domingo, 31 de maio de 2009
MORAL DE CUECAS (O preço da inveja)
sábado, 30 de maio de 2009
Arrancada é racha?
É mais do que claro que a arrancada precisa passar por uma reforma total, para que possa se adequar a nova dimensão que os grandes organizadores que estão entrando no jogo querem imprimir ao esporte. Grandes dragways com estrutura de primeiro mundo requerem uma atendência de público condizente com o investimento dos organizadores e as inscrições de pilotos representam tão pouco nesse contexto, que já se tornaram uma renda não só dispensável, como muitas vezes efetivamente franqueada. A chave é o público: Sem ele, não há viabilidade comercial.
A discussão agora é: Que modelo será adotado para que se chegue ao sucesso da arrancada como esporte em franco crescimento? Carros correndo solitários em busca de um recorde, com apresentações bombásticas no bom e no mau sentido, ou pilotos imbuídos da firme determinação de levarem suas máquinas intactas até a última disputa, derrubando a cada etapa adversários que muitas vezes são mais poderosos que eles mesmos e erguendo-se ao final como grandes vencedores?
Com quem o público irá se identificar mais?
O irônico dessa discussão é que a cultura da arrancada amadora é apenas uma volta às raízes mais profundas do esporte, que remetem a um tempo em que não existia cronometragem ou recordes. Existiam apenas as rivalidades entre pessoas, oficinas, marcas... E essas diferenças eram resolvidas em ruas, estradas, aeroportos, desertos e, quando passaram a existir, pistas próprias para esse fim.
E então vem a chocante revelação, que a maioria dos representantes do pensamento quadrado e convencional tenta varrer para baixo do tapete, como se pudéssemos esconder do mundo a real origem das coisas: - A arrancada nasceu dos rachas de rua!
Então racha é arrancada? Arrancada é racha? O racha suja o nome comercial da arrancada? Ou será que já chegamos a um ponto tão surreal, em que a arrancada é que suja o nome comercial do racha?
Essa discussão é deveras desgastante e embora só exista uma resposta com viabilidade comercial, talvez muitos pilotos ainda tenham os olhos e a mente voltados exclusivamente para um passado mais recente, onde a arrancada era uma mera diversão de pessoas que costumavam impressionar mais pelo equipamento importado do que pelos resultados em si e que não se contentavam sem receber os "mimos" dos organizadores.
O triste é que talvez ainda existam tantos representantes dessa cultura decadente, que seja impossível implementar a mudança, adiando, ainda que apenas um pouco mais, um futuro que não pode ser evitado. Criando desse modo uma "idade das trevas" da arrancada, onde existem todos os elementos para o sucesso, mas que por ignorância ou falha mútua das partes, jamais se combinam, criando um fracasso que pode até ter uma data para acabar, mas, guardadas as devidas proporções, cujas consequências podem ser tão nefastas como as agruras da própria idade média.
E não, arrancada não é de maneira alguma racha de rua. Pessoas correndo como loucas por entre carros, motos e pedestres não estão praticando esporte, do mesmo modo que bruta-montes e criadores de tumulto de plantão não estão praticando esporte ao espancarem pessoas nas festas ou em brigas de trânsito.
Racha é crime, do mesmo modo que agressão é crime. E arrancada é esporte, do mesmo modo que boxe ou jiu-jitsu são esportes. Não se trata de fazer baderna nas ruas, isso está pra lá de fora de cogitação. O esporte é uma atividade que tem por objetivo despertar nas pessoas os valores da ética, da responsabilidade, do civismo e da educação. O principal papel social do esporte é representar justamente uma alternativa àqueles que em algum momento se desviaram do caminho da harmonia com os outros integrantes da sociedade.
Não, arrancada não é racha. A arrancada forma esportistas e o esporte forma melhores cidadãos. É algo mais elaborado, mais complexo e até mais excitante. Mas desde que não perca a ligação com suas raízes ao ponto de tornar sua dinâmica totalmente incompatível com a sua essência.
E não esqueçam:
Race the strip, not the street!
quarta-feira, 27 de maio de 2009
St. Louis All Stars: Abolindo regras em busca da arrancada que funciona.
