sábado, 13 de junho de 2009

Um pouco de nostalgia...


Em meados de 2006, surgiu pela primeira vez a idéia de uma associação de pilotos amadores de arrancada. Mas diferentemente da maioria das associações de pilotos de automobilismo que sempre estão atrás de modificações nos regulamentos, o que esses amadores queriam era simplesmente correr na pista, da mesma forma que corriam na rua.

Essa simplicidade de propósito no entanto, ocultava coisas muito maiores. Naquela época não se sabia, mas esse grupo estava resgatando o espírito do esporte: Competição lado a lado, ou heads up, como dizem os inventores do esporte. Tudo o que queríamos era competir uns com os outros, nas velhas regras da rua.

Dentro de pouco tempo o Complexo Cultural do Porto Seco - o famoso sambódromo - estava lotado de carros e pessoas para assistirem as disputas. Naquele momento foi iniciado um grande movimento por parte dos preparadores, das pessoas que gostavam de acelerar e até das que assitiam, em prol de uma arrancada de carros de rua dentro da pista.

O clima fervia! A cada prova os tempos baixavam mais e nas semanas que corriam entre as competições ficava-se sabendo que várias pessoas estavam preparando "surpresas". Ouvia-se de tudo, desde aqueles que respeitavam os carros que estavam andando na frente, até alguns mais confiantes, que achavam que bastava se inscreverem para terem a vitória no bolso, tamanha a suposta superioridade de seus carros. Mas como em todo bom esporte, quanto maior o salto alto, maior era o tombo!

Para nós especialmente, foi uma grande época. Competíamos com o que tínhamos e inventávamos novas soluções a cada prova, sempre baixando o tempo. Cada vez que o carro ia para a pista, era uma grande expectativa para saber se o motor iria sobreviver. Começava já pelo burnout: Quem já viu um VTI fazendo o rolo pode achar que tem uma idéia do que eu estou falando, mas o Civic 07 era bem diferente. Quando alinhava para esquentar pneus, com seu cano de escape reto, nitrando a quase 9000 rpm, a arquibancada inteira quase ficava surda.



A cada prova usávamos mais nitro e o barulho do motor ficava cada vez mais alto. Me lembro de ficar na arquibancada superior, ouvir o motor do Civic e pensar: "Agora vai botar tudo para fora"... Fazíamos o possível para isso não acontecer, mas há muito tempo o nível de potência do carro já tinha passado do razoável para um motor completamente original.



Os antigos adversários da rua foram ficando para trás...

E até hoje o melhor tempo do Civic no sambódromo ainda é uma marca de respeito para carros sem pneus slick. Se considerarmos que não era turbo, funcionava a gasolina e com o motor original, então o feito parece ainda mais impossível. Mas é tudo verdade.


...e novos desafiantes surgiam a todo o momento, como esse Gol de um piloto de arrancada local, mais conhecido por andar na FLTT e Turbo A.

Nas pistas T.O. Castro e seu Civic VTI de número 07 ganharam muitas puxadas e também foram os mais rápidos do dia muitas vezes. A concorrência sempre chegava perto, superando as melhores marcas antigas do carro, obrigando-nos a sempre evoluir.

Mas foi em 2006 que aprendemos que a arrancada é um esporte que não se disputa só nas pistas. O que acontecia nas oficinas e nas garagens era tão ou mais importante do que o dia da corrida em si. Era preciso pensar, trabalhar, modificar e criar soluções para fazer o carro não perder o domínio da competição e os adversários estavam muito melhor equipados! E quebrar também não estava nos nossos planos...

Enquanto estávamos na oficina quebrando a cabeça e as costas para tentar extrair cada pingo de performance que o carro poderia dar, os adversários perdiam o tempo e o foco acelerando na rua. Assim, foi rapidamente que esses adversários ficaram para trás e logo começaram a surgir turbos forjados, carros 4x4, V8 e toda a sorte de outros oponentes tecnicamente mais fortes. Foi realmente uma época muito empolgante.



Civic 07 contra o Maverick turbo de Jean Carlo: Polêmica no Youtube. Hoje Jean vira na casa dos 7 segundos nos 201 metros com o carro pela Associação Desafio.

Finalmente, quando o ano estava quase acabando, a concorrência veio realmente forte. O Civic conseguiu o tempo de 8,4 nos 201 metros do sambódromo, mas não foi suficiente. Três carros 4x4 entraram na disputa: Um Lancer Evolution preparado, uma Audi S2 modificada e um Eclipse GSX. O Civic ainda brigou bem, mas no final do dia ficou atrás da Audi e do Eclipse. Ainda que não tenha sido um grande consolo, ao menos a vitória se manteve na nossa equipe, com grande emoção no final, mas essa história fica para uma outra vez...

O importante é que apesar de não ter existido um campeonato da AD em 2006, podemos considerar que T.O. Castro foi nosso "Campeão Honorário" pilotando o Civic 07. Naquele ano os dois dominaram totalmente as provas e até hoje o Civic ainda é um ícone da Associação e suas marcas, até bem pouco tempo ainda estavam em nível de competir pela ponta, apesar dos anos parado.

Se você quiser ter uma idéia de como eram os dias em 2006, assista o vídeo abaixo:


Um pouco do dia a dia na oficina entre uma prova e outra.

5 comentários:

  1. Era uma época legal. O VTi é um carro lindo (na minha opinião era mais ainda quando estava todo branco, sem nada de pretos, com todo o respeito à PS RACE que colocou o adesivo enorme!hehehe)

    Um ano motivacional para mim, que via um carro original com nitro andando na frente de carros "cheios" da magia da preparação de sedizentes preparadores de carros de arrancada.

    De qualquer forma, está aí, um relato que realmente é merecido ao VTi 07, do T.O. Parabéns pelo relato e pelo resgate da nascente da AD. É merecido mesmo! Abraços!

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  2. Cara, bela edição , boa musica, belas fotos, inspirador.
    abraço

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  3. Na época, eu dizia para a gurizada que aquele era um ano exepcional e que dificilmente seria repetido...

    Temos tido anos exepcionais, mas como aquele, vai demorar a acontecer.

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