sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O pior cego é o que não quer ver.

Javier Di Maio e a Saveiro da Equipe Viturro no Velopark: "Somos aficionados (amadores). Aquí en Brasil ustédes son profesionales!"

As primeiras normas sobre vicios ocultos ou vicios redibitórios estão ligadas às atividades nos mercados romanos. Quando um mercador comercializava um escravo ou uma cabeça de gado com algum problema que não era aparente, como por exemplo uma doença - o chamado vicio oculto, ele deveria comunicar ao comprador sobre esse problema, sob pena de ter o negócio desfeito pelo comprador, que agiria então amparado na lei. Posteriormente esse conceito foi estendido a todos os tipos de negociações. Apesar de não negociarmos mais escravos, essa norma ainda é aplicada hoje em dia em casos como a venda de carros usados, por exemplo.

As pessoas tem me perguntado sobre o motivo de eu "falar mal" da arrancada aqui no 1320. Me questionam sobre as minhas razões para não deixar nunca de lembrar que temos falta de público, que nossa arrancada não atinge o nível profissional e assim por diante.

Bem, existe uma grande diferença entre falar mal e falar a verdade. Qualquer tipo de declaração dada por alguém do meio da arrancada é invariavelmente positiva, mesmo nas vezes em que conheço as histórias e sei que aquela declaração é grosseiramente incongruente com a verdadeira opinião do cara, o papo é sempre em um tom artificial de respeito.

Se um piloto leva para a pista um carro que não faz nada além de papelão, passa o dia falhando na reta e passando vergonha, o que se diz publicamente do coitado, é que "o carro está em acertos". Outro caso comum são aqueles carros com "900 cv comprovados em dinamômetro" mas que chegam na pista e marcam tempo condizente com 350 cv. Desses, costuma-se dizer que "falta chão". Se é citado o nome de um piloto ou preparador em público, os substantivos vem sempre acompanhados de adjetivos superlativos: "Fulano-de-tal, é um excelente preparador".

E a mídia especializada segue a mesma cartilha. Jamais apontam os defeitos de nada. Certa vez o Evandro Lima, antigo editor da Auto Power colocou na capa de sua revista um piloto de capacete e nariz de palhaço, num protesto contra a CBA. Aquilo foi uma rara demonstração de espinha dorsal nesse meio (ainda que o Evandro não tivesse grandes coisas a perder ao fazer a crítica). Mas essas iniciativas não vingam, pois não há suporte dos próprios prejudicados. Na edição posterior da Auto Power muitas dessas conhecidas "figurinhas carimbadas" estavam lá fazendo sua publicidade populista e dando os parabéns ao Evandro pela coragem, mas quando chegou o momento de agirem de acordo com o discurso, aqueles fervorosos idealistas se transformaram em pelegos da pior espécie, sendo capazes de tirar o casaco e jogar na lama para que os cartolas não sujassem os pés ao passar.

Mas fora esse rompante de ódio do Evandro contra a CBA, as revistas e sites jamais publicam qualquer verdade que possa "ofender" algum piloto, preparador ou organizador. Aliás, ainda está em moda aquele sistema onde aparecem dezenas de fotos em tamanho minúsculo do maior número possível de carros que participaram na prova, ao invés de darem o verdadeiro destaque à quem merece: Os vencedores!

Essa total falta de atenção à realidade me deixou particularmente perplexo no dia em que os argentinos da equipe Viturro vieram ao Velopark com sua Saveiro FLTD e em sua segunda participação com o carro bateram o recorde e ganharam a prova, vencendo todos os outros brasileiros em uma categoria brasileira, em solo brasileiro.

No momento da largada da final da FLTD, onde competiam João Roberto Tasso, com o Gol amarelo e a Saveiro dos hermanos, o locutor Pepe estava mais ocupado socializando e "mandando um alô" para Fulana de Tal, esposa de Não-Sei-Quem, ao invés de anunciar o pega mais eletrizante e mais importante do dia, na categoria que muitos consideram a "fórmula 1" da arrancada brasileira.

Na cobertura da Super Speed, a revista número 1 do meio no momento, a cobertura sobre esse dia trazia em destaque (mais uma vez) a foto do dragster do Alejandro Sanches, ao invés de fazer menção ao incrível duelo que... Teria (!!!) acontecido se o carro do Sapinho não tivesse ficado no pinheirinho enquanto Javier Di Maio sentava a bota e dava mais uma passada de 9 segundos baixos, levando a vitória daqui para sua terra. Mas isso não tem a menor relevância, afinal Brasil e Argentina nem são países de forte rivalidade no esporte...

Não pode haver um erro maior do que achar que se pode esconder do mundo as fraquezas de um esporte como a arrancada. Do que dizer que todo mundo é bom, que ninguém erra e que os eventos são sempre perfeitos. A dissimulação e a adulação são as sementes do fracasso.

Mais uma vez repito: Um esporte se torna profissional não com o dinheiro saindo do bolso do piloto, mas exatamente o oposto. E não é fazendo vistas grossas para as deficiências que vamos iludir os possíveis patrocinadores! A nossa arrancada tem vícios, que devem ser consertados e não ocultados.

Quando conseguimos um patrocinador para nossa equipe, o pior que podemos fazer pelo esporte é justamente ocultar esses vícios, pois mentira tem perna curta. Uma vez que o patrocinador perceber que o retorno não é o que ele imaginava, ele pode até não pegar o dinheiro de volta, mas com certeza abandonará o esporte para sempre, fechando atrás de si uma porta para muitos outros pilotos e equipes.

Se para falarmos a verdade tivermos que sair de cima do muro, então, para o bem do esporte é isso mesmo que temos de fazer! Ter a coragem de apontar os problemas através de uma crítica construtiva. Reconhecer fracassos assim como reconhecemos os sucessos. Aprender com eles ao invés de negá-los...

Esse é o verdadeiro caminho para a evolução.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Arrancada profissional?

Profissional:
pro.fis.si.o.nal adj m+f (lat profissione+al3) 1 Relativo, próprio ou pertencente a profissão: Ética profissional. 2 Que exerce uma ocupação como meio de vida ou para ganhar dinheiro: Soldado profissional. 3 Que exerce, por dinheiro, uma ocupação comumente exercida como passatempo: Futebolista profissional. 4 Exercido como meio de vida, ou pelo ganho, por profissionais ao invés de por amadores: Futebol profissional. 5 pej Que faz um negócio ou meio de vida de algo que não é propriamente considerado como tal: Político profissional. s m+f 1 Pessoa que exerce, como meio de vida, uma ocupação especializada: Os profissionais da publicidade. 2 Pessoa que faz por ofício uma coisa que comumente é feita por amadores: Os profissionais do futebol.

Pois bem... Como diz o dicionário, profissional é aquele que pratica alguma atividade visando o lucro. É aquele que faz de uma atividade o seu trabalho, que dela tira seu sustento. Assim sendo, pergunto: Quem são os profissionais da arrancada hoje no Brasil?

Quando se fala em "arrancada profissional", a tendência é lembrar das categorias homologadas pela confederação, através do sistema de restrições técnicas. Mas se a definição de profissionalismo for a que encontramos nos dicionários, isso não está correto. Quantas equipes profissionais temos no Brasil? Quantos pilotos?


E mesmo os preparadores e mecânicos, quantos vivem realmente de arrancada? Na grande maioria dos casos, mesmo para eles, arrancada não é profissão, é bico. Mecânicos e preparadores raramente conseguem se sustentar trabalhando única e exclusivamente para o mercado do esporte. Em muitos casos, o preparador sequer obtém bom lucro trabalhando em corridas, pois se deixa levar pela própria paixão sabendo que se cobrar como é certo, não há bolso de piloto que resista ao orçamento.

- A arrancada é um esporte muito querido por seus participantes que são muito fiéis: Alguns estão há mais de 20 anos no meio.

