domingo, 11 de dezembro de 2011

O que faltou no Festival Brasileiro de Arrancada

Gol de Leandro Branco, destaque gaúcho no festival:: Venceu  a categoria FLD e foi o carro de tração dianteira mais rápido da prova. As parciais foram 1,381 nos 60 pés, 3,771 nos 100 m, 5,647@212.98 km/h nos 201 m e 8,634@269.34 km/h. Excelentes tempos, mas como se sairia numa disputa com enfrentamentos diretos?


Domingo, 11 de dezembro de 2011

Sexta, sábado e hoje ocorreu o Festival Brasileiro de Arrancada, da Força Livre Motorsport no Autódromo Internaconal de Curitiba. O festival é indubitavelmente o maior, melhor e mais esperado evento de arrancada do país, porque tem o maior número de carros, maior público e o maior impacto cultural dentre todas as competições de arrancada que ocorrem no Brasil.

Isso tudo faz com que os pilotos dêem a maior prioridade ao festival, muitas vezes construindo um carro o ano inteiro, apenas para chegarem lá prontos para disputar da forma mais competitiva possível. Vão lá para brigar de verdade.

E nesse ano não foi diferente: Muitos pilotos, carros cada vez melhores e mais rápidos, arquibancada cheia e grande repercussão entre os aficionados pelas mais diversas categorias, dos golzinhos aspirados aos dragsters.

Eu mesmo já fui um grande crítico de certas categorias, como por exemplo a DT-A (carros de tração dianteira, montados, com turbo e preparação do motor bastante liberada), por conta de algumas regras burras que eram atreladas a ela alguns anos atrás. Hoje em dia tudo está bastante diferente, a categoria possui um regulamento desportivo mais coerente e também um regulamento de segurança mais racional. Com isso os carros com poucas mudanças se tornaram muito mais rápidos.

E não foi só a DT-A que evoluiu, várias outras categorias melhoraram e o principal motor dessa evolução foi a adoção de pneus de competição. É notório que em função desta simples modificação, hoje todas as categorias estão bem mais rápidas, o que potencialmente traz mais emoção e um melhor nível ao espetáculo.

Hoje não temos só carros mais rápidos como também estamos começando a ter também mais carros rápidos. A categoria XTM, que foi introduzida recentemente, se não estou equivocado, pelo Rogério Grégoris, trouxe um vislumbre do que pode ser o fim da "copa gol", como muitos chamam algumas categorias, pois apesar de o regulamento ser aberto, nelas correm 95% de VW Gol contra 5% apenas de carros de todas as outras marcas somadas. Já a XTM é uma categoria verdadeiramente de competição e nela aparece um grande número de carros de todos os tipos, marcas e motorizações, todos eles com potencial para andar muito rápido e com um certo equilíbrio, apesar da diversidade.

Além disso o número de dragsters também parece estar maior do que nos últimos anos. Me arrisco a dizer que isso é em parte consequência dos "espólios" de uma guerra que o Velopark vem travando com a arrancada. O empreendimento desfez-se de todos ou quase todos os dragsters de excelente qualidade fabricados pela Undercover Racing que haviam comprado há alguns anos, com o objetivo de fomentar o esporte. Esses carros estão por aí rodando, pois são muito confiáveis, rápidos e também fáceis de pilotar. Mesmo que não tenha havido um grande número deles em Curitiba neste final de semana, o fato de eles existirem e estarem distribuídos por aí nas oficinas de todo o país, faz com que eles repassem tecnologia, dêem mais confiança aos fabricantes artesanais daqui e também aos preparadores.

A cultura de dragster no Brasil está tão no seu início, que a dúzia de unidades de alta qualidade que o velopark trouxe pode estar impactando culturalmente o meio numa certa escala. Ironicamente, os drags só conseguiram começar a cumprir o papel a eles designado pelo Velopark, depois que de lá saíram.

Tudo isso, a experiência de brasileiros que vem correndo e visitando arrancadas no exterior, a troca de conhecimento que ocorre conforme estes e outros carros americanos (como alguns top-doorslammers que estão por aí) são trazidos para cá, tem feito com que a arrancada melhore seu nível e isso se reflete principalmente no festival.

