domingo, 2 de setembro de 2012

Elly vence no SUPER 16


 

Para quem não o conhece, Elly é um "coroa" muito gente fina, mecânico de profissão e apaixonado pela arrancada. Chevetteiro de carteirinha, já acelerou em diversas pistas e noutras épocas, até mesmo na rua com seu Chevette carinhosamente apelidado de "Marrom". No decorrer dos anos o piloto e mecânico foi adquirindo experiência e conhecimento e o carro foi sendo aprimorado na mesma medida. Chegou a seu ápice no ano de 2011, quando recebeu uma preparação full race, que muitos chamariam de "força livre".


Em substituição ao motor de Chevette, o carro recebeu um C20XE de Calibra. O antigo monobloco de rua recebeu gaiola de proteção, suspensão de competição, eixo traseiro encurtado e pneus drag de 10 polegadas de largura na traseira, tornando-se um legítimo carro de arrancadas.


A mudança no rendimento e comportamento do carro foi grande e Elly teve de se readaptar na pilotagem do Marrom. Mas quando estava pegando o jeito, um acidente interrompeu a evolução do Chevette: Por conta de uma quebra no volante do motor o carro perdeu os freios e a direção e acabou capotando no barranco de Tarumã. Como se não fosse o bastante, ainda pegou fogo e com isso o monobloco virou sucata.



Por sorte Elly não se feriu gravemente no acidente, mas os prejuízos materiais foram consideráveis. Poucos realmente entendem o que vou escrever agora, mas lá vai, assim mesmo: O pior provavelmente foi ver seu Chevette velho de guerra acabado e sem possibilidade de recuperação. Palavras do próprio Elly: "Foram anos de arrancadas com esse carro e a perda me trouxe grande tristeza, pois já era quase um membro da família".


O querido Chevette acabou virando uma churrasqueira, mas após algum tempo Elly e sua equipe reapareceram na cena com um novo carro: Uma Marajó com o motor do antigo, com uma preparação bastante semelhante. E no vidro lateral traseiro, um adesivo bem humorado com flechas apontando para o teto e os seguintes dizeres: "este lado para cima".


Elly estava de volta às pistas com um carro tão bom ou até melhor que o anterior. E agora a evolução continuaria o seu caminho: Com cuidado redobrado, o piloto retomou os pegas, agora com pressão de turbo mais baixa, para "pegar o jeito" da Maroca, apelido carinhoso dado ao novo carro.

Por várias noites vi a Marajó e sua equipe treinando no Racha Tarumã. A cada arrancada Elly ganhava confiança e os tempos começavam a baixar. Tudo como tem de ser. Era hora de aumentar a pressão de turbo e liberar os cavalos do poderoso GM 16V. Logo na primeira puxada qualquer um já podia ver a diferença: A Marajó pulava para frente com muito mais fúria, mostrando que tinha máquina para competir.

Então, no último treino antes da prova o destino atacou novamente: A força do motor torceu o eixo cardã de Blazer V6. Os cacos do eixo voaram pela pista, arrebentando a carcaça da caixa e o bloco do motor. Ainda tiveram impulso suficiente para atingir o outro carro na pista, bem no meio do para-brisas. Por sorte o vidro laminado absorveu o impacto e o outro piloto não se feriu.


Faltando 7 dias para a prova o carro não tinha mais motor, caixa de câmbio e nem eixo de transmissão. Elly não é feito de dinheiro e tudo parecia acabado. Foi aí que entrou em cena o Raul, amigo e companheiro de equipe, proprietário da oficina Raul Car. O grupo abaixou a cabeça e trabalhou, desmontando tudo, soldando as peças quebradas e refazendo o carro em tempo recorde.

Para as peças que não puderam ser consertadas, Elly quebrou o cofrinho e segundo ele próprio "raspou as contas no banco". O resultado foi que no domingo da corrida lá estava a equipe, a Marajó e o piloto, prontos para a briga.

Competindo contra outros 130 carros, Elly conseguiu classificar a Marajó em 19o, com o tempo de pista de 8,6 em 250 metros. Conseguiu a 4a vaga no SUPER16.

Rodada após rodada foi vencendo as eliminatórias e avançando na chave, até a final, que disputou contra o Ricardo "FINOLA" Muller. Finola consegue largar na frente, mas Elly está calmo e confiante que seu motor turbinado é capaz de tirar a diferença. Quando engata a terceira marcha o carro sai de lado, mas Elly segura a pequena wagon em linha reta e garante a vitória com apenas 0,136 segundos de vantagem.






Na hora da premiação, Elly deixou transparecer as emoções, típica atitude de quem trabalhou muito para chegar ao sucesso e ao lugar mais alto do pódio. E essa vitória reflete a participação de um piloto determinado que superou inúmeras dificuldades para poder participar da prova com um carro competitivo.


Esse tipo de atitude é o que faz um esporte ser grande, pois a arrancada não vive de carros maravilhosos que só entram na pista quando tem tudo em perfeitas condições, para bater um recorde absurdo ou arrebentar o carro no muro tentando.


Para termos boas competições de arrancada, em primeiro lugar precisamos os carros constantemente na pista e os pilotos comprometidos com as vitórias, que não são construídas apenas nas 5 puxadas da eliminatória de 16 carros, mas sim em todos os dias na oficina construindo e aperfeiçoando a máquina. Todos os dias de treino na pista treinando e refinando o acerto. Todas as noites em que os pilotos passam em claro sonhando com aquilo que planejam realizar.

E o Elly é o perfeito exemplo de um piloto que evolui através da constante participação nas provas. É de mais pilotos como ele que a arrancada precisa.



Um comentário:

  1. Pow, gaúcho, o dono do blog é seu parente, né??
    Ahuahuahua, zoeira, parabéns pela persistência!!

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