Mas ainda assim, ou quem sabe justamente por isso, o esporte precisa ser comercial para dar certo e essa é uma preocupação constante: Cada dragway precisa encontrar seu público alvo e decidir o tipo de espetáculo que vai apresentar, com o objetivo de encher suas arquibancadas. Assim, cada pista trabalha com as possibilidades viáveis no sue próprio caso, levando em conta o número de carros e pilotos em sua área, ou a possibilidade de atrair pilotos de outras regiões, em função dos calendários das ligas e associações e também os custos envolvidos.
Enquanto algumas dragways americanas experimentam recordes históricos de presença de público, especialmente as que firmam parcerias com a ADRL, que recentemente atraiu mais de 70 mil pessoas, outras precisam lançar mão de outros recursos para manter uma atividade comercial viável, o que de certa forma, é idêntico ao problema que assola as grandes dragways brasileiras, em específico o Velopark.
Foi então que a dragway de St. Louis criou um evento que deverá parecer muito familar a quem corre aqui no sul. Leiam alguns trechos da reportegem retirada do site http://www.dragracingonline.com/:
"Outlaw ALLSTARS:
O programa de bracket racing da pista, apesar de atrair mais de 200 carros por evento, já tinha sido rejeitado pelo proprietário da pista (Dover Entertainment), devido a total falta de interesse dos espectadores. Seu semanal Street Car Shootout Series, que se acredita ser a única eliminatória semanal de dezesseis carros de carros que arrancam "heads up" ou lado a lado, com pneus de rua, vastamente ultrapassava as corridas de bracket e outros eventos da pista, na questão da presença de espectadores sendo considerado a "galinha dos ovos de ouro" da pista.
Ainda assim, algo precisava ser feito para atrair os fãs de corridas de uma forma consistente. Com poucos recursos para trabalhar no lançamento de um conceito, organizar uma competição de Pro Modifieds, dragsters nitro nostalgia, ou mesmo um par de jet dragsters estava fora de questão. O programa teria de ser um investimento barato, não só para a pista, mas para os potenciais espectadores e dos participantes. Com a ajuda do GIR Drag Racing, gerente Rich Schaefer e vários consultores, a equipe optou por uma ideia que é tão antiga quanto o esporte em si.
A decisão foi simplesmente investir na comunidade para ambas as questões: Apelo aos pilotos e aos fãs. Como na maior parte do país, a área de St. Louis tinha visto uma mudança na direção de bracket racing para heads-up e os concorrentes simplesmente queriam um lugar para correr. Havia definitivamente qualidade e quantidade de carros suficiente para fazer um show e não seria preciso duzentas inscrições para dar certo. De fato, a idéia era apresentar um espetáculo verdadeiramente orientado para o espectador, no qual corridas por mata-mata poderiam ser completadas (salvo imprevistos catástroficos), em duas horas e meia.
Embora a GIR pudesse adotar as normas de qualquer uma das dezenas associações existentes, rapidamente se tornou evidente que qualquer regulamentação imposta iria causar o problema de que muitos potenciais pilotos teriam que gastar dinheiro para estar em conformidade com essas regras, enquanto outros poderiam ser excluídos do programa antes mesmo de sequer se inscreverem. A solução? Nenhuma regra... Bem, quase nenhuma.
Foram estabelecidas as seguintes categorias:
Super Street Eliminator: Pneus até 10,5 polegadas de largura.
Drag Radial: Qualquer pneu aprovado pelo DOT, com no máximo 13 polegadas de largura.
Outlaw Eliminator (apenas 201 metros): "Corra com o que você trouxer. Ponto final."
E além disso, uma novidade: 4 classes de tempo, de 10 a 14 segundos, (Alguém aí lembra das regras da Associação Desafio?!)
Conforme o livro da American Hot Rod Association, foi adotada uma "regra de quebra": Se o vencedor de qualquer rodada do mata-mata não fosse capaz de voltar, o perdedor daquela rodada voltaria a competição em seu lugar. O objetivo era dar aos fãs uma competição sempre entre um UM PAR de carros a descer a pista.
