Mas entrar para o grupo da AD não significa necessariamente que você tenha que participar das provas do campeonato da AD, ou do TOP16. A AD é um movimento cultural que vem mudando a cara da arrancada através da mudança de mentalidade de seus membros. Ser AD significa compartilhar algumas idéias e conceitos diferentes dos tradicionais. Ser Desafio é fazer parte de um grupo que tem uma visão alternativa do futuro da arrancada.
Por isso, hoje trago uma postagem que é um relato de um cara chamado Flavio Vigna, que apesar de ser um membro do grupo, reside na região da fronteira do RS com a Argentina, o que traz algumas dificuldades para que ele participe de todas as provas da AD com seu Honda CRX nitro.
Flavinho resolveu participar de uma prova de arrancada em São Luiz Gonzaga, organizada pelo tradicional sistema de categorias. Seu objetivo era levar para a pista a rivalidade que existia entre ele e alguns amigos, mas apesar da paridade entre os carros, o sistema de categorias impediu-os de arrancarem juntos.
O texto, além da aventura de Flavinho, traz uma surpresa interessante no final. Confiram!
Na véspera de natal fui avisado por um conhecido que em São Luiz Gonzaga, ciadade vizinha à minha São Borja seria inaugurado o asfaltamento de uma pista de arrancada, 201m (por aqui quase só tem arrancadão na terra, veloterra de motos etc). Procurei informações e descobri que teria cronometragem oficial do Jaime Kopp. Marcada para o domingo entre o natal e o ano novo, a notícia mecheu com todo mundo que é envolvido com carros por aqui. No sabado à noite fui "intimado" por dois concorrentes fortes, um tem um Audi S3 e outro uma Silverado que não é brincadeira (o pessoal da Sprint já me ouviu falar muito dela...) E eu nem sabia se poderia correr, afinal tenho passado por incontáveis problemas com meu carro.
Já estava conformado que não ia participar porém acordei involuntáriamente pelas 10 da manhã de domingo e perdi o sono, mesmo numa mega ressaca. Respirei fundo e liguei pro pessoal da organização, afinal não sabia valores muito menos "em que categoria meu carro se enquadrava". Recebi como resposta um "vem pra cá que a gente dá um jeito" e um aviso que os treinos encerravam ao meio dia. Nesso momento, já agitado, tomei um banho rápido e fui arrumar o que precisava no carro (óleo, nitro, ferramentas, pneu e roda reserva...) Sendo 100km de distância, calculava coisa de uma hora de viagem, porêm tive que parar várias vezes até descobrir que uma porca de roda TRASEIRA estava solta (incrível, já não bastava o problema dos cubos dianteiros).
Chegando na pista, consigo ver outra silverado virando 10,5 num treino enquanto me inscrevia. Pensei comigo "se eu tenho um 10,5 em SCS e 10,3 no Velopark sem nitro, vai ser tranquilo por aqui." Segue o vídeo da silverado treinando:
Subo para a pista, arrumo um capacete emprestado e faço a minha passada de treino sem nitro para ter referência. Durante a arrancada, ainda de pneus cheios, descubro que a pista é em subida, e o trecho de frenagem, curtíssimo, em descida. Na volta descubro que fiz um péssimo 10,9, com 60 pés de 2,7. E comecei a ficar com medo de tomar ferro das Diesel, afinal meu pior 60 pés até então não entrava na casa de 2,6.
Fui inscrito na categoria Forca Livre, não pude participar da Desafio Turbo "porquê o carro é nitro e não turbo", ou seja, o pega com o S3 não aconteceria, só teria os tempos para comparar e carros bem mais fortes para alinhar comigo. Enquanto iam passando as categorias, descobri que só daqui da minha cidade tinham três Silverado inscritas, uma S10 além do Audi e de mim. E muita gente daqui assistindo que também poderia participar. Entre os treinos e o evento vem a chuva... Decepcão geral, mas como era verão resolvemos aguardar, e em pouco tempo o céu abriu denovo. E então vem o show das camionetes enchendo a galera de fumaça enquanto percorrem a pista para secar:
Pista seca, arrancadas começam e logo vem a categoria Desafio Turbo e finalmente tenho oportunidade de ver o S3 em ação; tempos variando de 10,2 a 9,8:
Depois vem a categoria Diesel, a mais emocionante, com todas as Silverado virando entre 10,4 e 10,7 constantemente:
O tempo ia passando e meu estado de nervos aumentava e só no final do dia veio o chamado para a categoria Força Livre alinhar. Depois da decepção no treino sabia que só com nitro poderia igualar o resto do pessoal, então montei a garrafa, testei os solenóides que estavam há um bom tempo parados e fechei com a giclagem pra 50cv. Afinal não tinha mais velas frias depois do fiasco em santa cruz do sul, onde queimei uma vela de iridium no nervosismo de arrancar com o nitro. Esperando o burnout abro a garrafa, ligo a chave geral e quando estou me colocando no alinhamento ainda tenho tempo de ouvir o locutor gritar "o Honda não é bobo hein" antes de fechar os vidros. Na volta da primeira passada vejo o pessoal me fazendo o sinal de positivo. Ouço de um amigo que com o tempo feito nem deveria passar denovo, mas eu ainda não tava satisfeito... Na segunda passada não consegui melhorar o tempo, mas fiz minha melhor reação até hoje. Fiz um vídeo da minha participação:
No final do dia todo mundo surpreso com a minha reação mesmo após terem ouvido várias vezes sobre o "se vires o verde, já era" que o pomada usava de assinatura. Alguém me disse ter certeza que eu tinha queimado aquela largada. E eu feliz por saber que tinha feito um tempo quase igual ao Audi, mesmo com 60 pés de 0,3 segundos pior.