Mas aproveitando o gancho dos conterrâneos que tem tido experiências ao volante de carros de arrancada na terra do Tio Sam, é justamente aí que a festa perde um pouco do seu brilho. Explico: Recentemente Sidney "Grandão" Frigo conseguiu vencer uma prova num dragster numa categoria de acesso da NHRA. Grandão corrreu algumas provas sem sucesso antes de conseguir chegar a vitória. Talvez essa "patinada" seja justamente uma herança da nossa famigerada "cultura do recorde" dentro da qual pouco importa a capacidade do piloto de vencer uma eliminatória de 16 carros, ou seja: Ser perfeito em todas as puxadas, não queimar e fazer boas reações. No Brasil, só o que importa é o tempo de pista, o famoso RÉÉÉÉÉÉCORDE, tão festejado que virou até marca registrada do locutor do festival.

Mas Grandão percebeu onde falhava e voltou para a escolinha, treinou sua reação à exaustão e foi capaz de trazer uma vitória para casa, mesmo correndo na terra da arrancada.



É aí que, na minha visão, o festival perde um pouco de seu brilho. A própria estrutura da competição não inclui finais ou qualquer forma de enfrentamento direto.

Como um exemplo, posso falar sobre uma puxada que vi entre dois competidores, que foi bastante acirrada: O carro da pista da esquerda largou na frente e seguiu na dianteira até o fim, cruzando os 402 m na frente. Mas seu tempo de pista nao se aproximou muito do recorde. Já o carro da pista da direita, mesmo saindo atrás e chegando atrás, foi tirando a diferença e mesmo com um combinado pior, teve um tempo de pista mais baixo. Então o locutor ficou empolgado narrando suas parciais, com aquele tom de urgência, sugerindo que talvez a puxada fosse recordista.

No final não saiu o rééécorde, mas o fato de todos darem mais atenção ao carro que perdeu a puxada mostra claramente a diferença entre a arrancada praticada no festival e a arrancada praticada pelos americanos. Então, para mim que estou acostumado ao TOP16, à estratégia de pista, a pilotos que ganham corrida justamente na reação, quando assisti às disputas do festival me pareceu que ficou faltando algo.

Luciano Nichetti e o Cobalt em Orlando:  Casa dos 7 nos 402.  Ótimos tempos, mas o que vale é a vitória no mata-mata, não o tempo de pista. Lá fora Luciano bate de frente com os grandes nomes do sport compact, mas acreditamos que tem tudo para chegar lá. Por enquanto seguimos na torcida.
Faltaram a expectativa para saber quais carros se enfrentariam na final, a surpresa de ver Davi derrubando Golias, a pressão nos ombros do piloto que sabe que não pode errar, do contrário será eliminado. Na verdade não há muito o que dizer, pois o que faltou foi simplesmente a competição em si.

Na minha forma de ver, o que rolou lá foi análogo às classificatórias de competições por enfrentamento direto, como o TOP16 da AD ou os "Quick 16" nos quais Luciano Nichetti vem correndo lá fora com seu Cobalt de 7 segundos, ou mesmo as eliminatórias da NHRA conquistadas pelo Grandão. Mas tão somentea as classificatórias, que normalmente servem só para decidir quem disputará o "mata-mata", que é de fato a competição.

Em outras palavras: Foi como assistir o qualifying da F1 e ignorar a prova em si.
 
Por mais que esteja num patamar superior a qualquer outro evento do genero realizado no Brasil, com um nível ímpar de carros, pilotos, público e influência, esta é uma lacuna que, para quem já tomou contato com competição direta QUE FUNCIONA, não pode ser preenchida por nada disso.

sábado, 10 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Desacreditados Racing



Você que tem acompanhado o blog aqui, sabe que o ritmo da construção do nosso Kadett não chega a ser frenético... Bem, na verdade a coisa anda tão letárgica que com certeza alguns já andam se perguntando se isso realmente vai chegar a algum lugar.

É ou não é?

