segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O gigante adormecido.


Dizem que o Brasil é o "gigante adormecido", pois tem um imenso potencial ainda não realizado. Temos riquezas incontáveis, território vasto e fértil... Enfim. Mas tudo isso ainda não fez com que nosso país rico conseguisse extender essa riqueza aos seus cidadãos. A má distribuição de renda, a corrupção, a incapacidade dos governantes fazem com que continuemos deitados eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo.

Coisa parecida ocorre com a arrancada gaúcha. Antigamente se dizia que era falta de uma pista. Hoje temos nada menos do que Guaporé, Santa Cruz do Sul e Velopark com possibilidade para 402 metros, além de Tarumã, Frederico Westphalen e Antônio Prado. Sendo que duas dessas pistas são específicas para arrancadas e uma delas é a melhor pista da américa latina. Local é o que não falta e aparentemente o problema nunca foi esse, afinal já foram realizadas provas no Complexo Cultural do Porto Seco, em distritos industriais de cidades da região metropolitana, em rodovias e em avenidas.

Mas então, qual o problema? Por que as provas não atraem público?
Estive ontem em uma etapa conjunta do Brasileiro e Gaúcho de arrancada no Velopark. Uma pessoa que não entende muito do esporte poderia imaginar que seria uma grande festa, com pista e arquibancada lotadas, já que reuniria a competição mais importante do Brasil e a competição mais importante do estado na melhor pista do país.

Ledo engano. Poucos carros na pista, pouca competição e as arquibancadas com menos de 10% de sua capacidade. Mais uma vez saí da pista com aquele sentimento de que esse esporte não está sendo tocado com competência ou inteligência pelas cabeças que o organizam.

Mas os pilotos também tem sua parcela de responsabilidade. Não existe união dos em prol da arrancada. Eles enxergam apenas as vantagens em potencial para si mesmos e ficam felizes quando só há tres carros por categoria, assim todo mundo leva um troféu para casa. Quanto mais categorias melhor, quanto mais troféus melhor.
Conformismo e individualismo.

Os regulamentos são antiquados e não propiciam carros realmente rápidos com custo acessível. Na verdade fazem o exato oposto, criando carros muito caros e que não empolgam a arquibancada.
Falta de visão.

Não há disputa na pista. Os carros correm sozinhos, pois mesmo quando alinham ao lado de outro competidor, essa disputa não tem valor algum. Só o que vai valer é o tempo mais baixo no final do dia. Não surpreende que em épocas como essa, um recorde tenha mais valor que uma vitória e que culturalmente falando, seja "bonito" que um carro entre na pista, faça um tempo muito baixo e depois no final da reta o motor tenha que ser recolhido do chão com uma pá.
Apego ao único valor incontestável que restou.

O resultado é uma competição que não empolga ninguém a não ser os próprios pilotos e preparadores, e quem sabe, alguns amigos e familiares. E toda essa situação dá a impressão de que a arrancada segue somente em inércia, baseada no que foi criado anos atrás, do mesmo modo que uma barata consegue sobreviver por semanas sem a própria cabeça.

Mas e a evolução? E o aporte financeiro? Os patrocínios? O público?

Tudo é interligado de uma forma elementar: O público quer ver espetáculo e não corrida de compadres. Os patrocinadores não querem corrida, eles querem expor sua marca para o público. Com a participação dos patrocinadores chega o aporte financeiro e com dinheiro em caixa, as equipes podem buscar a evolução.

A pergunta que fica então é a seguinte: Quem vai puxar esse movimento? Hoje essa cadeira está vazia.

4 comentários:

  1. "Mas e a evolução? E o aporte financeiro? Os patrocínios? O público?"

    E o mais importante, onde está a prata da casa?

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  2. Um comentário sério agora.

    O problema maior não é propriamente a cadeira vázia, mas sim a falta de capacidade de quem era para sentar nela e resolver o problema, porém este prova a cada dia que não tem condições para tanto, e o que é pior, procura impedir todas as ações de quem tenta levar algo de novo, talvez por medo, mas eu acredito mais que o problema seja a ganancia e o grande ego que impede que as idéias de terceiros venham a resolver os problemas que ele criou sozinho...

    Gosto muito dos ditados populares, eles normalmente estão certos...
    e nesse caso temos o bom e velho: "não caga e nem desocupa a moita" e outro que diz mais ou menos o seguinte "quem nasceu para ser lider, lidera, quem não nasceu, escolhe um lider e segue".

    "Ovelha não é pra mato" e tenho dito.

    Grande Abraço

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  3. De fato... Compreendo a tua indignação. Mas eu nem me referia ao Velopark como o culpado. Ele não criou isso, apenas está tentando perpetuar em seu próprio prejuízo.

    Mais me preocupa o restante. Todo o restante da arrancada que se satisfaz com o que hoje existe. E acha bom.

    Ninguém pensa a arrancada como um todo, como algo que possa ser muito maior do que é.

    A arrancada hoje é do tamanho das pretensões dos que dela participam: Pequenas.

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  4. As grandes mudanças partem de pequenas iniciativas. A História prova isso.

    A AD está fazendo a sua parte e tem dado certo. Fará muito mais sucesso ainda.

    Não quero ser pretencioso, mas a AD e o 147 vão revolucionar a arrancada no Brasil. A simplificação de um campeonato e a simplicidade de um carro mostrarão a todos que basta ter vontade e criatividade.

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