sábado, 22 de setembro de 2012

O carro de corrida do dindo

Desenho presenteado a Igor Drawanz por sua afilhada Isabela
Enquanto muitos por aí seguem preocupados com a arrancada e discutem como fazer para que seja uma modalidade reconhecida como esporte de fato, preocupando-se com regulamentos, categorias e pormenores obscuros, acabamos perdendo o foco das questões realmente importantes.

Não são os regulamentos, os custos, a qualidade da infraestrutura ou o descaso da tv que impedem a arrancada de realizar seu potencial enquanto esporte. Somos nós mesmos.

Todo o esporte atual que almeja crescer, precisa pensar em ser muito mais que um mero hobby. Cada prova precisa ter relevância para mais pessoas do que apenas aqueles que estão dentro dos carros. As competições precisam ser eventos de interesse amplo, com muito mais interseção com as comunidades em geral.
 
Os fãs mais ardorosos que me perdoem, mas verdade seja dita: Hoje o piloto de arrancada não é ninguém. Não há nenhum piloto, preparador ou personalidade do nosso esporte que seja reconhecido fora dos círculos da arrancada. O Sandro Bruno não dá autógrafos na fila do supermercado, o Alejandro Sanches não está na embalagem de sucrilhos e o Scort não aparece no comercial de tv da GoodYear.

Mas não é culpa deles. Não acredito que isso tenha alguma coisa a ver com suas conquistas, jeito de ser ou suas qualidades como pessoas. O fato é que pilotos de arrancada não são convidados para shows de variedades, não aparecem em comerciais e não tem fã-clubes. Pilotos de arrancada não são personalidades públicas, pois hoje a arrancada não é vitrine. Não importa o quanto nós sejamos apaixonados, é preciso reconhecer a realidade sem megalomania, sem ilusão.

Mas apesar disso, acredito que a arrancada tem um enorme potencial como entretenimento esportivo de massa. Seus atributos como simplicidade da competição, disputa com o embate direto entre dois pilotos e a vitória clara e imediata por resultado e não por julgamento são extremamente atraentes a uma parcela enorme das pessoas que buscam entretenimento para preencher um final de semana ou até mesmo uma pequena parte de seu imaginário.

Some-se a isso tudo a paixão por automóveis, a violência das arrancadas, o som dos motores, o cheiro característico de pneus e combustível, o fogo dos escapamentos... Para alguns, só essas palavras já causarão arrepios.

Este é um esporte lindo, que valoriza a coragem e habilidade dos pilotos, mas também a inteligência e capacidade dos preparadores. E não podemos esquecer que os pilotos de carros realmente rápidos arriscam a vida a cada arrancada. É um esporte físico, mental e visceral.

Tenho certeza absoluta de que os promotores de muitos "esportes grandes" gostariam de ter em suas modalidades estes atributos, pois são de um apelo realmente apaixonante. E ainda assim, a arrancada está onde está, com o status de automobilismo de segunda linha, ou ainda pior: Mera diversão de uns caras lá, que tem dinheiro sobrando para "brincar de carrinho" no final de semana.

Como reverter isso? É a grande questão. Mas uma coisa é certa: Quando as pessoas de fora da arrancada passarem a admirar seus praticantes e reconhecer neles as qualidades dos esportistas, ao invés de serem indiferentes às "brincadeiras de final de semana" desses caras que ficam jogando dinheiro fora com "futilidades", as coisas vão começar a mudar.

Você já parou para pensar se o seu carro de corrida é importante para alguém além de você mesmo?

Igor Drawanz, seu Dodge e a criançada



Um comentário:

  1. Belo texto... excelente observação. Ia ser muito bom se a arrancada virasse algo profissional! (Profissional que digo, é além de seriedade e respeito, pessoas ganhando dinheiro e trabalhando com algo relacionado a arrancada, se tornando um profissional da arrancada).
    Mas ao meu ver, está ficando cada vez mais um esporte individualista e com foco no recorde. O piloto/carro/equipe se não ganhar ou não bater o recorde, tem que se contentar com comentários do tipo "está a pé" ou nem vai ouvir falar de seu nome!

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