quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O renascimento de um esporte através de suas raízes

Vanderson "FOFO" Magnanti e seu Fusca a ar no pega contra  Douglas Carbonera com sua bigorna voadora: Cada louco com sua mania. Mas como disse Raul Seixas, o famoso Maluco Beleza: "O sonho do careta é a realidade do maluco".

"Ok, ok... Tinha gente assistindo, já entendemos, mais de cinco mil pessoas. Mas gente tem também em outros eventos de arrancada. O que faz do Desafio 250 algo tão especial?"
Bem, há quem não entenda a diferença, mas ela existe. A arrancada é um esporte, ao menos é o que todo mundo desse meio diz. Mas o que define esporte?

"Esporte é uma atividade física ou mental sujeita a determinados regulamentos e que visa a competição entre praticantes. Para ser esporte tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas e competitividade entre opostos."

Competitividade entre opostos... Na arrancada tradicional, até pode existir competitividade, mas será que ela é entre opostos?

Como podemos ter opostos competindo quando categorias nivelam todos pelas mesmas regras? Se todos tem de fazer as mesmas coisas por obrigação de regulamento? Como podemos ter uma competitividade entre diferentes - afinal, é necessário ser diametralmente diferente para poder estar do lado oposto - quando só podemos competir com nossos iguais?

Arrancada não nasceu assim. Bem pelo contrário, nasceu justamente da briga entre os opostos. Vencer a outra marca de carros sempre foi o maior motor de toda a competição automobilística. Cada oficina, cada preparador, cada grupo de pessoas tem suas preferências. E unidos por esse gosto em comum, lutam contra os outros que acreditam no diferente.

Vivemos um momento no Brasil, em que nada se destaca na arrancada. Se analisarmos friamente os tempos do último TOP16, podemos ver que praticamente qualquer tipo de carro ou preparação tem o potencial para brigar. Alguns compram a briga, outros dão desculpas. E outros simplesmente não são de briga. Mas o fato é que há chance real para todos e com isso vemos o retorno às raízes do esporte.

Vemos pilotos e preparadores acreditando que é possível não somente vencer, mas vencer do seu jeito. Uns querem vencer a bordo de um Chevette, mas tem que ter motor de Chevette. Esse não é o melhor motor, todos sabem. Mas um chevetteiro de coração fará tudo para provar ao mundo que ele é. E muitos o admirarão por isso. 

Outros querem vencer com um motor aspirado, outros com um carro mais pesado. Uns querem ver um Opala na frente, outros um V8. Alguns insistem em correr com a tração nas rodas erradas e outros se apegam a motores antiquados. E cada uma dessas preferências tem seus próprios simpatizantes.  

Não importa o que é melhor, importa o que você quer que seja o melhor e até que ponto você está disposto a se empenhar para colocar o carro que você ama acima de todos os outros.

Isso é arrancada: O orgulho de fazer o seu carro do seu jeito. É acreditar que dá, mesmo quando não tem as melhores cartas. Isso é o que faz da arrancada um esporte tão especial e diferente. Isso é o que faz da arrancada uma paixão.

E quando você luta com paixão, sempre haverá arquibancada cheia. Pois embora muitos sonhem, poucos tem a coragem de tentar transformar o sonho em realidade. Por isso mesmo, aqueles que conseguem se tornam ídolos.



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