aqui. Só discutimos sobre eles na internet."

Era uma vez, no mundo perfeito...

"E aí meu! E o teu carro, a quantas anda?

"Ainda tô comprando as peças..."

"Ainda?? Mas já fazem anos que você está juntando peças! Da última vez que eu vi sua estante, ela tinha mais peças do que a maioria dos carros que eu conheço! O que ainda pode estar faltando?"

"Já comprei o kit nitro direct port com acionamento progressivo da Venom, o turbo ceramic ball bearing da Turbonetics, blowoff e wastegate da HKS, o kit intercooler front mount da Greddy, as válvulas de inox da Ferrea, os comandos Crower special order, o coletor de admissão JG Edelbrock, o silencioso Flowmaster, a bomba Weldon, a tampa do cabeçote da Mugen, os emblemas estilo JDM e as polias reguláveis da Skunk2. Me falta ainda só pistão, biela, virabrequim, cabeçote e o bloco..."

"Entendo... Começou pelas peças mais importantes... Mas pra que tudo isso? Vai virar quanto no Velopark com essa "máquina"?"

"Bem, o meu amigo Chuck Bruce O'Neill, que tem um motor na mesma configuração lá em Massachussets, tem 431 whp, medidos no Dynoblaster da High Rev Import Power. Por aqui os carros com essa potência estão virando 11 altos e nos Estados Unidos, 10 altos. Com a mesma configuração, se eu virar "modestos" 11 baixos, pra mim tá bom"

Bem, talvez isso seja um fato plausível no mundo perfeito, nas mãos de um piloto perfeito, nas condições ideais de temperatura e pressão. Mas no mundo real, onde somos todos sujeitos às mais variadas condições, as coisas não acontecem bem assim.

A comparação de rendimento entre dois carros que ainda não se enfrentaram, não pode ser feita em bases tão simplificadas. Essa atitude só traz decepção e muitas vezes até faz com que o dono do carro acabe se retraindo, em função de ter prometido demais e não ter a certeza de que vai conseguir se manter à altura dessas promessas.

Assim, vemos os "pegas de prateleira", nos quais os desafiantes se ameaçam mutuamente, não através de palavras - muito antes pelo contrário, o discurso é sempre altamente amistoso - mas sim da postagem de fotos em fóruns de internet, das caríssimas e badaladíssimas peças já adquiridas que algum dia serão montadas em um carro, que talvez vá para uma pista de corridas. Jamais podendo esquecer, é claro, dos gráficos de dinamômetro de outros carros (de preferência em outros países) que utilizam essas peças.

Se os carros ficarem mesmo prontos um dia, e se, desafiando ainda mais a estatística e as probabilidades, os dois conseguirem coexistir, ou seja: Se um não quebrar ou desistir antes do outro conseguir ficar pronto, (o que é muito comum, pois em geral nesses casos são muitos anos de projeto, para alguns poucos meses de existência antes de desmontar) então poderá ocorrer realmente o acelera mitológico.

Entretanto, a única coisa certa é que em qualquer caso possível, esses carros em suas estréias, infelizmente não terão a performance imaginada pelo seus proprietários. Isso acontece sempre e tem um motivo muito simples, mas que muitas vezes é solenemente ignorado, de uma forma quase inexplicável: Uma corrida de arrancada é uma competição onde disputam dois pilotos, ao volante de dois carros. Não uma disputa apenas entre dois carros.

Carros são compostos por diversos sistemas, como suspensão, chassi, transmissão, elétrica, eletrônica e dentre esses, um deles é o motor. Apesar de ser o sistema mais complexo do carro, o motor é apenas um entre vários. E em sistemas, mais importante do que a qualidade de um ou outro componente, é o funcionamento equilibrado entre todos. Assim como em uma equipe de futebol, uma grande estrela não vence o jogo sozinha e o entrosamento do time conta muito mais.

Para conseguir esse "entrosamento" entre os componentes do motor, é necessário o trabalho de um bom preparador, que deverá saber indicar uma combinação de peças funcional, o que não significa necessariamente que deva ser uma lista de peças com marcas famosas. Se o preparador falhar nessa etapa, ou se o dono do carro agir como um presidente de clube teimoso, não comprando os reforços que o treinador (ou preparador) requisitou, optando por "jogadores estrela" (ou peças caras e da moda) então o time ficará desequilibrado, rendendo muito menos que poderia.