Houve premiação em dinheiro proporcional às categorias para os participantes e diversos carros de competição apareceram, inclusive tendo sido batido o recorde de velocidade da pista por Cody Barklage, pilotando o Firebird 67 patrocinado pela Lucas Oil, numa brilhante passada de 3.84 segundos a 198.79 mph (317 km/h) nos 201 metros.
O verdadeiro sucesso do evento no entanto, foi medido pela satisfação de todos aqueles que participaram. Durante todo o evento (e, sobretudo, na sua conclusão), não houve reclamações sobre regras de procedimento, ou mesmo premiação. Na verdade, não houve queixa nenhuma. Em vez disso, praticamente todos os fãs ou pilotos simplesmente disseram: "Nos divertimos muito! Quando é o próximo?"
Isso tudo mostra que em qualquer lugar, até mesmo na terra da arrancada, os próprios organizadores e donos de pista também buscam a viabilidade do esporte, baseados em contingências muito particulares, que variam de pista para pista. E que nem sempre o espetáculo mais caro ou com os carros mais famosos é o que vai obter mais sucesso e viabilidade financeira.
Além da falta de carros, existe também o problema do custo de certas competições e da inércia das próprias entidades reguladoras, que muitas vezes levam séculos para perceber que o show que oferecem, não é mais bem recebido pelo público.
A lição que fica é o simples: Cada lugar é um lugar, mas em qualquer um deles, o público quer ver "grid cheio", competição verdadeira e carros arrancando lado a lado no sistema de eliminatórias. E as classes de tempo da AD... Bem, agora elas estão sendo adotadas também no primeiro mundo!
Apesar da cultura de cópia generalizada de tudo que vem dos EUA, às vezes pode ser interessante valorizar a "prata da casa", assim como fez o Velopark dando espaço para a Associação Desafio. Ponto para a AD, ponto para o VP e ponto para a arrancada amadora!
terça-feira, 26 de maio de 2009
O Monstro!
Galera, aqui vai mais um dos textos do blog http://www.corujadobox.blogspot.com/. Ele fala um pouco sobre o grande potencial da arrancada amadora e de seu despertar em todo o país. Tomei apenas a liberdade de trocar o monstrinho simpático do Coruja pelo famoso ícone-monstro dos anos 60, Rat Fink.
Rat Fink é a criação mais conhecida do artista e engenheiro mecânico Ed “Big Daddy” Roth. Figura chave na "Kustom Kulture" que transformou a Califórnia na meca dos hot-rods e outros veículos motorizados durante os anos 60, Roth ficou famoso tanto como designer de veículos personalizados quanto como criador de monstros ao mesmo tempo grotescos e simpáticos.
A Kustom Kulture nasceu na Califórnia no final dos anos 50 e sua influência passa por toda a cultura pop: dos carrões envenenados do hip-hop às canções adolescentes dos Beach Boys, a Kustom Kulture ajudou a construir o imaginário jovem contemporâneo.
Ícone da contracultura, Rat Fink é um símbolo eterno da livre expressão, uma válvula através da qual crianças e eternos adolescentes podem extravasar sua insatisfação com a caretice vigente.
Carros envenenados e monstros irados na contramão da caretice. Tudo isso tem muito a ver com o pessoal dos carros de rua se libertando das regras retrógradas das competições atuais e resgatando o espírito, a combatividade e a verdadeira essência das primeiras arrancadas, que nada mais eram do que rachas na ruas, estradas, aeroportos e desertos. O que esse pessoal está mostrando, é que não é necessário ser retrógrado, careta e inviável para participar de uma competição de arrancadas dentro de uma dragway.
Nos dias de hoje o cenário mudou, mas o espírito continua o mesmo!
Clique aqui para ler "O monstro".
Leia também mais sobre: Rat Fink, Kustom Kulture e Big Daddy Roth.
sábado, 23 de maio de 2009
Mata-mata?
O tema principal foi o mata-mata, ou corrida com eliminatórias, na qual o piloto precisa alinhar contra um adversário e vencer a puxada, independentemente do seu desempenho até aquele momento dentro da competição. É mais ou menos como a Copa do Brasil, onde os times vão se enfrentando e o vencedor elimina o perdedor para poder seguir adiante na competição.