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domingo, 4 de dezembro de 2011

Enfim, a vitória!

foto: www.orleijunior.com

O sonho de todo piloto de arrancada é colocar as mãos em um carro vencedor. De nada adianta ser um exímio piloto, segurar o carro de lado com o pé no fundo ou zerar a reação. Para vencer é preciso sim um bom piloto, mas acelerando um bom carro.

Anderson da Luz Martins é um piloto que desde sua primeira participação nas ND, nunca foi à guerra de canivete. O carro de suas primeiras participações era um fusca AP turbo, enquadrado na categoria Turbo Traseira, mais pesado e com menos pneus do que seria ideal. Essa configuração lhe conferia muita força e pouca estabilidade, tornando o carro rápido, porém perigoso. Com este carro, o "Boca" conseguiu se colocar na final da ND7,contra o fusca do Pipino, mais leve, com mais pneus e pilotado com maestria pelo experiente Daniel Moresco.

O resultado foi que Anderson acabou tentando despejar mais potência do que a pista comportava naquele momento e seu fusca branco acabou de cara no barranco. Dos males o menor, pois além dos danos materiais, a única coisa que o Boca teve quebrado naquela noite, foi o orgulho.

 
Após o acidente, o piloto resolveu partir para um carro mais competitivo, mais leve, com pneus maiores. Um carro verdadeiramente de corridas. Tratava-se do fusca azul que, nas mãos de seu antigo piloto - Marcio Freitas -  já havia vencido a ND3, batido o recorde de velocidade de 180 km/h nos 201m de Tarumã e arrecadado a maior premiação até hoje concedida de uma só vez nas ND: R$1700,00. Sem dúvida, uma máquina capaz de vencer corridas.


Anderson começou então a competir com o carro em diversas provas, andando sempre rápido. Até que chegou a ND8 e junto o favoritismo do fusca preparado pela 1PR. O carro era como sempre um dos mais rápidos, mas a vitória não passou nem perto. Ao volante da máquina mais malvada da 1PR, Anderson teve de assistir a outros pilotos da oficina, como Braulio Rocha avançarem nas finais.

Quando chegou a ND9, boca foi novamente o mais rápido dos treinos livres, mas a essa altura alguns já o consideravam um adversário desacreditado, pois apesar de ser sempre muito rápido, não estava conseguindo resultados. Ouvia-se também que o acidente poderia ter diminuído sua coragem para acelerar um fusca, ainda mais numa pista como Tarumã.

Conforme a ND9 se desenrolava, vários adversários fortes se destacavam naquela que viria a ser a prova mais competitiva da história da Associação Desafio, com 18 carros andando na casa dos 7 segundos ou menos, diversos deles nos 7 baixos e 4 carros andando nos 6 segundos. Se o Boca não tinha ganho até agora, dessa vez seria ainda mais difícil.

Mal começa o dia e o Pipino já coloca seu sinistro besouro negro na casa dos 6,4. Logo vem Fabio Andreis e acerta uma boa puxada com o Eclipse GSX, virando 6,7 e dando pinta de que melhora ainda mais. Diogo Silva com sua Audi S2 anda nos 6,5 e os colegas de equipe de Anderson, Bráulio Rocha e Fabricio Chicon apertam o da direita e conseguem excelentes tempos na casa de 7 segundos baixos, onde também anda Valdenir de Borba, o campeão do TOP16 da ND8.

Mais pressão para o Boca, que como sempre anda rápido e também consegue um tempo na casa de 6,4.  Está bem classificado, mas será que aguenta o calor até o final?

Pipino sofre quebra no motor, a Audi tem um vazamento grande de água. Os dois estão fora.

Agora é Boca e Valdenir, Chevette contra Fusca, campeão contra desafiante. É pedreira logo de cara. Caio pinheirinho e os torcedores do fusca tremem: O Chevette de Valdenir sai bem na frente e não queima. Coloca o carro todo na frente do fusca. Más notícias! Mas duram pouco, pois a transmissão do chevrolet não aguenta. Valdenir sempre calmo fora do carro, lá dentro no calor da batalha faz gestos amplos e poucos tem dúvidas em relação ao que ele deve ter dito quando sentiu que estava na frente, mas quebrado. Boca segue na disputa.

fotos: www.orleijunior.com

Mas ainda tem cachorro grande solto pela pista. Fabio Andreis arranca com seu Eclipse contra o Chevette de Fabricio Chicon e... Perde! O Chevette faz um tempo excelente, 7,0. Enquanto o Eclipse sofre com uma performance abaixo da média e entrega a vitória facilmente para o tubarãozinho azul.