- A arrancada é um esporte de baixo custo para o padrão do automobilismo.

- Fora do Brasil a arrancada é um negócio milionário onde os orçamentos das equipes profissionais ultrapassam a casa do milhão de dólares e que atrai patrocinadores como o Exército dos Estados Unidos, a Guarda Nacional norte americana, companhias de petróleo, bancos, multinacionais do setor automotivo, as próprias montadoras de automóveis e até o McDonalds.

Mas porque então a arrancada não decola como esporte profissional aqui por essas bandas?

O profissionalismo depende do aporte financeiro, que vem primordialmente através dos patrocinadores. O interesse do patrocinador é muito simples: Ele quer fazer um bom negócio, esperando retorno financeiro de seu investimento, afinal, patrocínio não é caridade. Para que o patrocinador possa receber seu retorno em forma de publicidade, ele espera poder mostrar sua marca para um grande grupo de pessoas, que deve(ria)m estar na arquibancada do Velopark quando os carros passam exibindo a logomarca da empresa dele.


Se o carro vence a prova então, é melhor ainda! Mas para isso ter um valor efetivamente maior, o carro deve aparecer na mídia, devido à IMPORTÂNCIA do evento para o PÚBLICO EM GERAL. O evento precisa ter uma importância real para a comunidade e não só para um pequeno grupo de praticantes e seu círculo próximo. Tem de ser notícia na TV, nos jornais, nas revistas e na internet.

Se não for assim, tanto faz patrocinar um vencedor ou um perdedor, pois dessa forma, os carros não são mais do que placas ambulantes que circulam pela pista e tanto o vencedor como o perdedor se apresentam para o público o mesmo número de vezes. E se um carro está no mesmo patamar de uma placa, quem irá investir nele que dá apenas algumas passadas pela pista na frente de poucas mil pessoas, quando um backlight de parada de ônibus, por exemplo, fica durante semanas no mesmo lugar e é visualizado por centenas de milhares de vezes nesse período?


A resposta é simples: centenas de milhares de pessoas não amam a parada do ônibus. A diferença entre colocar o nome da empresa em um carro e em um painel do tipo outdoor, é que as pessoas amam os carros. Amam as competições. Conhecem as equipes e os pilotos e esse sentimento se transfere em parte ao patrocinador. Apostando nisso é que o U.S. Army patrocina equipes caríssimas na NHRA, esperando que mais jovens tenham uma boa opinião sobre o serviço militar. E o oposto também pode ser válido: Quem não lembra o boicote dos gremistas aos produtos Parmalat quando o Grêmio enfrentou o Palmeiras na época do Felipão, Jardel e Paulo Nunes? Isso nos lembra que não é importante para o patrocinador apenas saber onde colocar o dinheiro, mas também onde não colocar.

Com patrocínios vem o dinheiro. Com dinheiro a equipe custeia a estrutura necessária e paga os PROFISSIONAIS que nela trabalham. Quanto mais profissionais trabalhando, mais compromisso se exige deles. Quanto mais cabeças trabalhando com compromisso, mais evolução teremos. A chave é simples: Conquistar o público. O restante é consequência.


domingo, 23 de novembro de 2008

Viva seu sonho.

Burt e sua moto em Bonneville Salt Flats

Assim como na última atualização do 402m, vim aqui hoje para falar sobre sonhos que podemos viver. Tenho visto não só nesses anos mais recentes de AD, mas já há bem mais tempo, que algumas pessoas parecem ter medo da felicidade. Colocam obstáculos infindáveis entre a vida que levam e a que gostariam de levar.

Dizem que correr é caro demais, que é necessário muito equipamento e dão todo o tipo de desculpas tentando justificar o fato de ficarem na arquibancada criticando aqueles que lutam na pista para obter algum resultado, muitas vezes escarnecendo deles quando sofrem revéses, apontando todas as falhas como se fossem óbvias e como se eles próprios fôssem infalíveis.

É fato mesmo que muitas vezes nos atrapalhamos na pista, sobretudo quando temos pouca experiência e nos aventuramos sem a ajuda de um "especialista". Mas essas pessoas ao menos têm a coragem de se expor. De se arriscar ao sucesso ao mesmo tempo que se arriscam ao fracasso.

Com êxito ou não, é assim que escrevemos nossa trajetória no mundo: Tentando. Aquele que nada faz, nada vive e pode debochar dos outros o quanto quiser, pois haverá de chegar um dia quando todos ficaremos velhos demais para as atividades que requerem mais vigor. E quando essa época chegar para nós, será como diz o ditado: "Quando você for contar histórias aos seus netos, vai usar a memória ou a imaginação?"

Para aqueles que sempre se queixam de dinheiro, deixo aqui a seguinte dica: Conheçam a história de vida de Burt Munro. Existe muita informação sobre ela na internet e também no filme "The World's Fastest Indian", estrelado por Anthony Hopkins.

Anthony Hopkins interpretando Munro no filme "The World's Fastest Indian" (2005)

Herbert Munro nasceu no final da década de 1890. Em 1920, adquiriu zero km uma motocicleta Indian Scout, que modificou durante toda a sua vida. Ele era um sujeito de poucas posses, mas o fato de não poder comprar peças especiais para sua moto não o impediu de modificá-la. Em 1938 ele bateu o recorde de velocidade para motos da Nova Zelândia, o que posteriormente conseguiu fazer mais sete vezes.

Decidiu então ir à Bonneville, para tentar bater o recorde mundial de velocidade para motos abaixo de 1000 cc. Lá Burt estabeleceu três recordes e atingiu a velocidade de 295.44 km/h, marca que até hoje ainda não foi batida em sua categoria. E em uma passada de qualificação, sua moto chegou a atingir mais de 300 km/h. Pode parecer pouco perto do que conhecemos hoje, mas isso foi em 1967 e Burt estava com 67 anos de idade, pilotando a mesma Indian fabricada em 1920.

Para atingir 300 km/h uma motocicleta antiquada da década de 20 que originalmente tinha menos de 15 cv, precisava muitas modificações. Burt, sem poder pagar por elas aprendeu fazendo e fabricou as peças necessárias ele mesmo, em sua casa com os recursos de 50 anos atrás. Mas apesar de todas essas dificuldades, Munro alcançou fama mundial, foi incluído no Motorcycle Hall of Fame e sua vida foi retratada em dois filmes.

Então, desculpas como "sou muito velho", "não tenho dinheiro suficiente" e "meu carro é antiquado", não servem mais. Para tudo existe solução quando se tem a coragem de viver o sonho.


Burt Munro e sua Indian Scout 1920 modificada

sábado, 22 de novembro de 2008

NETiqueta e a inclusão digital.


Os professores do meu colégio de primeiro grau costumavam perfilar os alunos em frente à escola, onde estavam hasteadas as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul e também do colégio. Alunos eram selecionados para hastear as bandeiras, o que era considerado um privilégio. Ao mesmo tempo era cantado em coro o hino do colégio, que falava sobre "a busca constante do ser", a amizade e outras virtudes, além da honra de levar adiante na vida futura, os valores aprendidos naquele convívio.

Aquele era um colégio público, localizado em uma zona de classe média da cidade, o que significava que tínhamos colegas de todas as classes sociais, desde filhos de empregadas domésticas e operários, até filhos de profissionais liberais, comerciantes e outras pessoas que podiam pagar um colégio particular, mas ainda confiavam na educação pública. A relevância disso, é que principalmente os alunos de famílias mais abastadas aprendiam a respeitar os outros colegas menos providos, nem que fosse na base do tapa.

Naquela época, a década de 80, o futuro para nós seria nos formarmos, trocarmos de colégio, frequentarmos clubes (ou não) de acordo com nossa faixa de renda, irmos ou não para uma faculdade, escolhermos uma profissão e buscarmos os círculos de convivência de acordo com nossa preferência, onde iríamos interagir com pessoas da nossa escolha. Era tudo muito concreto e plausível e cada um com certeza comprendia seu status e seu papel no grupo. Se quiséssemos nos destacar, teríamos que fazer por merecer. Não havia como se esconder atrás de aparências, exceto é claro pelas histórias românticas que víamos nas novelas da Globo.