Esse é o sistema que o Velopark adotou e teve a coragem de manter, por acreditar ser o único caminho para o crescimento do esporte. Mas o Velopark não foi o único a pensar dessa forma no início da temporada de 2009. Antes do começo das provas, os principais organizadores se reuniram para criar um regulamento unificado, inclusive determinando que todas os organizadores deveriam adotar o sistema de mata-mata.
Entretanto essa inciativa também já nasceu furada, pois os dois principais organizadores, de Curitiba e Piracicaba roeram a corda logo no início. Aconteceram também reuniões de pilotos em outros estados, que pressionaram os organizadores a desistir do sistema de eliminatórias, mantendo o sistema antigo. E eles cederam.
É interessante, para que o leitor compreenda, que expliquemos como funciona o sistema convencional adotado pelos outros organizadores: Cada piloto tem um número predeterminado de passadas para dar na pista. Cada passada é encarada como uma oportunidade de melhorar seu tempo. Ao final da competição, que pode durar dois dias, o piloto que tiver conseguido o tempo mais baixo em qualquer uma das puxadas, independentemente do dia, sai vencedor.
Essa metodologia tem diversas consequências danosas ao esporte e ao espetáculo: É possível que uma equipe vá para a pista e faça um bom tempo no sábado, quebre o carro logo na primeira passada e mesmo assim saia vencedora da competição se nenhum carro conseguir baixar esse tempo. Nada pode ser mais confuso para um espectador que veio assistir a prova no domingo, do que ao final do dia ver no alto do pódio um piloto que nem estava participando da competição naquele dia.
Ao valorizar apenas a puxada mais rápida, qualquer tentativa de arrancada que não sair perfeita logo do início em geral é abortada, pois representa apenas desgaste ao equipamento e não terá nenhum valor, mesmo se ficar apenas um centésimo de segundo acima do melhor tempo do piloto até aquele momento.
O piloto que percebe que seu tempo é de alguma forma imbatível, seja por causa da baixa qualidade dos oponentes, pela ausência de oponentes ou mesmo pela mudança das condições atmosféricas (chuva por exemplo), sabe automaticamente que tem a vitória no bolso e não precisa mais acelerar e arriscar a quebra de seu equipamento (que é propenso a quebras em função do próprio sistema que só valoriza a velocidade e não a constância) e muitas vezes nem sequer volta para a pista.
Mas talvez o pior dos problemas seja que com esse sistema só é preciso uma pista! Afinal, mesmo com os carros arrancando lado a lado, a corrida em si é apenas figuração, pois chegar na frente na puxada não tem valor algum, só o que vale é o melhor tempo.
É como abolir a corrida principal e dar a vitória para o melhor do treino classificatório. Mas se não há corrida, o que o espectador vai pagar para assistir? É um sistema que só tem apelo para aqueles que estão envolvidos nele a tal ponto, que deixaram de enxergar o espetáculo extremamente entediante que estão protagonizando para aqueles que vieram assistir uma corrida de carros.
Todos esses elementos juntos resultam em competições onde simplesmente não há o que assistir, exceto carros acelerando sozinhos como loucos. Não existe disputa, não existe vitória, não existe derrota. Se der errado, volta-se para o box e se espera a vez para mais uma tentativa de quebrar o recorde.
O piloto da categoria FLD, Luciano Nichetti, defendeu esse sistema alegando que essa é a dinâmica do esporte. Respeito muito esse piloto, seus resultados e também suas opiniões, mas infelizmente não posso concordar com essa. A dinâmica a que ele se refere, é a DESSE TIPO de arrancada, que como disse acertadamente na reunião Jhonny Bonilla, só existe no Brasil. A dinâmica da arrancada nada tem a ver com regulamentos ou categorias. A verdadeira dinâmica da arrancada é originária da pura e simples disputa entre dois carros em um determinado trecho de pista, muito antes mesmo de sequer ser inventado o sistema de cronometragem. A dinâmica da arrancada é: Dois carros arrancam, um vence e um perde.
Pura e simplesmente. Todo o resto são apenas convenções, aceitas por uns e recusadas por outros.
