Inauguro então o ano de 2009 no blog. Mas em época de recesso nas arrancadas, que assunto podemos abordar para não deixar a bola cair? A volta do Ronaldo para o Corinthians? A invasão da infantaria israelense na Faixa de Gaza? A última revisão ortográfica da língua portuguesa? Claro que não. Nosso foco é outro. Bem, sei que corro o risco de ser repetitivo, mas trago novamente um assunto que eu considero importante para todos nós: O esporte.
Mas não vou apontar as falhas da arrancada em desabafo ou mesmo conjecturar sobre soluções. Hoje pensei em falar um pouco sobre o esporte da arrancada em um contexto geral, ou seja, frente aos outros esportes. As pessoas tendem a imaginar que é possível, ou melhor dizendo: Que é natural que consigam ser praticantes de diversos esportes, em uma perfeita harmonia. Que a prática de um esporte não interferirá na do outro. Sem dúvida, o ideal seria que pudéssemos praticar de tudo, do esqui aquático ao arremesso de dardo, passando pelo motocross e snow board. Infelizmente, contudo, a realidade não é exatamente essa.
Não que a prática de um esporte tenha de ser exclusiva por decreto ou filosofia, mas temos de encarar o fato de que é difícil - para não dizer impossível - nos dedicarmos à mais de uma paixão ao mesmo tempo. Nossa rotina diária reserva um tempo livre limitado para a prática de lazer. De fato, o tempo que dispomos para essas atividades é muito menor por exemplo do que o tempo que a média das pessoas dedica ao trabalho (para o próprio sustento) e à educação. E existem também as questões do tempo gasto em transportes (de casa, para o trabalho, para a aula e novamente para casa), os próprios afazeres domésticos, o pagamento de contas, as compras no supermercado e também coisas mais elementares, mas que também consomem uma fração das nossas 24 horas, como por exemplo o sono e as próprias refeições.
E dentro do tempo reservado ao lazer, temos que gerenciar atividades como ficar com a família, sair para jantar, ir ao cinema, fazer viagens, assistir televisão, navegar pela internet e quaisquer outros interesses pessoais que cada um possa ter. Assim, a fração que sobra para dedicarmos à arrancada é relativamente pequena. E se ainda dividirmos isso com outro esporte, dificilmente irá sobrar tempo para existir dedicação real à qualquer um dos dois.
Se compararmos os dias atuais com a época em que a indústria do esporte foi criada (idos de 1900) e mesmo mais tarde, quando teve a sua primeira grande revolução com a criação da TV (1950), não podemos deixar de perceber as diferenças. No tempo de Babe Ruth, todos tinham tempo para acompanhar o baseball profissional e era um grande programa ir ao estádio, ainda mais quando a única opção era escutar o jogo no rádio. No tempo do Pelé já era diferente, mas mesmo podendo assistir o gênio pela telinha, não restavam dúvidas sobre qual era o esporte que todos acompanhavam.
Hoje, não só existem dezenas de esportes tradicionais disputando a atenção dos fãs, como também existem novos! Aos mais tradicionais como futebol, basquete, vôlei, golfe, hipismo, atletismo e automobilismo juntaram-se também os chamados "esportes radicais", como o surfe, o snowboard, motocross, bmx, paraquedismo... Existem tantos esportes novos, que foi criado até um evento que é considerado as olimpíadas dos esportes radicais: Os X-Games.
E esses esportes, modernos ou tradicionais, não entram no mercado para brincar. No Brasil o esporte é quase todo gerenciado pelas federações e confederações, que estão constantemente envolvidas em polêmicas públicas de improbidade ou má gestão, que vem desgastando cada vez mais a sua imagem. Contudo, nos países que levam o esporte a sério, ele é gerenciado por ligas particulares, de um modo simlar à Fórmula Truck no Brasil.
Essas entidades como por exemplo a NHRA (arrancada), a NASCAR (stock car), a NFL (futebol americano) a NBA (basquete) e a própria FOA (F1) jogam pesado em busca de sua fatia no mercado, muitas vezes investindo até 1/3 de seus faturamentos multimilionários em marketing, exatamente da mesma forma que faz a indústria de cinema de Hollywood. Para ilustrar isso, podemos usar o exemplo da NFL, que investiu US$ 10 milhões apenas em seus concertos inaugurais de uma temporada recente.
E tudo isso pode parecer absurdo, mas é o que fazem as entidades, não somente para ganhar mercado, mas para poderem manter a fatia que conseguiram à duras penas conquistar e que podem perder em um estalo de dedos nesse mundo atual onde tudo acontece de uma forma rápida e muitas vezes incompreensível. Esse mercado pode ser brevemente resumido pelo seguinte dado: "Artigos esportivos licenciados como camisetas e bonés venderam quase US$ 13 bilhões em 2004 só nos Estados Unidos". Não é terreno para amadores... Ou será que sim?