Mas o futuro mudou e hoje em dia é tudo diferente. Com a internet, veio a voz para todos. Consumimos e produzimos informações no mesmo ritmo. Disponibilizamos cultura pelo meio virtual da mesma forma que a Rede Globo. Isso fez com que surgissem comunidades virtuais para discussão de assuntos de todos os gêneros, desde o cultivo de hortas comunitárias até a política na arrancada. O problema é que nem todo mundo tem capacidade para controlar um meio de informação de forma minimamente decente.

Ao entrarmos em uma lista de discussão ou fórum virtual, não sabemos de fato quais são as regras. Podemos saber aquilo que nos é divulgado no momento da filiação, mas nada garante que as coisas sejam realmente daquele modo, pois não há lei que regule isso. Não é possível saber, por exemplo ao filiar-se ao clube do honda, que seus mantenedores são jovens de classe média alta sem responsabilidade e que irão censurar qualquer coisa que você disser, quando eles não gostarem. Como por exemplo, comentar positivamente sobre um video de uma arrancada em local adequado, na qual um honda vence um carro com motor V8: Quem em sã consciência vai imaginar que ao exaltar um honda, no clube do honda, está se arriscando a ser excluído? Que os caras são um grupinho de veoiteiros enrustidos? E sabendo como são as regras reais, que tipo de pessoa continua filiada à um clube assim?

Por isso as verdadeiras regras ficam sempre ocultas.

Outro problema virtual, é que as pessoas podem se esconder atrás da tela de seu computador, através dos famosos "fakes", falando assim o que bem entendem, mas sem revelar sua identidade evitando covardemente qualquer retaliação. Frequentemente pessoas são pegas discutindo consigo mesmas ou se auto-adulando publicamente com seus perfis falsos e verdadeiros de internet. O que é no mínimo patético...

O ponto é que em um convívio virtual de pessoas que estão muito distantes entre si, não existe o respeito decorrente do medo de levar um cascudo quando faltar com a educação. É como aquela criança que vai ao zoológico e fica provocando o macaco dentro da jaula: Enquanto existe uma distância segura, ela irá agir da pior maneira, sabendo que irá ficar impune. Mas algumas vezes quando essas "crianças" virtuais calculam mal a distância, mexendo com gente que está perto demais, a coisa acaba em tragédia, como ocorreu alguns anos atrás na Nilo Peçanha em uma briga causada por desentendimentos iniciados pela internet, na qual um rapaz caiu de cabeça no chão e acabou morto.

Quanto menor o nível cultural e ético da pessoa no comando da comunidade virtual, maiores as chances de o associado estar se colocando a mercê de situações potencialmente desagradáveis, de estar se colocando na posição de um macaco preso numa jaula, enquanto as crianças mimadas lhe atiram pedras toda a vez que ele não fala em uníssono com o restante do grupo.

Em um país de contrastes muito maiores que uma escola pública em um bairro de classe média, sabe-se lá quem irá se filiar à comunidade virtual da qual você faz parte. A inclusão digital vem dando acesso aos pobres - eu me refiro àqueles que não tem dinheiro - à esse mundo virtual. E isso é uma grande coisa, pois nesse aspecto todos os brasileiros ficam no mesmo nível...

Será?

E os pobres de espírito? Os deficientes em valores? Aqueles que cresceram em um apartamento acarpetado de 80 mm, não jogaram bola no campinho com um mendigo "atacando no gol" de seu time, não correram de carrinho de lomba, não ralaram os joelhos e não aprenderam que o respeito é bom e conserva os dentes?

Esses podem estar incluídos digitalmente, mas e socialmente? Moralmente? Essas pessoas na minha opinião deveriam ser presas na jaula dos macacos, mesmo que pra isso os macacos tivéssem de ser soltos, pois eu acho que eles atrapalhariam menos.

Educação e boas maneiras, respeito, valores elevados em geral, é muito para pedir. Mas quem sabe, já que o convívio é somente virtual mesmo, essas pessoas não poderiam aprender ao invés de etiqueta, a NETiqueta?

Provavelmente não.

Só nos resta esperarmos a microsoft e os fabricantes de computadores implementarem o "shock". Será um dispositivo similar ao "chacoalhar" do msn, só que ao invés de tremer a tela e fazer barulho, o interlocutor mal-educado levará um belo choque de 20 000 volts.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Arrancada: Como evoluir?

Camaro da ADRL: 3,873 segundos em 201 metros.

A arrancada no Brasil surgiu como o "quilômetro de arrancada", onde arrancavam dois veículos e ao final, aquele que chegasse na frente vencia. Posteriormente, foi criado um sistema baseado nas regras da NHRA, que através de Wally Parks, unificou os rachas de rua, padronizou-os e transformou-os em um esporte, disputado em pistas de 1/4 ou 1/8 de milha. A disparidade entre os carros fez com que fossem criadas separações: São impostas restrições técnicas aos carros, de modo que sejam similares o suficiente para poderem disputar uma corrida em equilíbrio. Motor, peso, pneus e chassi, assim como o próprio combustível, são restritos de acordo com as regras de cada categoria.

Wally Parks em um de seus Hot Rods

Esse sistema foi trazido para cá por fãs da arrancada que copiaram o padrão NHRA. No entanto, para decepção deles, o Brasil não é associado aos EUA como Porto Rico e os carros por aqui nada tem a ver com os de lá. Enquanto a arrancada deles é composta por maciça maioria de motores V8, a nossa é composta também quase que em sua totalidade por motores 4 cilindros VW. Então as categorias e o sistema de restrições técnicas foram adaptados aos carros que existiam por aqui.

NHRA PRO STOCK: 6,31 segundos nos 402 metros

Na NHRA existem cerca de 200 categorias diferentes, mas apenas 9 delas competem exclusivamente pelo sistema de restrições técnicas. São as chamadas "4 profissionais": Top Fuel, Funny Car, Pro Stock e Pro Stock Motorcycle. Somam-se à essas as categorias Top Alcohol Dragster and Top Alcohol Funny Car além das "3 super": Super Comp, Super Gas, e Super Street. As categorias restantes são compostas de carros de diferentes categorias e utilizam um sistema de "largada atrasada", no qual o carro mais lento larga na frente de acordo com um índice de referência por categoria.

Basicamente, apenas 5% da arrancada que é regida pela NHRA hoje em dia, corre exclusivamente pelo sistema de restrições técnicas. Todo o restante utiliza um sistema de equalização de tempos e "handicap start" ou "bracket racing" ou ainda "dial in". Esse sistema é utilizado em larga escala, pois é uma forma de tornar a competição menos dependente de grandes injeções de dinheiro, privilegiando não só a capacidade de um carro andar mais rápido que o outro, mas sim a possibilidade do piloto competir com o carro que possui. Por isso o enorme sucesso entre os pilotos amadores e "weekend racers".

No Brasil entretanto, as regras foram adaptadas excluindo esse sistema, que sustenta a base de todo o esporte. Por aqui não há uma unificação, mas existe um tipo de padrão de similaridade entre as categorias. Temos cerca de 15 a 20 categorias chamadas "profissionais", dependendo do organizador do evento. E até antes da criação da Associação Desafio, existia apenas UMA categoria para amadores, limitada a 9,5 segundos no 1/8 de milha e 15 segundos no 1/4 de milha. Isso começou a mudar em 2006, quando a AD foi a pioneira ao utilizar o sistema de classes de tempo.