Porém, a implantação do mata-mata nas provas também não resultou em uma competição emocionante. Os pilotos fazem muitas alegações vazias, apenas no afã de manter o sistema com o qual estão acostumados, mas eventualmente eles fazem observações válidas. Uma delas, é que em caso de um rendimento inferior do adversário, o piloto percebe a falha e não precisa mais acelerar, protagonizando assim os dois, uma arrancada sem emoção. Percebem também corretamente, que ocorrem muitas quebras, queimas e falhas, e que com o pequeno número de carros em cada categoria, a competição pode muito bem acabar antes mesmo de começar, devido a esses percalços dos pilotos e das equipes.
E culpam o mata-mata por isso. Contudo, sejamos sinceros: Não seria isso culpa mais uma vez, dos próprios pilotos e preparadores?
Quem aí já assistiu uma partida de boliche profissional? Bem, para quem não sabe, bons jogadores não ficam felizes quando fazem um strike. É a obrigação deles fazer vários em sequência e aquele que primeiro perder a concentração ou o controle dos nervos vai perder um pino. E seu adversário não vai. Aí é que ele perde.
Então pilotos e preparadores constróem carros incapazes de dar 4 ou 5 puxadas em sequência sem uma quebra, os famosos carros-bomba. E aí por conta de suas próprias incapacidades, culpam o sistema? Me disseram esses dias que eu com a "minha mentalidade", queria transformar a arrancada em endurance...
Endurance...
Endurance?! Por favor!
Cinco passadas de 402 metros sem quebras agora é algum tipo de recorde de resistência? Já há vinte e cinco anos atrás os carros de fórmula 1 utilizavam motores de 1500 cc, turbocomprimidos com mais de 1000 cv, 4,5 bar de pressão e com esses motores faziam uma corrida inteira com o pé na lata! São quase 200 km por corrida e um carro de arrancada com toda a tecnologia de hoje não pode percorrer sequer um centésimo disso?
Carros de rua vão para a pista em eventos Open hoje em dia e fazem dez, quinze passadas acima de 200 por hora... E os carros de corrida não podem?
Gente, a regra é essa: Não interessa quem faz o melhor tempo ou o rééééécorde com seu carro-bomba. O que vale é estar na pista na hora da final, arrancar e vencer. E se fosse fácil, já estava todo mundo fazendo, ao invés de passar o dia quebrando! Se todos os pilotos fizerem isso, a emoção já vai aumentar.
Entretanto ainda resta outro problema grave: O número de carros por categoria. Nunca vai acontecer uma prova emocionante quando só dois ou três carros disputam a vitória. O número de carros inscritos numa prova de arrancada não é pequeno, fica sempre perto dos cem carros. Mas eles não arrancam entre si, esse é o problema. E como vamos resolver isso?
Vamos quem? Cara pálida!
Pra mim já chega de polêmica por hoje!
sexta-feira, 22 de maio de 2009
É bomba!
E o mais impressionante foi a ingênua resposta dos pilotos e preparadores:
Finalmente aquela declaração me deu a dimensão real do abismo que existe entre a mentalidade vigente na arrancada e o sucesso do esporte: Imenso. O abismo é simplesmente imenso.
Não é o carro que ganha, é o PILOTO. Ao retirar toda a responsabilidade das costas do píloto, a arrancada de hoje coloca todo o valor em cima do carro e ao mesmo tempo retira todo o apelo popular do esporte.
Dedicação, talento, raça, superação, honra... FORÇA!
Emoção!
Vitória, derrota... Choro: De raiva, de tristeza, de felicidade...
Respeito ao público. Show, espetáculo!
No final do dia, só restará o melhor. E esse será o ídolo.
Pilotos, preparadores, fãs... Vamos crescer através da autocrítica!
O Mixunga
Ele pode entrar na sua empresa apenas para dar uma "olhadinha" e acabar "te alugando" a tarde inteira.
Se você tem preto, ele queria branco,
domingo, 10 de maio de 2009
Ele é Desafio!
Mas entrar para o grupo da AD não significa necessariamente que você tenha que participar das provas do campeonato da AD, ou do TOP16. A AD é um movimento cultural que vem mudando a cara da arrancada através da mudança de mentalidade de seus membros. Ser AD significa compartilhar algumas idéias e conceitos diferentes dos tradicionais. Ser Desafio é fazer parte de um grupo que tem uma visão alternativa do futuro da arrancada.