A realidade de hoje, em que paintball e kite surfing roubam o tempo livre e a disponibilidade financeira de fãs de esportes tradicionais como futebol, automobilismo e hipismo, faz com que cada vez mais esse mercado seja mais duro para os esportes que estão por cima e mais fácil para aqueles que estão começando ou emergindo.
Mas como aproveitar esse momento histórico onde os pequenos podem lutar pelo mercado com os gigantes e vencer? Como, por exemplo, trazer mais crescimento para a arrancada enquanto o futebol domina 90% do espaço na mídia do Brasil? Como promover um esporte que é mal visto pela maioria das famílias, que são diariamente bombardeadas pela mídia que os incentiva a colocar suas crianças em esportes como judô, natação e atletismo?
Parece inacreditável, mas para nós da AD que somos entusiastas desse esporte, (e não só os membros, mas os aficionados em geral) é realmente muito fácil. Só o que precisamos fazer é nos dedicar! Ao nosso carro, à AD e à arrancada. Isso significa simplesmente manter nosso carro em dia, participar das provas e nos manter inteirados da situação no esporte, ao longo de toda a temporada... Bem, para quem realmente tem paixão por esses esporte, convenhamos que não é nenhum sacrifício!
Se todos fizermos isso, se tivermos dedicação e foco, seremos formadores de opinião e embaixadores do nosso esporte. Através dos nossos sucessos podermos inspirar outros à participarem conosco e então nos tornaremos agentes diretos do crescimento da arrancada. É incrível, mas mesmo em um mundo tão complexo podemos fazer a diferença com atitudes muito simples.
É por isso que eu tenho o prazer e também o DEVER de dizer pela primeira vez em 2009: AVANTE DESAFIO!
É bom ler teus textos! Faz o cara refletir sobre tudo. Continua assim em 2009.
ResponderExcluirAcho que se nos dedicarmos mesmo a qualquer coisa, faremos a diferença. Se várias pessoas dedicadas se unem por um fim, podem mudar até o rumo da História.
Que 2009 seja o ano em que a História mude para a arrancada brasileira.
Amém.
ResponderExcluirprecisamos tambem de uma "marketeiro" dos bons, que faça um lobby forte nos programas de esporte, que o resto a galera garante na pista!
ResponderExcluirum otimo 2009 e que este "seja o ano" para todos!!!
Mesmo que não pareça, todos nós temos responsabilidade pelo que criamos e assim fazemos a diferença.
ResponderExcluirA dedicação e a persistencia sempre vencem. Não acredite em quem tem espirito perdedor e prega o contrário.
Me leva:
ResponderExcluirNada aparece por acaso na TV. Qualquer matéria que venha dar destaque positivo e considerável a um esporte, produto ou mesmo qualquer prática que possa gerar lucro ou principalmennte concorrência direta ou indireta aos patrocinadores do meio de mídia (no caso a TV) são rigidamente controlados. Vemos isso através, por exemplo, dos casos onde a Globo borra marcas que aparecem em roupas de eventuais entrevistados em programas de reportagem e outros casos siimilares.
Estive conversando com um jornalista que cobriu um evento automobilístico que a Globo tinha comprado os direitos. Existiam cabines para jornalistas de outras emissoras (provavelmente por exigência contratual do produtor do evento), mas os jornalistas ficavam confinados a elas, que ficavam em um corredor e para conseguirem entrevistas com os pilotos e personalidades, eles precisavam contar com a sorte de que os pilotos passassem por ali.
A TV hoje é controlada por aqueles esportes que tem negócios com a emissora, e o mesmo ocorre naturalmente com os jornais. Esse é um dos fatores de mais peso na hora de ser determinada a programação do esporte espetacular, por exemplo.
E se o Velopark possui muito assédio da mídia, não é exatamente por seu porte e infra-estrutura, mas sim pela influência do grupo Gerdau (proprietários do empreendimento) e do investimento que tanto a Gerdau como o próprio Velopark fazem em divulgação na mídia tradicional.
Isso significa em última instância, que os esportes como futebol, voleibol, stock car e outros que tem relações comerciais com a TV, acabam por dominar completamente o espaço nessas mídias. E essa relação é muito mais financeira do que costumamos imaginar.
Contudo, justamennte o que eu quis colocar através do texto, foi que a terceira geração de empreendimentos esportivos - a atual - possui outros métodos de atrair praticantes e fãs, sendo a AD um grande exemplo disso. E a internet propicia novos métodos de mídia como os fóruns, blogs, sites, youtube, orkut e muitos outros que existem ou serão criados em breve.
A mídia tradicional, como TV e jornais, por exemplo, trabalha visando claramente o lucro. A TV aberta principalmente, depende do faturamento que vem dos patrocinadores e não dos telespectadores e isso sempre vai limitar o espaço de esportes que não patrocinem e venham a concorrer com aqueles que possuem negócios com as emissoras.
Abraços!