Um tempo depois, outro conhecido que estava viajando no final do ano me perguntou do arrancadão e pediu que avisasse ele no próximo, ele queria participar. O carro? BMW 335i. Final de março teria outro evento, e então fomos a São Luiz denovo. Na estrada expliquei pra ele o alinhamento, o pinheirinho... O evento começa e vendo aqueles golzinhos "gaiola" arrancando forte ele começa a ficar nervoso e roer unhas. Aplicando aquela regra dos 53% nos tempos que achei na internet eu achava que o carro poderia virar entre 8,5 e 9, mas a pista poderia comer um bom tempo como no meu caso.
Quando ele é chamado, não acerta a largada no pinheirinho de tão nervoso, os tempos ficam entre 10,2, 9,7 e 9,3... O câmbio era a grande dificuldade segundo ele, que se levantasse demais o giro o carro comecava a andar mesmo segurando no freio. O dono do S3 já havia me dito que não podia sair de giro cheio que o controle de tração cortava tudo e não vinha tempo bom. O dono da BM já tava satisfeito com o 9,3, queria deixar por isso mesmo quando foi chamado mais uma vez. Incentivamos ele a ir denovo e na volta a surpresa; 8,9. No final da reta passava a constantes 132 km/h, mais forte que a maioria dos carros do evento.
Mas o melhor ainda estava por vir. O dono do carro mais forte do evento, um fusquinha daqueles força livre também tem um Nissan 350Z. Na minha primeira participação já tinha tido contato com ele, me perguntou sobre meu carro e até me emprestou o capacete. Fomos falar com ele e provocar um desafio. Ele hesitou um pouco mas aceitou, então procurei o dono da BM, que ainda me perguntou o que eu achava. Me disseram que o 350z tem 286cv, a BMW tem 306, então respondi que achava que ganharia quem tivesse uma reação melhor. Após um momento em silêncio, também aceitou e fomos falar com a organização da prova. Nem preciso contar que a galera, que já estava indo embora voltou correndo e foi à loucura com a brincadeira que inventamos. No vídeo acabei cortando a narração dos tempos... BMW 335i 9,3s e Nissan 350Z 9,7s:
Flavinho só pôde tirar a teima com seus verdadeiros adversários através da comparação de tempos, o que tira um bom tanto da graça da brincadeira. E o pior, foi obrigado a correr contra carros muito mais potentes em uma categoria de força livre, apenas porque seu carro utilizava nitro, o que é um padrão no mínimo estapafúrdio, visto que o nitro é a preparação mais básica que existe.
Entretanto, graças à participação dele, no final houve uma disputa muito legal entre carros diferentes e rápidos, um turbo e outro aspirado, que ao chamarem o público de volta para a pista e deram-lhe uma idéia do que é a filosofia DESAFIO de fazer a arrancada entre carros diferentes, mas com resultados similares.
Parabéns Flavinho! Continue assim levando o nome da AD adiante em sua região, mas não esqueça de participar também algumas provas aqui conosco no Velopark!
Ser Desafio é um desafio.
ResponderExcluirMuito louco!
ResponderExcluirSe tivessemos a oportunidade de correr com esse profissionalismo em SP... Infelizmente aqui temos de nos contentar com um "Racha". Mas é melhor do que nada.
Olha eu aqui :)) valeu Vicente! já estou tomando as providências para poder comparecer na próxima etapa no Velopark! Flávio
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