Por isso, hoje trago uma postagem que é um relato de um cara chamado Flavio Vigna, que apesar de ser um membro do grupo, reside na região da fronteira do RS com a Argentina, o que traz algumas dificuldades para que ele participe de todas as provas da AD com seu Honda CRX nitro.
Flavinho resolveu participar de uma prova de arrancada em São Luiz Gonzaga, organizada pelo tradicional sistema de categorias. Seu objetivo era levar para a pista a rivalidade que existia entre ele e alguns amigos, mas apesar da paridade entre os carros, o sistema de categorias impediu-os de arrancarem juntos.
O texto, além da aventura de Flavinho, traz uma surpresa interessante no final. Confiram!
Na véspera de natal fui avisado por um conhecido que em São Luiz Gonzaga, ciadade vizinha à minha São Borja seria inaugurado o asfaltamento de uma pista de arrancada, 201m (por aqui quase só tem arrancadão na terra, veloterra de motos etc). Procurei informações e descobri que teria cronometragem oficial do Jaime Kopp. Marcada para o domingo entre o natal e o ano novo, a notícia mecheu com todo mundo que é envolvido com carros por aqui. No sabado à noite fui "intimado" por dois concorrentes fortes, um tem um Audi S3 e outro uma Silverado que não é brincadeira (o pessoal da Sprint já me ouviu falar muito dela...) E eu nem sabia se poderia correr, afinal tenho passado por incontáveis problemas com meu carro.
Já estava conformado que não ia participar porém acordei involuntáriamente pelas 10 da manhã de domingo e perdi o sono, mesmo numa mega ressaca. Respirei fundo e liguei pro pessoal da organização, afinal não sabia valores muito menos "em que categoria meu carro se enquadrava". Recebi como resposta um "vem pra cá que a gente dá um jeito" e um aviso que os treinos encerravam ao meio dia. Nesso momento, já agitado, tomei um banho rápido e fui arrumar o que precisava no carro (óleo, nitro, ferramentas, pneu e roda reserva...) Sendo 100km de distância, calculava coisa de uma hora de viagem, porêm tive que parar várias vezes até descobrir que uma porca de roda TRASEIRA estava solta (incrível, já não bastava o problema dos cubos dianteiros).
Chegando na pista, consigo ver outra silverado virando 10,5 num treino enquanto me inscrevia. Pensei comigo "se eu tenho um 10,5 em SCS e 10,3 no Velopark sem nitro, vai ser tranquilo por aqui." Segue o vídeo da silverado treinando:
Subo para a pista, arrumo um capacete emprestado e faço a minha passada de treino sem nitro para ter referência. Durante a arrancada, ainda de pneus cheios, descubro que a pista é em subida, e o trecho de frenagem, curtíssimo, em descida. Na volta descubro que fiz um péssimo 10,9, com 60 pés de 2,7. E comecei a ficar com medo de tomar ferro das Diesel, afinal meu pior 60 pés até então não entrava na casa de 2,6.