Hoje esse sistema já está mais popularizado, contudo, ainda existe uma tremenda confusão na arrancada por aqui. Existe um grupo de categorias chamadas "street":

- ST, ou Standard, que comporta carros de tração dianteira que em teoria seriam "originais".
- STD, ou Street Tração Dianteira, que regula a participação de carros de rua com tração
dianteira e motor modificado através de "preparação aspirada", ou seja: Sem sobrealimentação.
- STTD A, ou Street Turbo Tração Dianteira A. Também é conhecida como "turbo A". Carros "de rua" turbinados e com tração dianteira. O "A", significa que entre as "STTD", a "divisão A" é a dos carros menos restritos.
- STTD B. O mesmo que a anteriormente descrita, porém com algumas restrições a mais, com o intuito de redução de custos.
- STTD C. Para carros turbo "de rua" com diversas restrições técnicas, com o intuito de reduzir ainda mais o custo de participação.
- STT, que é para carros "de rua" com tração traseira.
- STTT, que abriga os carros "de rua" com tração traseira e turbo.

Todos os veículos nessas categorias devem ser de grande produção e fabricados no Brasil e devem obrigatoriamente utilizar pneus de rua. Para todos os outros veículos "de rua" fabricados em outro país, sejam eles 3 ou 12 cilindros, sobrealimentados ou não, com tração traseira, dianteira ou nas 4 rodas, existe a categoria "import".

Teoricamente, esses carros deveriam ser "amadores", visto que os regulamentos dessas categorias buscam em grande parte a redução de custos através da proibição do uso de certos equipamentos. Contudo, ao restringir o regulamento técnico, o que ocorre é justamente o oposto. 90% dos carros encontrados nessas categorias não são de fato "street" ou "de rua". Seja porque utilizam combustível ilegal como metanol ou nitrometano, porque sua preparação os impossibilita de funcionar normalmente, ou simplesmente porque são veículos "não documentados" ou "de baixa" - que não estão autorizados pelo DETRAN a trafegar nas vias públicas.

Isso significa que são automóveis exclusivos para competição, o que torna o termo "street" e a idéia de ser um "carro de rua" completamente inútil como instrumento de restrição de custos. O que de fato acontece, é que os pilotos e preparadores acabam gastando muito mais para chegar aos limites do equipamento e torna-se mais competitivo aquele que tem a disponibilidade financeira para quebrar mais motores.


Gol STTD-A "de rua"

Gol STTD-A "de pista".

Essas categorias concentram a maioria dos pilotos de arrancada do Brasil. Porém, seria muito mais razoável que os pilotos que possuem o orçamento para participar de uma categoria nesses moldes, migrassem para as categorias de "força livre", onde participam carros de competição realmente rápidos, que possuem um custo de manutenção naturalmente mais alto, deixando para os amadores a competição de carros realmente "de rua" e com carros de corrida de verdade, darem o show para os espectadores.

Em decorrência do alto quórum nas "street profissionais" e do desconhecimento sobre o sistema de tempos, muitos amadores optam por nem participar, uma vez que sabem que nunca terão chances contra aqueles que podem investir muito mais. E além disso, poucos pilotos se aventuram nas categorias de "força livre", optando por uma ilusória redução de custos propiciada pelas categorias "street". Isso tudo resulta em um grid muito pequeno de carros que realmente são interessantes de assistir, tornando as provas uma maçante exibição de Gols de todas as cores, anos e modelos, andando na casa dos 11 segundos para cima.

Isso contrasta fortemente com a arrancada de qualquer outro lugar do mundo, principalmente com a dos EUA, que ironicamente foi a ideologia (mal) copiada por aqueles que redigiram os regulamentos que hoje vigem no Brasil. Mas esqueçamos os norte americanos, pois em arrancada eles estão anos-luz na nossa frente. Utilizemos como exemplo a Austrália, o Japão, a Inglaterra. Em todos esses países existe a diversidade de modelos e mais que isso: Os regulamentos permitem que o amador seja amador, correndo por puro prazer e que o profissional dê show, empolgando a arquibancada com carros que cruzam os 402 a mais de 300 km/h e tiram o fôlego dos espectadores.

Toyota Aurion de arrancada da equipe de fábrica na Australia: 6 cilindros e 1650 cv.

E o mais importante: Existe lugar na pista para os amadores que tem orçamento limitado e esses não se confundem com os profissionais. Assim cria-se uma base sólida e o esporte cresce. Sem os amadores, a arrancada não tem força. É preciso conquistar o público para que ele se apaixone pelo esporte. E que melhor maneira de fazer isso, do que tirando-o da arquibancada e levando-o para a pista? Que outro tipo de automobilismo permite que as pessoas participem com o carro que possuem em uma prova cronomentrada?

A arrancada tem o que é necessário para se tornar um esporte com grande apelo às massas. Mas para isso é preciso colocá-a no coração das pessoas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O gigante adormecido.


Dizem que o Brasil é o "gigante adormecido", pois tem um imenso potencial ainda não realizado. Temos riquezas incontáveis, território vasto e fértil... Enfim. Mas tudo isso ainda não fez com que nosso país rico conseguisse extender essa riqueza aos seus cidadãos. A má distribuição de renda, a corrupção, a incapacidade dos governantes fazem com que continuemos deitados eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo.

Coisa parecida ocorre com a arrancada gaúcha. Antigamente se dizia que era falta de uma pista. Hoje temos nada menos do que Guaporé, Santa Cruz do Sul e Velopark com possibilidade para 402 metros, além de Tarumã, Frederico Westphalen e Antônio Prado. Sendo que duas dessas pistas são específicas para arrancadas e uma delas é a melhor pista da américa latina. Local é o que não falta e aparentemente o problema nunca foi esse, afinal já foram realizadas provas no Complexo Cultural do Porto Seco, em distritos industriais de cidades da região metropolitana, em rodovias e em avenidas.

Mas então, qual o problema? Por que as provas não atraem público?
Estive ontem em uma etapa conjunta do Brasileiro e Gaúcho de arrancada no Velopark. Uma pessoa que não entende muito do esporte poderia imaginar que seria uma grande festa, com pista e arquibancada lotadas, já que reuniria a competição mais importante do Brasil e a competição mais importante do estado na melhor pista do país.

Ledo engano. Poucos carros na pista, pouca competição e as arquibancadas com menos de 10% de sua capacidade. Mais uma vez saí da pista com aquele sentimento de que esse esporte não está sendo tocado com competência ou inteligência pelas cabeças que o organizam.

Mas os pilotos também tem sua parcela de responsabilidade. Não existe união dos em prol da arrancada. Eles enxergam apenas as vantagens em potencial para si mesmos e ficam felizes quando só há tres carros por categoria, assim todo mundo leva um troféu para casa. Quanto mais categorias melhor, quanto mais troféus melhor.
Conformismo e individualismo.

Os regulamentos são antiquados e não propiciam carros realmente rápidos com custo acessível. Na verdade fazem o exato oposto, criando carros muito caros e que não empolgam a arquibancada.
Falta de visão.

Não há disputa na pista. Os carros correm sozinhos, pois mesmo quando alinham ao lado de outro competidor, essa disputa não tem valor algum. Só o que vai valer é o tempo mais baixo no final do dia. Não surpreende que em épocas como essa, um recorde tenha mais valor que uma vitória e que culturalmente falando, seja "bonito" que um carro entre na pista, faça um tempo muito baixo e depois no final da reta o motor tenha que ser recolhido do chão com uma pá.
Apego ao único valor incontestável que restou.

O resultado é uma competição que não empolga ninguém a não ser os próprios pilotos e preparadores, e quem sabe, alguns amigos e familiares. E toda essa situação dá a impressão de que a arrancada segue somente em inércia, baseada no que foi criado anos atrás, do mesmo modo que uma barata consegue sobreviver por semanas sem a própria cabeça.

Mas e a evolução? E o aporte financeiro? Os patrocínios? O público?

Tudo é interligado de uma forma elementar: O público quer ver espetáculo e não corrida de compadres. Os patrocinadores não querem corrida, eles querem expor sua marca para o público. Com a participação dos patrocinadores chega o aporte financeiro e com dinheiro em caixa, as equipes podem buscar a evolução.