No alinhamento está o belo fusca vermelho aspirado de Alexandre Martins. É aspirado, mas não é de brinquedo. Vem rodando constante na casa dos 7 baixos e pode surpreender. Ao seu lado está Bráulio Rocha, com o besouro prateado com rodas vermelhas, também correndo pela 1PR. Bráulio vem de um tempo mais baixo e quando arrancam, confirma o favoritismo. Pula na frente e sendo turbo há pouca chance para o aspirado pegar de alta. A menos que... Sim. Bráulio faz o que jamais fez numa final: Erra uma marcha e entrega a vaga para o oponente.

www.orleijunior.com
 
Agora é semi-final, entre o tubarão azul do Chicon e um tal de fusca marrom...  É um fusca cor e café com leite, rodas de ferro... Nunca ninguém havia visto ele por ali... Mas é um fusca de rua, à ar e querendo ou não, anda nos 7,5 e está na semi-final. Não convém descuidar...

foto: Ana Luisa Correa
Chicon arranca, dá uma errada de marcha e já era! O fusquinha do vô está na final!

Para a 1PR não são boas notícias. Bráulio fora, Chicon fora, agora tudo está nas mãos do piloto do fusca azul. Mais pressão para o Boca!

foto: www.orleijunior.com
Seu oponente é o fusca aspirado vermelho, que já derrubou o Bráulio. Será que o Boca vai perder pra um fusca mais lento? Será que o carro vai aguentar? Os dois arrancam, mas o fusca azul de Boca domina e garante a vaga na próxima fase, mostrando que nem carro e nem piloto estão sucumbindo à pressão que aumenta a cada rodada.

Os momentos que antecedem a final entre os dois fuscas são quase surreais. Quem em sã consciência poderia sonhar que um fusquinha como aquele, que nem pneus de competição usava, com motor a ar e aparência de carro original, poderia dividir a pista em uma importante final com um fusca full-race como o do Boca?


Boca tinha a vantagem, mas é melhor não relaxar demais... O surpreendente fusca marrom é pilotado por Leonardo Betat, que também mal pode acreditar no que está acontecendo. Afinal, ele já tinha ganho o dia e caso seu oponente pisasse na bola, ele estaria lá mais uma vez, implacavelmente cravando mais um daqueles 7,5 que ninguém entendeu até agora de onde vinham.

Para um big dog, uma das coisas mais desmoralizantes é perder para um carro inferior. Numa final então, a derrota se torna histórica e inesquecível. Os carros alinham, o pinheirinho desce no modo Pro-Tree e Leonardo Betat toca o "fusca do vô" com vontade, pronto para qualquer deslize do piloto da 1PR, mas boca não fraqueja e ele não acontece. Anderson da Luz, arranca na frente e assim segue até o final.


É a grande vitória de um piloto que já estava desacreditado, mas tinha tudo para vencer. Finalmente sua hora chegou, justamente na competição mais difícil do ano, provando que pode vencer contra qualquer adversário.


Parabéns Boca, por garantir seu lugar no clube seleto dos vencedores de TOP16!

sábado, 3 de dezembro de 2011

402m: ND9 - SHOW DOS PILOTOS


ND9 - SHOW  DOS  PILOTOS

Quando um piloto chora depois de uma vitória dura, desejada, quando sua equipe o carrega nos braços, quando seus adversários diretos ficam ate o fim e vem direto cumprimentar, é por que essa foi uma competição que valeu a pena vencer.

Essa é a imagem que vai ficar da ND9. O calor (mais de 50° ali na pista), a emoção, a disputa que até mais que vencer, os protagonistas não queriam perder!

Leia tudo em www.402m.com.br

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