quarta-feira, 27 de maio de 2009

St. Louis All Stars: Abolindo regras em busca da arrancada que funciona.


Existe um site norte americano sobre arrancadas chamado http://www.dragracingonline.com/, que trata de todos os assuntos desse esporte, sejam profissionais (sem aspas) ou amadores, desde a terceira vitória de Tony Schumacher nos TOP FUEL da NHRA, até o John Doe com seu carro de rua, na menor das ligas ou torneios amadores.

Lá nos Estados Unidos, a terra da arrancada, existem centenas de pilotos profissionais e milhares de pilotos amadores, incontáveis dragways tanto de 1/4 como 1/8 de milha, diversas ligas, associações e organizações e por conta de tudo isso, lá o esporte tem a sua maior expressão.

Mas ainda assim, ou quem sabe justamente por isso, o esporte precisa ser comercial para dar certo e essa é uma preocupação constante: Cada dragway precisa encontrar seu público alvo e decidir o tipo de espetáculo que vai apresentar, com o objetivo de encher suas arquibancadas. Assim, cada pista trabalha com as possibilidades viáveis no sue próprio caso, levando em conta o número de carros e pilotos em sua área, ou a possibilidade de atrair pilotos de outras regiões, em função dos calendários das ligas e associações e também os custos envolvidos.

Enquanto algumas dragways americanas experimentam recordes históricos de presença de público, especialmente as que firmam parcerias com a ADRL, que recentemente atraiu mais de 70 mil pessoas, outras precisam lançar mão de outros recursos para manter uma atividade comercial viável, o que de certa forma, é idêntico ao problema que assola as grandes dragways brasileiras, em específico o Velopark.

Foi então que a dragway de St. Louis criou um evento que deverá parecer muito familar a quem corre aqui no sul. Leiam alguns trechos da reportegem retirada do site http://www.dragracingonline.com/:

"Outlaw ALLSTARS:

O programa de bracket racing da pista, apesar de atrair mais de 200 carros por evento, já tinha sido rejeitado pelo proprietário da pista (Dover Entertainment), devido a total falta de interesse dos espectadores. Seu semanal Street Car Shootout Series, que se acredita ser a única eliminatória semanal de dezesseis carros de carros que arrancam "heads up" ou lado a lado, com pneus de rua, vastamente ultrapassava as corridas de bracket e outros eventos da pista, na questão da presença de espectadores sendo considerado a "galinha dos ovos de ouro" da pista.

Ainda assim, algo precisava ser feito para atrair os fãs de corridas de uma forma consistente. Com poucos recursos para trabalhar no lançamento de um conceito, organizar uma competição de Pro Modifieds, dragsters nitro nostalgia, ou mesmo um par de jet dragsters estava fora de questão. O programa teria de ser um investimento barato, não só para a pista, mas para os potenciais espectadores e dos participantes. Com a ajuda do GIR Drag Racing, gerente Rich Schaefer e vários consultores, a equipe optou por uma ideia que é tão antiga quanto o esporte em si.

A decisão foi simplesmente investir na comunidade para ambas as questões: Apelo aos pilotos e aos fãs. Como na maior parte do país, a área de St. Louis tinha visto uma mudança na direção de bracket racing para heads-up e os concorrentes simplesmente queriam um lugar para correr. Havia definitivamente qualidade e quantidade de carros suficiente para fazer um show e não seria preciso duzentas inscrições para dar certo. De fato, a idéia era apresentar um espetáculo verdadeiramente orientado para o espectador, no qual corridas por mata-mata poderiam ser completadas (salvo imprevistos catástroficos), em duas horas e meia.

Embora a GIR pudesse adotar as normas de qualquer uma das dezenas associações existentes, rapidamente se tornou evidente que qualquer regulamentação imposta iria causar o problema de que muitos potenciais pilotos teriam que gastar dinheiro para estar em conformidade com essas regras, enquanto outros poderiam ser excluídos do programa antes mesmo de sequer se inscreverem. A solução? Nenhuma regra... Bem, quase nenhuma.

Foram estabelecidas as seguintes categorias:

Super Street Eliminator: Pneus até 10,5 polegadas de largura.

Drag Radial: Qualquer pneu aprovado pelo DOT, com no máximo 13 polegadas de largura.

Outlaw Eliminator (apenas 201 metros): "Corra com o que você trouxer. Ponto final."

E além disso, uma novidade: 4 classes de tempo, de 10 a 14 segundos, (Alguém aí lembra das regras da Associação Desafio?!)

Conforme o livro da American Hot Rod Association, foi adotada uma "regra de quebra": Se o vencedor de qualquer rodada do mata-mata não fosse capaz de voltar, o perdedor daquela rodada voltaria a competição em seu lugar. O objetivo era dar aos fãs uma competição sempre entre um UM PAR de carros a descer a pista.

Houve premiação em dinheiro proporcional às categorias para os participantes e diversos carros de competição apareceram, inclusive tendo sido batido o recorde de velocidade da pista por Cody Barklage, pilotando o Firebird 67 patrocinado pela Lucas Oil, numa brilhante passada de 3.84 segundos a 198.79 mph (317 km/h) nos 201 metros.

O verdadeiro sucesso do evento no entanto, foi medido pela satisfação de todos aqueles que participaram. Durante todo o evento (e, sobretudo, na sua conclusão), não houve reclamações sobre regras de procedimento, ou mesmo premiação. Na verdade, não houve queixa nenhuma. Em vez disso, praticamente todos os fãs ou pilotos simplesmente disseram: "Nos divertimos muito! Quando é o próximo?"


Isso tudo mostra que em qualquer lugar, até mesmo na terra da arrancada, os próprios organizadores e donos de pista também buscam a viabilidade do esporte, baseados em contingências muito particulares, que variam de pista para pista. E que nem sempre o espetáculo mais caro ou com os carros mais famosos é o que vai obter mais sucesso e viabilidade financeira.

Além da falta de carros, existe também o problema do custo de certas competições e da inércia das próprias entidades reguladoras, que muitas vezes levam séculos para perceber que o show que oferecem, não é mais bem recebido pelo público.

A lição que fica é o simples: Cada lugar é um lugar, mas em qualquer um deles, o público quer ver "grid cheio", competição verdadeira e carros arrancando lado a lado no sistema de eliminatórias. E as classes de tempo da AD... Bem, agora elas estão sendo adotadas também no primeiro mundo!

Apesar da cultura de cópia generalizada de tudo que vem dos EUA, às vezes pode ser interessante valorizar a "prata da casa", assim como fez o Velopark dando espaço para a Associação Desafio. Ponto para a AD, ponto para o VP e ponto para a arrancada amadora!

Um comentário:

  1. "nem sempre o espetáculo mais caro ou com os carros mais famosos é o que vai obter mais sucesso e viabilidade financeira."

    Pois é, pois é, pois é...é disso que eu to falando.

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