A pergunta que fica então é a seguinte: Quem vai puxar esse movimento? Hoje essa cadeira está vazia.

domingo, 16 de novembro de 2008

É líquido e certo.


As dificuldades acontecem para todos. É líquido e certo. Por mais que façamos tudo da melhor forma, sempre existirão problemas que não estavam na lista. Isso porque arrancada é um esporte onde forçamos limites. A simplicidade da competição empurra os pilotos e preparadores aos limites do carro, do motor e de sua capacidade de controlar algo que nem sempre "quer" ser controlado.

Os limites que costumamos forçar com mais frequência são os mecânicos. Todos os mecanismos de um carro de arrancada são forçados muito mais do que foram projetados para ser, assim surgem problemas onde menos imaginamos e poucos tem a chance de ter todas as peças de reserva. Por isso, devemos nos precaver da forma mais inteligente possível, levando para a pista algumas peças chave que podem fazer a diferença até no momento de diagnosticar um problema.

Se temos problemas de mistura, ter no box peças como injetores, bobinas e velas é uma boa pedida. Ao trocarmos as peças por outras novas, encontramos o problema ou descartamos essas possibilidades. Quanto mais caro é o nosso carro de corridas e quanto maior o custo para levarmos ele para a pista, mais peças de reposição faz sentido levarmos conosco. Peças de motor, transmissão e componentes do gerenciamento eletrônico do motor são a escolha mais lógica. As peças sobressalentes necessárias também tem muito a ver com as características do carro: Aqueles que usam pneus do tipo DRAG podem precisar de um conjunto de rodas com pneus já montados, por exemplo.

Mas nada é mais importante do que a antecipação. O dia da corrida não serve para acertos básicos do carro como a geometria da suspensão ou o mapa de injeção e ignição. O máximo que uma equipe competitiva deve fazer, são pequenas correções nos ajustes já determinados em treinos ou no dinamômetro. Assim, a maioria dos problemas será evitada, pelo simples fato de que eles irão aparecer antes e assim existirá tempo hábil para resolvê-los de maneira adequada.

Outra providência muito importante é fazer uma lista das tarefas que seu carro necessita para correr na pista. Mesmo o carro mais básico irá precisar de um calibrador de pneus e um soquete para retirar as velas, bem como velas sobressalentes, por exemplo. Carros com nitro precisam de chaves para montagem e desmontagem dos solenóides, que podem travar e precisar de uma revisão no box, além de giclês de vários tamanhos para fazer ajustes de mistura. Carros com turbo podem precisar de ferramentas e peças sobressalentes para caso de rompimento ou desencaixe dos mangotes da pressurização e assim por diante. Enfim, todas as ferramentas necessárias para que sejam trocadas todas as peças sobressalentes que levarmos para a pista, afinal, de que adianta levar as peças, se não temos ferramentas para trocá-las?

Assim mesmo, pode ser que sejamos surpreendidos com alguma falha que não previmos, ou até mesmo uma que seja tão grave que não possa ser consertada na pista. Nada e nem ninguém é invulnerável à falhas, mas o importante é que essas falhas não sejam decorrentes de nossa imprevidência, desatenção ou quem sabe até causadas por nossas atitudes.

E se acaso acontecer o pior e nosso carro nos deixar na mão, o mais importante de tudo é que devemos aprender com nossos erros, para jamais repetirmos a atitude ou descuido que causou a quebra. Afinal, "herrar é umano", mas repetir o erro...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Just Do It.


2008 tem sido um ano de renovação para a AD. Algumas pessoas saíram e muitas novas entraram. Outras renovaram seu compromisso com a AD através da participação no fórum e principalmente em seu campeonato. O resultado foi um grupo mais unido, com mais afinidades.

O grupo ainda é - e assim espero que continue - muito diverso, com várias faixas etárias, vários níveis de renda e reune também profissionais de diversas áreas, que buscam no convívio da AD, um meio de extravasar a tensão do trabalho, quebrar a rotina.

Uma dessas pessoas é o Custódio, também conhecido como CCCA. Ele apareceu na AD junto com o Gustavo, inspirados pelo trabalho e resultados do RaFASTra que montou seu carro sozinho, com a ajuda dos amigos. Os dois compraram um FIAT 147 e resolveram participar desse mundo das corridas, dos carros e da mecânica. Sendo dois advogados sem muita experiência prévia, ninguém se arriscou a fazer prognósticos.

Mas eles estavam determinados. Compraram as peças necessárias e sem grandes gastos, decidiram montar um projeto simples, à título de aprendizado. E como aprenderam! Se eles pudessem voltar pra 1976, receberiam emprego como mecânicos em qualquer oficina especializada em Fiat ou até quem sabe, como mecânicos dos 147 de corrida que sempre aparecem no blog do sanco. Hoje esses caras montam e desmontam o motor desse carrinho mais rápido do que a galera consegue comer os churrascos assados pelo Timmers.






E o carro evolui a cada prova, baixando sempre seu tempo, apesar das dificuldades, pois são dois mecânicos recentemente "formados" e o carro ainda é muito novo, pois tem mal e mal meio ano de existência.

As vezes ele anda bem, as vezes ele resolve falhar, as vezes eles montam a junta do cabeçote virada ao contrário e as vezes ele quebra. Mas tudo é um aprendizado e os amigos estão sempre por perto, então tudo é feito sempre com alegria. E essa alegria é tanta, que eles já institucionalizaram os encontros da galera no QG do 147 e os "eventos" já estão tão movimentados, que eles colocaram até um nome: 147 folia! E como se não bastasse, criaram até um logotipo, misturando o brasão da Abarth com o emblema da AD, o logo do Sul Folia e uma foto do 147!


Eles tem também seu próprio blog, o fiat147turbo.blogspot.com que está sempre atualizado e faz muito sucesso entre os membros da AD. Além de tudo, é acessado por visitantes de várias partes do Brasil e do mundo, interessados no projeto do 147 feito por dois advogados.



A lição que o Custódio e o Gustavo nos ensinam, é que a arrancada pode ser um esporte de confraternização e que um carro de corrida pode ser a peça central do convívio de muitos amigos, antigos e novos. E que onde tem ação, sempre vai ter uma galera participando e querendo ajudar.

Esse tipo de atitude resgata o espírito da arrancada nos tempos de sua criação, quando o mais importante era exatamente isso: Construir, correr e dividir a experiência com os amigos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

High Stakes


Poker, como todos sabemos, é um jogo de cartas. Jogos desse tipo, são considerados "jogos de azar" pois a possibilidade de ganhar ou perder não depende da habilidade do jogador, mas sim exclusivamente do azar do apostador. Contudo, a atração particular pelo poker advém do fato de ser um jogo onde vale mais a perspicácia do jogador do que sua combinação de cartas.

High stakes significa "apostas altas". A diferença entre o jogo de cartas por recreação e o jogo por dinheiro, basicamente é a adrenalina da incerteza. E esse pode ser um prazer muito caro. Muitas pessoas já perderam tudo que tinham por ficarem viciadas nesse rush. Na Associação Desafio, já é uma tradição fazer apostas nos carros e pilotos durante a corrida na arquibancada. Mas apostam-se apenas algumas moedas. Os pilotos totalmente alheios à essas brincadeiras, só pensam aprimorar suas puxadas e alcançar suas próprias metas.

Jogar com alegria, pelo prazer do jogo.

É um belo conceito, a base do nosso famoso futebol arte e de todos os jogos recreativos. E assim é também na arrancada, talvez até mais do que em outros esportes. O piloto vive em função de seu carro e suas metas. A reta sempre tem 402 metros e o objetivo é sempre baixar o tempo. Isso cria uma espécie de harmonia, na qual cada um busca a evolução no seu próprio ritmo. Não existe pressão, é apenas você, seu carro e os 1320 pés. E isso pode ser muito divertido para quem compreende e ama esse esporte.