Fui inscrito na categoria Forca Livre, não pude participar da Desafio Turbo "porquê o carro é nitro e não turbo", ou seja, o pega com o S3 não aconteceria, só teria os tempos para comparar e carros bem mais fortes para alinhar comigo. Enquanto iam passando as categorias, descobri que só daqui da minha cidade tinham três Silverado inscritas, uma S10 além do Audi e de mim. E muita gente daqui assistindo que também poderia participar. Entre os treinos e o evento vem a chuva... Decepcão geral, mas como era verão resolvemos aguardar, e em pouco tempo o céu abriu denovo. E então vem o show das camionetes enchendo a galera de fumaça enquanto percorrem a pista para secar:
Pista seca, arrancadas começam e logo vem a categoria Desafio Turbo e finalmente tenho oportunidade de ver o S3 em ação; tempos variando de 10,2 a 9,8:
Depois vem a categoria Diesel, a mais emocionante, com todas as Silverado virando entre 10,4 e 10,7 constantemente:
O tempo ia passando e meu estado de nervos aumentava e só no final do dia veio o chamado para a categoria Força Livre alinhar. Depois da decepção no treino sabia que só com nitro poderia igualar o resto do pessoal, então montei a garrafa, testei os solenóides que estavam há um bom tempo parados e fechei com a giclagem pra 50cv. Afinal não tinha mais velas frias depois do fiasco em santa cruz do sul, onde queimei uma vela de iridium no nervosismo de arrancar com o nitro. Esperando o burnout abro a garrafa, ligo a chave geral e quando estou me colocando no alinhamento ainda tenho tempo de ouvir o locutor gritar "o Honda não é bobo hein" antes de fechar os vidros. Na volta da primeira passada vejo o pessoal me fazendo o sinal de positivo. Ouço de um amigo que com o tempo feito nem deveria passar denovo, mas eu ainda não tava satisfeito... Na segunda passada não consegui melhorar o tempo, mas fiz minha melhor reação até hoje. Fiz um vídeo da minha participação:
No final do dia todo mundo surpreso com a minha reação mesmo após terem ouvido várias vezes sobre o "se vires o verde, já era" que o pomada usava de assinatura. Alguém me disse ter certeza que eu tinha queimado aquela largada. E eu feliz por saber que tinha feito um tempo quase igual ao Audi, mesmo com 60 pés de 0,3 segundos pior.
Um tempo depois, outro conhecido que estava viajando no final do ano me perguntou do arrancadão e pediu que avisasse ele no próximo, ele queria participar. O carro? BMW 335i. Final de março teria outro evento, e então fomos a São Luiz denovo. Na estrada expliquei pra ele o alinhamento, o pinheirinho... O evento começa e vendo aqueles golzinhos "gaiola" arrancando forte ele começa a ficar nervoso e roer unhas. Aplicando aquela regra dos 53% nos tempos que achei na internet eu achava que o carro poderia virar entre 8,5 e 9, mas a pista poderia comer um bom tempo como no meu caso.
Quando ele é chamado, não acerta a largada no pinheirinho de tão nervoso, os tempos ficam entre 10,2, 9,7 e 9,3... O câmbio era a grande dificuldade segundo ele, que se levantasse demais o giro o carro comecava a andar mesmo segurando no freio. O dono do S3 já havia me dito que não podia sair de giro cheio que o controle de tração cortava tudo e não vinha tempo bom. O dono da BM já tava satisfeito com o 9,3, queria deixar por isso mesmo quando foi chamado mais uma vez. Incentivamos ele a ir denovo e na volta a surpresa; 8,9. No final da reta passava a constantes 132 km/h, mais forte que a maioria dos carros do evento.
Mas o melhor ainda estava por vir. O dono do carro mais forte do evento, um fusquinha daqueles força livre também tem um Nissan 350Z. Na minha primeira participação já tinha tido contato com ele, me perguntou sobre meu carro e até me emprestou o capacete. Fomos falar com ele e provocar um desafio. Ele hesitou um pouco mas aceitou, então procurei o dono da BM, que ainda me perguntou o que eu achava. Me disseram que o 350z tem 286cv, a BMW tem 306, então respondi que achava que ganharia quem tivesse uma reação melhor. Após um momento em silêncio, também aceitou e fomos falar com a organização da prova. Nem preciso contar que a galera, que já estava indo embora voltou correndo e foi à loucura com a brincadeira que inventamos. No vídeo acabei cortando a narração dos tempos... BMW 335i 9,3s e Nissan 350Z 9,7s:
Flavinho só pôde tirar a teima com seus verdadeiros adversários através da comparação de tempos, o que tira um bom tanto da graça da brincadeira. E o pior, foi obrigado a correr contra carros muito mais potentes em uma categoria de força livre, apenas porque seu carro utilizava nitro, o que é um padrão no mínimo estapafúrdio, visto que o nitro é a preparação mais básica que existe.
Entretanto, graças à participação dele, no final houve uma disputa muito legal entre carros diferentes e rápidos, um turbo e outro aspirado, que ao chamarem o público de volta para a pista e deram-lhe uma idéia do que é a filosofia DESAFIO de fazer a arrancada entre carros diferentes, mas com resultados similares.
Parabéns Flavinho! Continue assim levando o nome da AD adiante em sua região, mas não esqueça de participar também algumas provas aqui conosco no Velopark!