Uma vez que o motor tem bons componentes que funcionam bem entre si, ao contrário do que alguns pensam, ainda falta muito para garantir o resultado. Novamente como no futebol, só um bom plantel não garante a vitória. E para isso, o treinador analisa o potencial de seu time e traça as melhores estratégias, maximizando os pontos positivos da equipe. O preparador também faz o mesmo quando analisa o conjunto de peças montadas no motor e traça as estratégias de alimentação de combustível e curva de ignição que serão impostas ao motor nas mais diversas situações.

Além disso, no controle do carro de corridas há um ser humano. muito adaptável, porém também suscetível à falhas e variações de rendimento. E uma vez que estamos em uma pista de corridas, existem diversas variáveis de cunho técnico e emocional com as quais o piloto deve saber lidar na hora da disputa: Desde a percepção de que o dia está muito quente, o que requer um pequeno ajuste na pressão dos pneus, até o controle dos nervos ao alinhar com um rival poderoso. Outra parte importante do resultado na pista é saber avaliar e resolver pequenos problemas em seu carro, que acontecem sempre, independentemente da marca ou do preço das peças.

A incapacidade para resolver esses contratempos in loco, por menores que eles sejam, frequentemente resulta em grande perda de rendimento, impedindo o carro de mostrar seu real potencial. E nem é preciso dizer o quanto é ridículo um suposto "expert virtual", que passa vergonha com um motor que falha a reta inteira e ele nem nota, sendo que mesmo que notasse, não saberia sequer como se regula a folga das velas.

Assim, fazer uma "corrida virtual", baseada em especificações dos carros, ou pior ainda, das peças que farão parte do motor de um carro, é totalmente ineficaz, pois estão sendo analisados apenas pequenos fragmentos do que realmente é uma corrida de arrancada. No mundo concreto, motores mal pensados não dão acerto ideal e molham as velas, falham, rendem abaixo do esperado e ainda por cima tem tendência à quebra... E o pior de tudo: Quando não pilotamos bem, podemos ser vencidos por um rival ao volante de um carro inferior.

Então, antes de tentar prever resultados baseado em apenas uma pequena fração do todo, ou cair na tentação de nivelar tudo pelo dinheiro que foi gasto, lembre-se: Existem muitos outros fatores. Afinal, se não fosse assim, bastaria fazermos um levantamento das folhas de pagamento de todos os clubes e saberíamos de antemão quem seria o grande campeão do brasileirão, antes mesmo do início da temporada!

domingo, 4 de janeiro de 2009

O esporte...

A NASCAR - chega a atrair 250 000 pessoas em um único dia

Inauguro então o ano de 2009 no blog. Mas em época de recesso nas arrancadas, que assunto podemos abordar para não deixar a bola cair? A volta do Ronaldo para o Corinthians? A invasão da infantaria israelense na Faixa de Gaza? A última revisão ortográfica da língua portuguesa? Claro que não. Nosso foco é outro. Bem, sei que corro o risco de ser repetitivo, mas trago novamente um assunto que eu considero importante para todos nós: O esporte.

Mas não vou apontar as falhas da arrancada em desabafo ou mesmo conjecturar sobre soluções. Hoje pensei em falar um pouco sobre o esporte da arrancada em um contexto geral, ou seja, frente aos outros esportes. As pessoas tendem a imaginar que é possível, ou melhor dizendo: Que é natural que consigam ser praticantes de diversos esportes, em uma perfeita harmonia. Que a prática de um esporte não interferirá na do outro. Sem dúvida, o ideal seria que pudéssemos praticar de tudo, do esqui aquático ao arremesso de dardo, passando pelo motocross e snow board. Infelizmente, contudo, a realidade não é exatamente essa.

Não que a prática de um esporte tenha de ser exclusiva por decreto ou filosofia, mas temos de encarar o fato de que é difícil - para não dizer impossível - nos dedicarmos à mais de uma paixão ao mesmo tempo. Nossa rotina diária reserva um tempo livre limitado para a prática de lazer. De fato, o tempo que dispomos para essas atividades é muito menor por exemplo do que o tempo que a média das pessoas dedica ao trabalho (para o próprio sustento) e à educação. E existem também as questões do tempo gasto em transportes (de casa, para o trabalho, para a aula e novamente para casa), os próprios afazeres domésticos, o pagamento de contas, as compras no supermercado e também coisas mais elementares, mas que também consomem uma fração das nossas 24 horas, como por exemplo o sono e as próprias refeições.