Mas nem tudo são flores. Em toda competição, o objetivo é a vitória e toda a vitória é uma conquista. É aí que a harmonia e o equilíbrio vão por água abaixo. Quando a competição aperta, tudo mais fica em segundo plano: Só o que vale é chegar na frente do carro que está ali ao lado. É como dizem os comentaristas quando um jogador amarela em um jogo importante com a camiseta canarinho: "Sentiu o peso do uniforme". Como um jogador de cartas que abandona a rodada quando as apostas ficam altas demais.


E na arrancada também é assim. O campeonato AD se encaminha para sua última prova, onde serão definidos os primeiros lugares e também o campeão. Esse ano mais uma vez o Gol bola turbo de Sérgio Fontes está na decisão, mas dessa vez ele vai disputar com Felipe Hill e sua puma GTB turbo.

Eles não irão se enfrentar na pista, pois Sérgio é da classe 12 e Felipe da classe 13. Assim, a briga será na pontuação. O vencedor só será conhecido após o final da prova, pois ambos dependem não só de seus próprios resultados, como também dos resultados um do outro. E ambos dependem ainda do resultado dos outros competidores!


É eletrizante! Cada puxada será uma final e ambos serão pressionados ao limite. Não há lugar para erros, pois uma largada queimada decidirá o campeonato. Uma quebra de equipamento que não puder ser resolvida na pista irá tirar todas as chances do piloto. Tudo irá depender da vitória dos pilotos em sua própria classe de tempo e quem vencer vai levar o caneco. Se os dois ou nenhum dos dois vencerem, Felipe tem uma chance um pouco maior, mas ainda existe em jogo a bonificação de melhor reação. Assim, se Felipe vencer a 13 e Sergio ganhar a melhor reação, os dois ficam praticamente em empate!


Não se sabe o que vai acontecer, mas as estratégias já devem estar traçadas. Felipe precisa vencer a 13, garantindo-se assim para o caso de Sérgio vencer a 12. Já a equipe Maranello Pinturas precisa levar a 12 com o Gol do Sérgio e tirar a 13 de Felipe com o Passat turbo do Tuio, abrindo caminho para levar o primeiro e terceiro lugares do campeonato.

Como no futebol e no poker, vai vencer aquele que souber aproveitar melhor as cartas que tem, contando não só com a sorte, como também com sua habilidade e estratégia. Sabemos do que os dois carros e seus pilotos são capazes quando correm pela AD em um clima de amizade, mas o que acontece quando as apostas ficam mais altas? Quem vai aguentar melhor a pressão?

O Taoísmo diz que devemos agradecer quando temos a oportunidade de competir com um grande adversário, pois se o vencermos, será uma grande vitória e se formos derrotados, será um grande aprendizado.

De qualquer modo, ganhando ou perdendo, posso dizer que invejo ambos, pois enquanto nós vamos ficar na arquibancada apostando algumas moedinhas eles terão o provilégio de estar na pista, apostando em si mesmos. Mas não o vil metal e sim o trabalho de um ano inteiro de campeonato, experimentando a adrenalina de praticar drag racing at high stakes!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Weapon of Choice

"Prá que perder tempo
Desperdiçando emoções
Grilar!
Com pequenas provocações
Ataco, se isso for preciso
Sou eu quem escolho e faço
Os meus inimigos...

Saudações, a quem tem coragem
Aos que tão aqui
Prá qualquer viagem
Não fique esperando
A vida passar tão rápido
A felicidade
É um estado imaginário..."


A vida é curta. Ao menos é o que dizem todos os meus amigos mais velhos que eu. Eles me contam que um dia acordaram, olharam no espelho e repararam que 30, 40, 50 anos... Passaram como um raio. E é verdade... Esses dias me olhei no espelho e vi que pra mim também já tinham passado 30. Coisa que pouca gente nota quando eu estou no meio da gurizada, de bermudão e boné virado prá trás.

É rápido mesmo. O quanto antes a gente entender isso, mais cedo virá a inevitavel conclusão de que não dá para ficarmos perdendo tempo com "teorias", "filosofias" e outras "ias" que em nosso íntimo costumamos acalentar.

Então o que fazer? Por onde começar?

Na verdade, é simples. Começamos buscando conselhos de leis mais concretas que filosóficas: Ao invés de escutarmos teorias de pessoas que não fazem nada, vamos dar uma olhada na física:

O duelo: Arrancada
As regras: Percorrer os 402 metros em menos tempo que o adversário
Arma: Seu automóvel

Do ponto de vista da física, o que é então a arrancada?

Basicamente é percorrer uma dada distância, no menor tempo possível. Assim, estamos lidando com duas coisas diferentes: Trabalho e potência.

O significado da palavra trabalho, na Física, é diferente do seu significado habitual, empregado na linguagem comum. O trabalho, na Física é sempre relacionado a uma força que desloca um corpo de uma determinada massa (ou um carro, no nosso caso).

E a potência é o trabalho realizado durante um determinado tempo. Um carro é mais potente que o outro (idêntico) quando ele arranca mais rápido e percorre uma dada distância num intervalo de tempo menor do que o primeiro.

Aí então já verificamos as variáveis mais importantes na arrancada, do ponto de vista físico:

Massa = peso do carro
Força = potência do motor do carro

Dessas duas simples variáveis é que surge toda a complexidade do esporte. Mais peso requer mais energia para realizar o trabalho no mesmo tempo. Assim um carro mais potente e pesado, pode realizar o trabalho tão ou mais rapidamente que um carro leve e menos potente. Porém mais potência significa que mais força será aplicada em todos os sistemas do carro, forçando-os mais. E em última instância, significa que mais força será aplicada ao solo através do pneu.

Daí decorrem outras duas variáveis muito importantes:

Tração: Significa a grosso modo, a capacidade que os pneus tem para transmitir a força para o solo. Quanto mais largos e macios, mais tração os pneus fornecem e mais força é transmitida para o solo. A capacidade de tração de um determinado pneu está ligada à diversos fatores, mas sendo os mais importantes, justamente o peso do carro e a força aplicada: Quanto mais leve o carro, menos tração é exigida. E quanto mais potente é o carro, mais tração é exigida do pneu. Se for transmitida mais força ao pneu do que ele consegue tracionar, ele irá deslizar e a força será dissipada através do atrito, convertendo a energia mecânica em calor. "Fritar" os pneus, é literalmente desperdiçar energia.

Quebras: Todos os sistemas do carro possuem um limite. Quanto mais força - ou potência - aplicamos nesses sistemas, maior o risco de um colapso. Motor, caixa de transmissão, semi-eixos, juntas homocinéticas e até os parafusos das rodas são sujeitos a um enorme esforço em uma arrancada. Quanto mais leve for o carro, menor a chance de quebras e consequentemente, menos necessidade de reforços nesses sistemas. Quanto mais pesado, é justamente o oposto.

Então, tendo dito tudo isso, fica fácil de perceber que o carro ideal para arrancada é o mais leve e o mais potente possível, com pneus que sejam adequados para movimentar o peso do carro através dos 402 metros sem desperdício de energia, realizando o trabalho da forma mais rápida possível. Isso tudo é o que você precisa saber para escolher e começar a aprimorar a "arma de sua escolha", ou weapon of choice, como na música do Fat Boy Slim.

Bem, após tanta física, até podemos extrair uma lição filosófica:

"Uma vez que você aceitou o duelo, escolheu a sua arma e foi derrotado, você está morto".

E morto não fala. Ao menos não deveria, afinal de contas, enumerar os defeitos do seu carro na esperança de justificar a sua derrota ou de diminuir a vitória de seu adversário, é no mínimo a atitude de um mau perdedor. De fato, a culpa não é dele se você escolheu ir à luta armado com um canivete.

