Dizem que o Brasil é o "gigante adormecido", pois tem um imenso potencial ainda não realizado. Temos riquezas incontáveis, território vasto e fértil... Enfim. Mas tudo isso ainda não fez com que nosso país rico conseguisse extender essa riqueza aos seus cidadãos. A má distribuição de renda, a corrupção, a incapacidade dos governantes fazem com que continuemos deitados eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo.
Coisa parecida ocorre com a arrancada gaúcha. Antigamente se dizia que era falta de uma pista. Hoje temos nada menos do que Guaporé, Santa Cruz do Sul e Velopark com possibilidade para 402 metros, além de Tarumã, Frederico Westphalen e Antônio Prado. Sendo que duas dessas pistas são específicas para arrancadas e uma delas é a melhor pista da américa latina. Local é o que não falta e aparentemente o problema nunca foi esse, afinal já foram realizadas provas no Complexo Cultural do Porto Seco, em distritos industriais de cidades da região metropolitana, em rodovias e em avenidas.
Mas então, qual o problema? Por que as provas não atraem público?
Estive ontem em uma etapa conjunta do Brasileiro e Gaúcho de arrancada no Velopark. Uma pessoa que não entende muito do esporte poderia imaginar que seria uma grande festa, com pista e arquibancada lotadas, já que reuniria a competição mais importante do Brasil e a competição mais importante do estado na melhor pista do país.
Ledo engano. Poucos carros na pista, pouca competição e as arquibancadas com menos de 10% de sua capacidade. Mais uma vez saí da pista com aquele sentimento de que esse esporte não está sendo tocado com competência ou inteligência pelas cabeças que o organizam.
Ledo engano. Poucos carros na pista, pouca competição e as arquibancadas com menos de 10% de sua capacidade. Mais uma vez saí da pista com aquele sentimento de que esse esporte não está sendo tocado com competência ou inteligência pelas cabeças que o organizam.
Mas os pilotos também tem sua parcela de responsabilidade. Não existe união dos em prol da arrancada. Eles enxergam apenas as vantagens em potencial para si mesmos e ficam felizes quando só há tres carros por categoria, assim todo mundo leva um troféu para casa. Quanto mais categorias melhor, quanto mais troféus melhor.
Conformismo e individualismo.
Os regulamentos são antiquados e não propiciam carros realmente rápidos com custo acessível. Na verdade fazem o exato oposto, criando carros muito caros e que não empolgam a arquibancada.
Os regulamentos são antiquados e não propiciam carros realmente rápidos com custo acessível. Na verdade fazem o exato oposto, criando carros muito caros e que não empolgam a arquibancada.
Falta de visão.
Não há disputa na pista. Os carros correm sozinhos, pois mesmo quando alinham ao lado de outro competidor, essa disputa não tem valor algum. Só o que vai valer é o tempo mais baixo no final do dia. Não surpreende que em épocas como essa, um recorde tenha mais valor que uma vitória e que culturalmente falando, seja "bonito" que um carro entre na pista, faça um tempo muito baixo e depois no final da reta o motor tenha que ser recolhido do chão com uma pá.
Não há disputa na pista. Os carros correm sozinhos, pois mesmo quando alinham ao lado de outro competidor, essa disputa não tem valor algum. Só o que vai valer é o tempo mais baixo no final do dia. Não surpreende que em épocas como essa, um recorde tenha mais valor que uma vitória e que culturalmente falando, seja "bonito" que um carro entre na pista, faça um tempo muito baixo e depois no final da reta o motor tenha que ser recolhido do chão com uma pá.
Apego ao único valor incontestável que restou.
O resultado é uma competição que não empolga ninguém a não ser os próprios pilotos e preparadores, e quem sabe, alguns amigos e familiares. E toda essa situação dá a impressão de que a arrancada segue somente em inércia, baseada no que foi criado anos atrás, do mesmo modo que uma barata consegue sobreviver por semanas sem a própria cabeça.
Mas e a evolução? E o aporte financeiro? Os patrocínios? O público?
Tudo é interligado de uma forma elementar: O público quer ver espetáculo e não corrida de compadres. Os patrocinadores não querem corrida, eles querem expor sua marca para o público. Com a participação dos patrocinadores chega o aporte financeiro e com dinheiro em caixa, as equipes podem buscar a evolução.
A pergunta que fica então é a seguinte: Quem vai puxar esse movimento? Hoje essa cadeira está vazia.
"Mas e a evolução? E o aporte financeiro? Os patrocínios? O público?"
ResponderExcluirE o mais importante, onde está a prata da casa?
Um comentário sério agora.
ResponderExcluirO problema maior não é propriamente a cadeira vázia, mas sim a falta de capacidade de quem era para sentar nela e resolver o problema, porém este prova a cada dia que não tem condições para tanto, e o que é pior, procura impedir todas as ações de quem tenta levar algo de novo, talvez por medo, mas eu acredito mais que o problema seja a ganancia e o grande ego que impede que as idéias de terceiros venham a resolver os problemas que ele criou sozinho...
Gosto muito dos ditados populares, eles normalmente estão certos...
e nesse caso temos o bom e velho: "não caga e nem desocupa a moita" e outro que diz mais ou menos o seguinte "quem nasceu para ser lider, lidera, quem não nasceu, escolhe um lider e segue".
"Ovelha não é pra mato" e tenho dito.
Grande Abraço
De fato... Compreendo a tua indignação. Mas eu nem me referia ao Velopark como o culpado. Ele não criou isso, apenas está tentando perpetuar em seu próprio prejuízo.
ResponderExcluirMais me preocupa o restante. Todo o restante da arrancada que se satisfaz com o que hoje existe. E acha bom.
Ninguém pensa a arrancada como um todo, como algo que possa ser muito maior do que é.
A arrancada hoje é do tamanho das pretensões dos que dela participam: Pequenas.
As grandes mudanças partem de pequenas iniciativas. A História prova isso.
ResponderExcluirA AD está fazendo a sua parte e tem dado certo. Fará muito mais sucesso ainda.
Não quero ser pretencioso, mas a AD e o 147 vão revolucionar a arrancada no Brasil. A simplificação de um campeonato e a simplicidade de um carro mostrarão a todos que basta ter vontade e criatividade.