E dentro do tempo reservado ao lazer, temos que gerenciar atividades como ficar com a família, sair para jantar, ir ao cinema, fazer viagens, assistir televisão, navegar pela internet e quaisquer outros interesses pessoais que cada um possa ter. Assim, a fração que sobra para dedicarmos à arrancada é relativamente pequena. E se ainda dividirmos isso com outro esporte, dificilmente irá sobrar tempo para existir dedicação real à qualquer um dos dois.

Se compararmos os dias atuais com a época em que a indústria do esporte foi criada (idos de 1900) e mesmo mais tarde, quando teve a sua primeira grande revolução com a criação da TV (1950), não podemos deixar de perceber as diferenças. No tempo de Babe Ruth, todos tinham tempo para acompanhar o baseball profissional e era um grande programa ir ao estádio, ainda mais quando a única opção era escutar o jogo no rádio. No tempo do Pelé já era diferente, mas mesmo podendo assistir o gênio pela telinha, não restavam dúvidas sobre qual era o esporte que todos acompanhavam.

Hoje, não só existem dezenas de esportes tradicionais disputando a atenção dos fãs, como também existem novos! Aos mais tradicionais como futebol, basquete, vôlei, golfe, hipismo, atletismo e automobilismo juntaram-se também os chamados "esportes radicais", como o surfe, o snowboard, motocross, bmx, paraquedismo... Existem tantos esportes novos, que foi criado até um evento que é considerado as olimpíadas dos esportes radicais: Os X-Games.

E esses esportes, modernos ou tradicionais, não entram no mercado para brincar. No Brasil o esporte é quase todo gerenciado pelas federações e confederações, que estão constantemente envolvidas em polêmicas públicas de improbidade ou má gestão, que vem desgastando cada vez mais a sua imagem. Contudo, nos países que levam o esporte a sério, ele é gerenciado por ligas particulares, de um modo simlar à Fórmula Truck no Brasil.

Essas entidades como por exemplo a NHRA (arrancada), a NASCAR (stock car), a NFL (futebol americano) a NBA (basquete) e a própria FOA (F1) jogam pesado em busca de sua fatia no mercado, muitas vezes investindo até 1/3 de seus faturamentos multimilionários em marketing, exatamente da mesma forma que faz a indústria de cinema de Hollywood. Para ilustrar isso, podemos usar o exemplo da NFL, que investiu US$ 10 milhões apenas em seus concertos inaugurais de uma temporada recente.

E tudo isso pode parecer absurdo, mas é o que fazem as entidades, não somente para ganhar mercado, mas para poderem manter a fatia que conseguiram à duras penas conquistar e que podem perder em um estalo de dedos nesse mundo atual onde tudo acontece de uma forma rápida e muitas vezes incompreensível. Esse mercado pode ser brevemente resumido pelo seguinte dado: "Artigos esportivos licenciados como camisetas e bonés venderam quase US$ 13 bilhões em 2004 só nos Estados Unidos". Não é terreno para amadores... Ou será que sim?

A realidade de hoje, em que paintball e kite surfing roubam o tempo livre e a disponibilidade financeira de fãs de esportes tradicionais como futebol, automobilismo e hipismo, faz com que cada vez mais esse mercado seja mais duro para os esportes que estão por cima e mais fácil para aqueles que estão começando ou emergindo.

Mas como aproveitar esse momento histórico onde os pequenos podem lutar pelo mercado com os gigantes e vencer? Como, por exemplo, trazer mais crescimento para a arrancada enquanto o futebol domina 90% do espaço na mídia do Brasil? Como promover um esporte que é mal visto pela maioria das famílias, que são diariamente bombardeadas pela mídia que os incentiva a colocar suas crianças em esportes como judô, natação e atletismo?

Parece inacreditável, mas para nós da AD que somos entusiastas desse esporte, (e não só os membros, mas os aficionados em geral) é realmente muito fácil. Só o que precisamos fazer é nos dedicar! Ao nosso carro, à AD e à arrancada. Isso significa simplesmente manter nosso carro em dia, participar das provas e nos manter inteirados da situação no esporte, ao longo de toda a temporada... Bem, para quem realmente tem paixão por esses esporte, convenhamos que não é nenhum sacrifício!

Se todos fizermos isso, se tivermos dedicação e foco, seremos formadores de opinião e embaixadores do nosso esporte. Através dos nossos sucessos podermos inspirar outros à participarem conosco e então nos tornaremos agentes diretos do crescimento da arrancada. É incrível, mas mesmo em um mundo tão complexo podemos fazer a diferença com atitudes muito simples.

É por isso que eu tenho o prazer e também o DEVER de dizer pela primeira vez em 2009: AVANTE DESAFIO!

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