Não se perca em um mar de regras intrincadas, não se deixe abater por filosofias derrotistas, não dê ouvidos ao menosprezo daqueles que não tem a coragem para sair da arquibancada. Tenha você a ousadia de ir para a pista e fazer o melhor que puder, pois o denominador desse esporte é muito simples:

Você, seu carro, seu dinheiro e os 402 metros.

Tudo o mais que se interpuser entre você e a arrancada, é mera burocracia.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dinheiro não dá em árvore.

Dirty...

"Dirty money", ou dinheiro sujo, é uma expressão usada para definir dinheiro que é ganho de forma incorreta, imoral ou ilícita. Eu não ganho nenhuma forma de dinheiro sujo, ao contrário de muitos nesse país. Tampouco invejo aqueles que o fazem, como me parece ser o caso de quase todos, nesses tempos onde correção, moralidade e lei não estão muito em moda.

Se alguém tem a oportunidade de trair a esposa e não o faz, é chamado de covarde. Se alguém encontra uma mala de dinheiro e devolve ao verdadeiro dono, é chamado de matuto, otário. Se alguém acelerava na rua, corrige sua conduta passando a acelerar só na pista, é chamado de "atleta de Cristo", hipócrita ou coisa ainda pior.

Covarde para mim, deveria ser aquele que faz as coisas pelas costas, pois não tem a coragem para fazer em público. Matuto é pra mim aquele que acha que vai se apropriar de uma grande soma em dinheiro e ninguém irá dar falta, afinal, só otário acha que dinheiro dá em árvore.

E hipócrita, para mim não é aquele que muda sua opinião e sim aquele que fala uma coisa e faz outra. Da última vez que eu chequei, esses eram os significados. Marcelo não é marmelo, que também não é martelo. As coisas tem nomes justamente para que, no caso de xingarmos alguém, possamos saber do que é que estamos xingando. Não dá pra chegar e dizer: "Honestidade pra mim é..." Ser honesto significa a mesma coisa para todos.

São sujeiras que as pessoas fazem e por força da cultura ruim que se desenvolve desde antes do Gerson nesse país, passam em branco. Mas como eu ia dizendo, sujeira não me interessa. Não sou um blogueiro do tipo Flavio Gomes, que joga merda no ventilador só para ver a confusão. Se a minha postagem em carta aberta deu o que falar, foi porque era um assunto polêmico, que era do interesse de muitos. Contudo, dar seguimento à polêmica, já sem o conteúdo, só pela própria polêmica, é outro tipo de sujeira: Dirty News.

Que se acabe esse assunto, com o seguinte recado:

Aqueles que estão ofendidos pelo que escrevi, que não mais o façam, assim não terei o que dizer, não tendo mais medo de ser associado a vocês.

Não mais participem de arruaças nas madrugadas de Poa, não mais façam rachas de rua. Mas se mesmo assim o fizerem, não façam com platéia. Se ainda assim optarem pela vaidade de aparecer, ao menos não mais filmem o que fazem, criando provas contra si próprios. E se acaso cometerem a imprudência de fazê-lo, não piorem tudo ainda mais colocando na internet. Contudo, se chegarem a colocar, não cometam a insensatez de fazer comentários que ligam os perfis pessoais do youtube e do orkut de vocês às contravenções e crimes que cometeram, registraram e expuseram em público.

Mas se ainda assim fizerem tudo isso, não culpem os outros pelas multas que recebem, pois aquele que procura, invariavelmente acha. E para aqueles que nada fizeram e "foram achados", lembrem-se:

Diga-me com quem andas e te direi quem és.

Pode até não ser bem assim, mas a maioria das pessoas ainda acredita na bíblia.

sábado, 8 de novembro de 2008

From street to strip.


Carta Aberta

Esta é uma carta aberta ao Paulo Machado da EPTC e à Marcela Donini da Zero Hora, bem como à todos aqueles da nossa comunidade que tem interesse nesse assunto tão polêmico.

O motivo é a reportagem de hoje em Zero Hora, escrita pela Marcela e com comentários do Paulo, na qualidade de responsável pela coordenação de operações especiais da EPTC, no seguinte link:

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2286534.xml&template=3898.dwt&edition=11053&section=1042

Bem, em primeiro lugar, gostaria de deixar muito claro que sou totalmente contra rachas de rua e aglomerações em lojas de conveniência. E faço parte de um grupo cuja base é exatamente esse pensamento em comum. Esse grupo foi criado em 2006 e teve por objetivo convencer os motoristas que aceleravam seus carros nas ruas da cidade a pararem com isso e participarem de competições de verdade, em locais adequados e que não pusessem a segurança dos outros em risco.

Na época, enfrentamos muita resistência desse pessoal, mas acabamos conseguindo que muitos dos que hoje estão perturbando na Nilo Peçanha e adjacências, se engajassem nas competições fora das ruas, o que reduziu drasticamente os rachas em Porto Alegre. Infelizmente esses jovens nunca abandonaram a idéia de fazer baderna nas ruas, um comportamento que naturalmente não foi aceito pelos outros membros. Por esse motivo, em julho desse ano os baderneiros acabaram saindo do grupo e imediatamente começaram a se organizar mais uma vez para fazer as arruaças que hoje atormentam os moradores daquela região.

Somos muito cientes da influência positiva que nosso grupo é capaz de exercer no trânsito de Porto Alegre, mas essas pessoas que possuem a disposição para afrontar a polícia e a EPTC e continuar cometendo crimes de trânsito, não nos interessam. O que nos interessa é oferecer a chance aos outros jovens que tem paixão por carros e por corridas a não cairem nesse submundo que é prejudicial a todos que dele participam, mesmo que involuntariamente como os vizinhos desses locais, por exemplo.

Nosso grupo incentiva a canalização dessa paixão através dos meios corretos e legais, ou seja: Dentro de uma pista de corridas. Para isso, contamos com o apoio de empresas que patrocinam nossas iniciativas através prêmios entregues aos vitoriosos em nossas competições e uma rede de descontos para os associados, com o trabalho voluntário dos participantes do grupo e também com o apoio dos pais dos jovens, que vêem nessa iniciativa uma solução para tirarem os filhos dos rachas, pois as corridas na pista oferecem as mesmas emoções sem infringir a lei e com a segurança de um local adequado para as provas, com equipe de resgate, paramédicos, bombeiros, ambulância , enfim: Toda uma infra-estrutura voltada ao piloto. E mesmo aqueles pais que não simpatizam com a velocidade das corridas, aderem ao sistema quando percebem que seus filhos ao invés de andarem sem paradeiro pelas madrugadas da cidade, passam a se reunir em casa com os amigos, para trabalharem no carro para a próxima corrida.

Então vem o motivo da minha preocupação: Há que se saber separar o joio do trigo e nesses momentos a generalização certamente não será a melhor resposta.

Foi com apreensão que li quando o Paulo falou à Marcela que os jovens se organizam para cometer crimes pela internet e também que alguns desses jovens podem ser encontrados em pistas de corridas. O grupo de que faço parte, a Associação Desafio faz exatamente isso: Organiza-se pela internet para participar de corridas, porém somente em pistas próprias para esse fim. E também repudiamos toda e qualquer manifestação de apologia aos rachas em nosso fórum, cujo acesso é totalmente liberado para qualquer pessoa, bastando entrar no seguinte endereço: www.categoriadesafio.com.br/forum. Contudo, para poder postar, ou seja, escrever suas idéias para que os outros membros leiam, é preciso estar não só cadastrado, mas também apresentar-se publicamente para os outros membros do fórum. E se a pessoa for considerada um "fake", ou seja: Um perfil fictício, uma pessoa que não existe, alguém que fornece dados falsos para não ser identificado, ela não é liberada para postagem. Tudo isso para garantir que não exista nenhum tipo de incentivo à praticas ilegais por parte de usuários que escondem sua identidade verdadeira.

A arrancada é um esporte e o racha é um crime. Na cidade de Nova Santa Rita, existe um complexo de R$ 20 milhões chamado Velopark. Esse empreendimento reúne as melhores pistas de Kart da américa latina, o projeto em execução para um autódromo internacional de alto nível e também a melhor pista de arrancada do continente, tudo isso dentro de um belo parque com churrasqueiras e muita área verde. Após seis visitas ao empreendimento, ainda em fase de construção, nosso grupo conseguiu no final do ano passado que o Velopark criasse um evento especialmente para que os carros de passeio pudessem participar de uma prova de arrancada. Lutamos muito para conseguir que não fosse necessário aos pilotos de final de semana que adquirissem uma carteira de piloto profissional, cujo custo faria com que a maioria deles seguissem acelerando somente na rua, inviabilizando o próprio evento. Foi difícil e as negociações foram muito desgastantes, mas no final das contas após muito nos negar esse direito no ano de 2007, através do Velopark a FGA (Federação Gaúcha de Automobilismo) cedeu e permitiu as provas. O interesse dos pilotos amadores foi tanto que superou em relação de três para um o número de pilotos profissionais nas provas.

Além do fim social de tirar os rachas da rua, de oferecer um ambiente saudável para que os participantes das arrancadas amadoras respeitem sempre a lei quando estão fora das pistas, além do trabalho que fazemos para fortalecer um esporte amador que sofre tanto preconceito por parte da opinião pública que frequentemente (com auxílio da mídia) o confunde com racha, nosso grupo também aproveita a força de sua união para organizar campanhas de doações de alimentos para asilos, creches e outras instituições carentes, que estão documentadas em nosso site no seguinte link:

http://www.categoriadesafio.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49:projeto-participacao-solidaria-ad

Tivemos uma longa estrada desde 2006 até aqui e não gostaríamos que nossa imagem acabasse manchada por pessoas cujas atitudes somos os primeiros a combater. Para isso, contamos com a compreensão e colaboração do poder público e também da imprensa. E do mesmo modo, nos oferecemos para ajudar em qualquer campanha de educação para o trânsito que vise a canalização da energia dos jovens dispostos a correrem, para que o façam da forma adequada: Como esportistas amadores dentro de uma pista e não como criminosos acelerando nas ruas.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Tributo aos criadores da arrancada.


1320ft... Que espécie de nome é esse afinal?

Bem, é simples: São 1320 pés.

A crença popular diz que o valor original da medida era o comprimento do pé de um homem. Os historiadores consideram que tal idéia faz sentido, pois assim como hoje, há uns 800 anos atrás também era necessário medir as coisas. Terrenos, lenha, tecidos, lingüiças (embora essas eu suspeito que eram negociadas em cúbitos)... Enfim, era preciso algum padrão. Todo homem tem dois pés e estes geralmente ficam dentro de uma média, de forma que para as necessidades daquela época o pé servia como um bom padrão para negociar todos os tipos de coisas, que com o advento do "pé-medida", podiam então ser quantificadas em comprimento em diferentes lugares através de um mesmo método.

A polegada por sua vez, surgiu na mesma época e é compreendida pela distância entre as extremidades de um polegar humano em sua largura. Existem pessoas que sustentam que devido a maior precisão dessa medida (a diferença entre os polegares de muitos indívíduos é substancialmente menor que a diferença entre os pés desses mesmos indivíduos), foi o pé que derivou da polegada e não o contrário.

Assim, cada pé corresponde a 12 polegadas.

Em 1958 os EUA e os países da Comunidade das Nações (comunidade de países então dependentes do Reino Unido) definiram a jarda internacional como sendo 0,9144 metros. Como uma jarda é composta por exatamente 3 pés, o pé internacional desde então passou a compreender 0,3048 metros e uma polegada 2,54 centésimos de metro. Ou centímetros, para os mais íntimos.

Alguns sustentam que o pé foi padronizado por Henrique I, rei da Inglaterra, lá por volta dos anos 1100. Dizem esses, que Henrique possuía um pé de 30,48 cm e desejava que todas as transações comerciais baseadas em comprimento, usassem a medida de seu pé como referência.

Ninguém sabe se essa atitude um tanto egocêntrica foi realmente um fato, mas o que se sabe, é que tanto os países sob o domínio britânico, como os EUA não aceitaram se dobrar ao sistema métrico internacional. Assim as medidas que para nós (e também para o restante do mundo) são representadas por centímetros, metros e quilômetros, para os norte-americanos e britânicos são aferidas por polegadas, pés, jardas e milhas.

Uma milha são 5280 pés, 1760 jardas, 63 360 polegadas, ou 1 609,344 metros.

E consequentemente, 1/4 de milha são exatamente 402,336 metros.

Ou...

...1320 pés!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Porcos, passarinhos, cobras e lagartos.




Um porco voando é um símbolo para designar um evento de acontecimento impossível. A expressão popular [tal coisa vai acontecer] "quando os porcos voarem" é utilizada ironicamente significando que jamais irá se concretizar.

Para quem não sabe, durante a segunda guerra mundial, o nosso então presidente Getúlio Vargas utilizou uma célebre frase para manifestar a neutralidade do Brasil no conflito: "É mais fácil uma cobra fumar, do que o Brasil entrar na guerra", querendo dizer naturalmente, que nosso país não entraria, pois cobras não fumam.

Mais tarde, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha, uma força expedicionária de 25 000 homens foi enviada por Vargas para auxiliar os aliados na Itália. Esses soldados se intitularam "os cobras fumantes" e adotaram o emblema de uma cobra fumando um cachimbo. Após oito meses de campanha, haviam capturado mais de 20 000 soldados inimigos, entre eles quase 900 oficiais e uma divisão de infantaria completa. Dos 25 mil que partiram, a FEB (Força Expedicionária Brasileira) perdeu apenas 443.

Assim se popularizou a expressão "a cobra vai fumar".

E os lagartos?

"Cobras e lagartos" é considerada uma expressão idiomática, caracterizada por não ser possível identificar o seu significado através das suas palavras individuais ou do seu sentido literal.

Acredita-se que dizer cobras, nesta frase feita, é uma forma antiga de coplas; donde dizer cobras significa satirizar ou zombar através de versos de escárnio. A necessidade de fazer a frase redonda fez juntar-se a cobras, já com o sentido obliterado, a palavra lagartos, criando-se uma expressão simétrica, de quatro mais quatro sílabas. Outros acreditam que a origem dessa expressão é bíblica, nada tendo a ver com as tais coplas.

De um modo ou de outro, dizer "cobras e lagartos" de alguém, significa dizer mal de; amaldiçoar; escarnecer.

E embora porcos não voem, resolvi assim mesmo fazer meu blog, após ter dito que jamais o faria. Eu achava que era mais fácil os porquinhos criarem asas... Dedico grande parte do meu tempo e de meus textos internéticos para o nosso fórum da AD, mas em função do grupo estar cada vez maior e das minhas frequentes atribuições de porta-voz do pessoal, resolvi criar um espaço só meu, para que a minha opinião não seja confundida com a opinião do grupo.

E agora que o fiz, a cobra vai fumar. Esse espaço é livre para comentários de qualquer gênero ou natureza, construtivos ou destrutivos, conforme o humor e conjuntura vigentes. Em um fórum público, não se pode expor tudo aquilo que se pensa, pois textos demasiado longos atravancam a leitura e certos assuntos são prejudiciais à causas maiores. Fora dessas fronteiras que delimitam a boa convivência não existe mais nada que impeça uma pessoa de falar o que pensa, a não ser seus próprios valores.

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão. Eu passarinho!

Nah...

Minhas asas eu emprestei a um porco em retribuição pelas vezes que ele me emprestou o espírito. E para todos esses que aí estão atravancando o caminho, já vou avisando que passarinhar não é o meu forte e que o local aqui é liberado para cobras e lagartos.

Seguidores